sábado, 30 de agosto de 2008

Sexo glicosado e rapaduras-vibradores.

Em tempos de Julianne Moore correndo pelas DES-brasileiradas ruas da Cegueira (não há referências a São Paulo no novo Filme de Fernando Meirelles) eu completamente sem tempo. Curtindo os últimos dias de “gigolô” da CAPES, tendo aulas de Direito Administrativo (:-o zzz) e terminando a dissertação.

Mesmo assim encontrei tempo para baixar e ouvir algumas dezenas de vezes os novos cd’s do Cansei de Ser Sexy e Do Montage “I want my dealer”
(2° CD do Cansei de ser Sexy... ainda bem quenão se cansam de fazer boa música)
CSS é a comprovação de que o escandalosamente pretensioso pode ser abundantemente BOM e divertido. E que arte é arte. Não precisa ser engajada, ter função social, utilidade nem nada.
Assim como não dá para dizer que o filme “Ensaios sobre a Cegueira” se passa no Brasil também é Impossível dizer que CSS é uma “banda brasileira”. Não só pelo fato de cantarem em inglês mas porque fazem um som sem a necessidade de expressar nenhum sotaque ufanóide. Como disse Santiago Nazarian em seu Blog “É uma banda Filha da Augusta”. Desterritorializados e muito bons.

A primeira vez que ouvi o cd de estréia deles em 2004 (ou terá sido 2005? )– na casa do Ailson – não dei muita atenção. De lá pra cá vim flertando, vendo uns vídeos, ouvindo ALALA ALALA discotecada no (infelizmente) finado “NOISE 3D”, mas NUNCA tinha parado meeeeeeeeesmo para ouvir.
Desta nova empreitada da banda destaco “MOVE”. Que lembra muito, muito vagamente um cantor brega destas bandas chamado Alípio Martins misturado com Dire Straits. Coisas da minha cabeça... Gostei também da faixa de abertura “Jager Yoga”. Na verdade quase todo o CD é muito bom.

Grata surpresa e não sou só eu quem acho. Harry Potter também é fã deles: "Daniel Radcliffe, o Harry Potter dos cinemas, disse numa entrevista recente que não conhecia nada sobre o Brasil. Só fez questão de dizer “mas adoro a música do Cansei de Ser Sexy“ site popup.mus.com


(Harry Potter e cavalo de fogo albino ouvem CSS)
Já o Montage não se pode chamar de uma banda desterrada pois tem uma proposta que joga jogos de hibridação mais explícitos. Com direito a pomba-gira, OPRAH e sua ID, Fortaleza Beach (ou será BITCH?) e o plágio descarado (adorei) de “Money, success, fame, galamour” (acho que essa música toca no filme “Party Monsters”).
Tamanho sincretismo chega ao seu TOP na Frase central do Funk (?) “FLOOR, FLOOR, FLOOR”: “eat rapadura, fuck rapariga”.

(Capa do Novo CD: I trust my conterrâneo)
Fabulações sobre sexo glicosado e rapaduras-vibradores a parte, os outros destaques do novo álbuns são: Além de Hi OPRAH!; a música que dá título ao cd e “raio de fogo” (não confundir com cavalo de fogo... bem, de qualquer forma ela fala de cavalo mas das afro-regiliosidades...)

(foi quando coorrendo eu vi um cavalo defogo aliiiii)
Apesar de morar na cidade em que o antigo trio (hoje dupla do pocket show) foi formado nunca vi uma performance deles Ao Vivo. Pura conspiração dos deuses. Nunca deu certo.

Quem sabe da próxima vez que estiverem aqui vou dar uma conferida?

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Filosofia de Caminhão para entender Clarice Lispector:


“O homem não se banha no mesmo rio duas vezes. Pois nem ele nem o rio são os mesmo”. É clichê, mas é a pura verdade. A frase de Epicuro (?) formulada nas remotas colinas gregas talvez tenha sido a primeira frase de caminhão da história da humanidade. Escrita (arrisco dizer) há uns 2500 anos quando nem Leonardo Da vince nem caminhão existiam (óbvio) esta talvez seja a epígrafe de todo leitor que revisita um texto anos depois.

Salto estrondoso no tempo direto para literatura comercial norte-americana dos anos de 1980. Esta tese é apresentada por Judith Guest em seu clássico-livro-comercial-adaptado-e-vencedor-do-Oscar “Gente como a Gente” (Ordinary People 1980, Dir: Harison Ford), talvez na mais bela (e menos melodramática) passagem do livro. Por sinal seu início:

"Para se ter uma razão para levantar de manhã, é preciso possuir um princípio qualquer, acreditar em alguma coisa. Um desses dizeres que se colocam nos pára-choques dos carros servem" - "Ordinary people" By: Judith Guest pg.09

Pois bem tive pensando nessas coisas ao reler alguns textos do Caio (e você dirá que eu não sei falar de outra coisa. Mas que se há de fazer? Há de se explorar a obsessão até vencê-la por esgotamento. Meu ou dela). Ler Caio é possuir uma escola de citações. Overdose de personas e personagens desconhecidas. Aplicado, quando estou com saco, sempre anoto nomes, filmes, livros, etc. para posterior pesquisa. E eis que 2 anos depois do meu reencontro (e paixão irremediável) com/pelo escritor gaúcho releio aquela novela “Bem longe de Marienbad” (escrita e publicada inicialmente na França, 1992, acho) percebo tantas diferenças. “Será que é a mesma versão?” Me pergunto para dar um tom de estranhamento em relação ao texto já lido. Fake, desde o começo sei que é o mesmo e que também não é o mesmo, assim como sem eu sou. Agora já sei quem é Fassbinder, Já vi Querelle, Descobri o que é Kaith Jarret.
E como estou dispersivo, dispersivo, e sonolento (madrugada em claro, olho o relógio, 05:35 da manhã com orientação da dissertação marcada para as 10:00, acho que chegarei com algumas olheiras) lembro-me de mais uma reminiscência e de como o texto forma o leitor e ao mesmo tempo, tempos depois quando se revê as mesmas linhas o escrito, assim como o rio, é outro. Agora corta para meus 17 anos e a primeira vez que li Clarice:


Lembro exatamente o primeiro conto de Mrs. Lispector que mexeu comigo. Era época de vestibular. Uma quinta-feira de 2000. Sei por que era noite e neste dia da semana eu tinha aula das 14 às 21hs. Então exausto de cálculos, rizomas e anéis benzenos me dirigia à parada do ônibus (proletário!) e comecei a ler o conto “Feliz Aniversario” de “Laços de Família”. Não era por acaso. Como já falei anteriormente eu tinha uma antipatia injustificada por Clarice e só a estava lendo pelo fato daquela obra estar na lista do vestibular da UFC. Pois bem, já havia lido outros textos da coletânea, mas nada tocou tão profundo como aquela cuspida que a velha senhora aniversariante dera no chão. Nada se comprava: nem a epifania da mulher ao ver o cego mascando chicletes, nem a perversidade disfarçada de compaixão derramada em cima de “pequena flor”, nem Laura e seu copo de Leite, nem a mulher de olhar perdido no fundo do olho sem fundo do búfalo, nada disso havia me tocado tanto quanto a “saia- justa-sem-nesga” (para citar Caio F.) daquela festa de aniversário. Ok, ok, você pode argumentar que “feliz Aniversário” é o mais didático dos textos (se é que se pode adjetivar alguma coisa escrita por Clarice como didática). O fato é que aquele era o texto mais acessível. Ou para ser mais preciso é a “Clarice” certa para o Alexandre certo... naquele momento.

Não posso dizer que me tornei um fã imediato da escritora. Na verdade demoraria mais algum tempo até eu cair definitivamente nas teias misteriosas de Clarice. “O Amor” acabou caindo no vestibular da UFC. Errei todas as questões sobre ele. Mais tarde, já na universidade tentei ler o início de “perto do coração selvagem”. Dor de garganta, abandonei a leitura: o livro era peça arqueológica de mofos e ácaros. Seria apenas quando conhecesse minha querida Érica Zaitune que me seria apresentado “Água-viva – um diálogo com a vida”. Aí sim eu estava capturado pelos segredos e mistérios de Clarice.

“É felicidade diabólica”

Enfim, há oito anos li aquele “feliz aniversário”. Confesso que não voltei a vê-lo desde então. Entretanto há a certeza de que embora a velha ainda esteja lá cuspindo no chão enquanto alguns convidados se perguntam se haverá uma próxima comemoração, próximo ano... é impossível que ele [o conto] seja o mesmo.

domingo, 17 de agosto de 2008

Adoro esse texto "QUER DIZER QUE NÃO TEM PINBALL?"


Coisas limpinhas e corretinhas estão na moda, e isso é horrível. Descobri da última vez que quis jogar fliper. Foi assim: botei cinco dinheiros no balcão e pedi (com educação): “Moço, me vê dez fichas”. O sujeitinho me mediu e perguntou: “Fichas, como assim?”. Vi que ele era folgado demais para alguém tão pequeno (vááários centímetros a menos que eu), mas ainda estava calma e expliquei didaticamente: “ficha para jogar, ué não está escrito ‘games’ ali na placa?”. O puto deu uma risadinha arrogante e disse: “Não, aqui é lan house (oh merda!), você pode estar jogando no computador (depois de algumas vodcas a gente vê umas luzes e lê ‘videogame’ e já acha que é fliperama, quem vai pensar que é uma dessas putices de lan house) e blablabla”. Comecei a pensar, o mundo está perdido mesmo. Alguém me explica qual é a graça de 1) pagar caro (o fliper custa 50 cents); 2) jogar sentado (no fliper,a graça sempre foi chutar a máquina, ou melhor; foder a máquina).

Maldita assepsia do ocidental moderno. Tudo tem que ser limpinho e controlado, sem erro, sem riscos. Resultado? Comida sem gosto, carne de plástico, gente de plástico, rock de mentirinha, raciocínios rasos, óbvios e livres de contradições, tudo bem bonitinho, confortável e feliz, pronto para ser comprado. No alarms and no surprises. Mas se não há possibilidade de erro, não há necessidade de enfrentar novas soluções, logo não há criatividade.Vida longas ás coisas sujas, complicadas, às paixões descontroladas, às contradições, aos problemas e a tudo o que for imprevisível. Humanidade imprevisível e não maquinalmente planejada. Nada de sistematizar a vida, pensando como máquinas. Máquinas (de pinball, pelo menos) servem pra gente chutar num jogo exaltado, e ponto final.


Ana Pands
(Revista MTV, Nº 45, fevereiro de 2005)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Felicidade Clandestina


Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
Clarice Lispector. In: "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Meus dragões ou “Os morangos estão maduros”


“Tenho um dragão que mora comigo. Não isso não é verdade. Não tenho um dragão. E ainda que tivesse ele não moraria comigo nem com ninguém”. – Caio Fernando Abreu.

Pois bem. Cedi e finalmente adquiri meu “Os dragões não conhecem o paraíso” do Caio. Falo que cedi porque há muito vinha flertando com a publicação dele [dos dragões] na íntegra pela Agir dentro da coletânea “Caio 3D: o melhor da década de 1980”. Resisti porque queria a formatação original. Ou será que na verdade isso era apenas uma desculpa para fugir dos “dragões” assim como a menina-personagem do conto “Felicidade Clandestina” da Clarice fugia das “Reinações de Narizinho”?

Li/ vivi os contos de “Os dragões” aos frangalhos. Primeiro veio a revolucionária encenação de “Dama da noite” que me re-apresentou ao escritor gaúcho. Vi, re-vi, Trans-vi a peça umas 10 vezes e só sosseguei quando consegui levá-la para ser encenada na UECE com o maravilhoso Silvéro Pereira dirigindo e atuando no monólogo. Depois encontrei (sem procurar) “Linda – uma história horrível” na coletânea “Os melhores contos brasileiros do Século. XX”. Veio então a busca na net. Além destes encontrei, sem esforço, outros maravilhosos como: Sem Ana, Blues; Mel e Girassol; além do texto que dá título ao livro. Fechando o que eu supunha ser este primeiro time, numa sexta-feira de trevas deliciei-me com a encenação de “Sapatinhos vermelhos”.

(Cena da peça "Uma Flor de Dama" Baseada no conto "Dama da Noite" de Caio F. Interpretada por Silvéro Pereira na Universidade Estadual do Ceará)


E quando achava que já havia lido tudo de interessante de Caio F. eis que compro “os dragões” que achei perdido num sebo. Edição da Cia. das letras. Caríssimo. Mas levei. Em casa procurei algum conto que não tinha ainda lindo mas sem esperança de encontrar algum texto a altura destes que já nomeei como os do 1° escalão.

Ledo engano: “QUE SAUDADES DE AUDREY HEPBURN”, conto nº 5 mostrou que Caio ainda pode me surpreender. Há mais ou menos um ano (desde a leitura de Dulce Veiga) não lia algo tão... Caio F. Certo que ganhei o popíssimo “ovo apunhalado” (de todos o que menos gostei) na comemoração dos dois meses de namoro, dediquei-me ao embrionário “Limite Branco” na virada do ano 2007-2008 e ainda tive um revival com “os melhores contos de C.F.A.” ganhos no aniversário de 25 anos. Mas, salvo o conto “Aconteceu na praça XV” nenhum destes livros que havia lido no “pós-Dulce Veiga” tinha acrescentado tamanho êxtase (BLISS). Transcrevo um trechinho por que esse post já está ficando longo demais. Desisto. Depois eu volto. Prometo.
Voltei mas para dizer que “Dragões” não é o livro de Caio que ficará para posteridade, mas sem é o mais bem escrito, ou como disse um entrevistador por ocasião do lançamento da obra em 1988:
“Os morangos estão maduros”.

Um espetáculo ronda a cidade...

Vivo na TERRA DO HUMOR que também é a terra onde mais se mata MULHERES em todo o Brasil.

Este mesmo estado possui uma política midiática de segurança pública. Aqui segurança virou espetáculo. Os relatos de punição pública feitos por Foucault em “Vigiar e Punir” não chegam a perder mas é impossível não lhes associar. A política tem nome e se chama Ronda do Quarteirão. Uma espécie de policiamento comunitário.
Corta para minha rua:
Externa/noite: estava eu tranquilamente voltando para casa minha casa, doido para não perder o começo da Tela Quente quando eis que passou por mim, correndo, um homem (aproximadamente 35 anos) com uma foice, sim você entendeu o que eu disse: uma foice em punho e aos berros dizendo que iria matar a mulher. Dramático mas realista, posso dizer que senti até o vento do objeto cortante passar por mim. Dramático mas menos realista, recordei da cena onde Louis Du Pont de Lac /Brad Pitt (no pós-assassinato de sua vampirinha amante, Cláudia/Kristen Dunst) “re-mata”, também com uma foice, toda sorte de “imortal” em “Entrevista com o Vampiro” (1994, direção: Neil Jordan, adaptação do livro homônimo de Anne Rice).
Cinema a parte, o rapaz já ia alguns metros à minha frente quando vi a multidão correndo atrás. Em busca do espetáculo. Entrei em casa não sem antes ouvir o homem jogar toda sua fúria em um telefone público. Menos mal, poderia ser a conjugue.
Minutos depois chega a viatura do ronda. Uma Hilux prata (aliás todas são assim). Com aquele constrangedor megafone externo que só pára para revistar pobre. “Encosta na parede”.
Serviço feito, o quase-agressor já se encontrava docilmente acuado em seu domicílio. Fora salva a vida da moça. Mas não sem antes o espetáculo da chegada, uivos, palmas, vivas, hip hipo uhas!!!!!, E a multidão ao redor querendo mais, querendo sangue, prisões, espancamentos e a presença de Marilena Lima juntamente com outras equipes de programas policiais para registrarem tudo. Não aconteceu, os “populares” não estarão na TV amanhã dando suas versões para os fatos. Como na música, sem pressa foi cada um pro seu lado pensando numa mulher ou num time. Mas também lamentando, gargalhando, insatisfeitos e sempre atentos. Quem sabe da próxima vez?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

80's Party

Passado o fim de semana. Há de se juntar os cacos e seguir em frente. Cacos de cansaços mesmo. Nítidos. Não tenho mais aqueeeeeeeeeele pique que me permitia varar uma quinta à noite e chegar sexta pela manhã inteiro no estágio (veja que ainda era época de estágio).

Escolho um causo. Conto:
Último fim de semana. Sábado. Interna/madrugada. Local: Music Box (o semi-pub mais descolado de Fortal pós-fechamento-do-Noise3d). Discotencando, dentre outros: Guga de Castro. É festa anos 80 (!) Não os 80’s de Menudo, Sara Jane, Balão Mágico e Cavalo de Fogo (que eu até curto... mas já deu o que tinha que dar né?). Era a outra face da década de economia e pessoas perdidas. E não me olhe com esta cara. Eu estava apenas nas fraudas (ou saindo delas). Eram os 80’s de THE CURE, ERASURE, R.E.M, PET SHOP BOYS, etc., etc. Todo o ritual completo: Tequila pré, Beijar boca durante, pseudo-troca de telefones depois (pra quê eu não sei). Mas não quero falar dessas trivialidades. O que me chamou a atenção foi a discotecagem de duas músicas. Que a minha semi-consciência permitiu captar.

Contextualização: Na entrada recebemos (sim no plural, porque fui com quatro amigos . Alguns sem ver há tempos, eu sumido, stanger recluso) um apito para vetar as músicas gongáveis e gongantes. A noite iniciou-se com o Funk carioca bem anos 90’s, pra ser preciso (porque a memória é phoda para essas coisas) 1994: “eu só quero é ser feliz...” Apitei imediatamente com metade da casa. A outra metade permaneceu curtindo a música. Nada contra. Mas não era para ser uma festa 80’s? E com um moralismo disfarçado o DJ projetou o preconceito dele chamado os “APIANTES” de racista, blá blá,blá. Me poupe daquela Síndrome de pequena-burguesia. Desencargo/lavagem de consciência como retratou Sérgio Bianch em seu indispensável “Quanto vale eu é por quilo?”. Cazuza (que adoro) no pior momento: “sou rico mas eu sou artista e também cheiro mal. Estou do lado do povo”. Me poupe [sem exclamação, notem].
Lá, no meio do Funk, do dance floor me vem à mente duas imagens. Uma foto e uma citação. Primeiro o anúncio Clavin Klein com o modelo Djimon Hounsou:

Segundo, uma citação que completa a imagem:
Houve a total reversão da visibilidade do corpo masculino negro, em que algumas imagens [ou músicas] do homem negro se deslocam notavelmente do gueto das drogas para as capas das revistas de moda [ou pistas de dança burguesas], enquanto seus corpos verdadeiros permanecem basicamente onde sempre estiveram [um número excessivo deles na cadeia].(*)

Ponte aérea das favelas cariocas para a pista de dança. Mas não, não havia nenhum negro naquela noite, no Music Box. E sim, eu já andei pelo mundo vendo doer a fome dos meninos [sempre negros] que têm fome. Ao vivo, imoral, escandalosa.

A outra perplexidade: Marina (ícone 80’s, musa das pistas) gongada do início ao final da música. O DJ, neste caso, sábio ao tratar do que ele realmente entende, insistiu e levou a dançante cantora carioca até o final, ora mais que absurdo!

“Mas os momentos felizes não estão escondidos nem no passado nem no futuro!”

(*)Hazel Carby citado por Stuart Hall em “Da diáspora”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Tópico (II) sem sentido ou “David Lynch chaga ao Brasil.”


David Lynch cruzou pela primeira vez a linha do equador. Aterrissou no Brasil e, avisado quase de madrugada de sua presença aqui, assisti sua entrevista no jornal da Globo. Está mais velho do que eu o imaginava, mas ainda conservado e estranhamente místico, Iogue.
Para mim e minha pobreza de interpretativa um filme de David Lynch é a criação humana que mais se aproxima de um sonho. Pelo menos dos meus sonhos. Sejam eles excitantes, paralisantes, amorosos, claustrofóbicos, mas sempre sonho. Inconsciente.
Neles [nos sonhos e nos filmes] é possível desde o voyeurismo improvável que nos permite ver Isabela Rosseline nua através das frestas de um armário em “veludo azul”, passando pelo desespero da troca súbita de identidade social em “cidade dos sonhos” e chegando naquele desespero in-clas-si-fi-cá-vel das quase três horas de “Império dos sonhos”.

Não é para todos os gostos. Assistir Linch no cinema é ver também um festival de encenações do público, algumas bizarras: uns desistem e vão embora, outros desistem mas permanecem é possível ver ainda a impaciência, pessoas se contorcendo nas poltronas, procurando uma posição confortável diante do irremediável também desconfortável que passa na tela, outros casais inspirados nas excentricidades do diretor americano arriscam em plena sessão semi-vazia uma “mão amiga”. E só é possível ver tudo isso porque é impossível permanecer 100% ligado no que o diretor filma.
Um excessivo esse David Lynch. Ainda bem.

Memória, dor de cotovelo e similares


François Truffaut (um de meus diretores favoritos) dizia que os melhores roteiros não fazem os melhores filmes. Concordo. Vou dizer o óbvio: o cinema é uma arte com vida própria, distinta da literatura. Linguagens distintas. Resultados distintos.

Como não receber com estranheza por exemplo a adaptação (?) do romance, o “Lavoura Arcaica” para teleona? Me interrogo se é possível chamar de “adaptação” o que (não) fizeram da obra prima de Raduan Nassar uma vez que o filme faz a transcrição literal daquelas páginas. O texto é magnífico, as cenas belíssimas... mas não acontece. Lembro que quando terminei de assisti-lo, em casa, estava com uma puta dor de cabeça.

O inverso também ocorre, e na telinha. A frivolidade e ausência de técnica literária da escritora Candance Bushewell em “Sex and the city” (o livro), ganhou aquela poderosa versão em seriado 6 temporadas (se não me engano) transformando-se na expressão “Top of the line” do feminismo contemporâneo norte-americano (e não só de lá). O mesmo “argumento” foi este ano adaptado em uma terceira linguagem: o cinema. Desastre! “Sex and the city - o filme” é um lixo e um insulto aos fãs (e não só a eles). Recomendo distância.

Pois bem, tudo isso me veio à tona porque recentemente cruzei nas americanas com um dos primeiros filmes que assisti sozinho no cinema (esse costume vem de longe): “Whaiting to exahle”. Lá estava eu, sem nada para fazer e com muito o que fazer – sei que você me entende - olhando DVDs e cogitando: “Será hoje que ‘plata quemada’ ira pra casa comigo?” Avaliei manuseando o filme-adaptação do romance homônimo do argentino Ricardo Píglia. “Se eu levar Amelie Poulain vou ver tantas vezes que o filme perderá o encanto” abandonei na prateleira. Localizei “Kill Bill vol. 1” e pensei idem.
Levei comigo “waiting to exahale”. No caminho para casa já estava inundado de 1996, com uma Barra de Chocolate e a biografia do Caio Fernando Abreu em baixo do braço. Sim, foi naquele ano 1996, Eu: 13 anos. Fevereiro. Fui ver o filme no finado Cine Fortaleza. Ele hoje só existindo na memória. Em seu lugar está uma livraria. Como dizia Caio:
“As ruas vão mudando, os edifícios vão sendo destruídos, mas continuam inteiros dentro de você. Chega um tempo, eu acho, que você vai olhar em volta sem conseguir reconhecer nada.
- As ruas morrem - repetiu Pérsio. - As casas morrem.(...)”

Caio está aqui citando Ferreira Gullar. Pois, como diz o escritor Gaúcho, há Gullar para todos os momentos:

Mas estou me dispersando, na verdade queria falar que “Whaiting to exhale” é um lixo. Muito mal produzido. Não aconselho alguém perder duas horas de suas preciosa vida, afinal ela é apenas uma ponte entre dois nadas, ouvindo a lamúria de quatro mulheres. A direção é tão ruim que até a bela e competente Ângela Basset vira uma mexicana de encabular qualquer Maria do Bairro. Diálogos óbvios, fotografia previsível, edição sonolenta. Clichê clichê clichê sem vírgula nem pausa: CLICHÊ.

Para quem gosta das melosidades tipo Babyface, entretanto, o filme permanece como uma possibilidade. Minto. Se você gosta de Babyface –ele assina a produção musical do filme- vá direto adquirir a trilha sonora disponível em cd pela Arista e muito provavelmente na Rede.

Mas que se há de fazer se o filme está guardado naquele local bonito de lembranças? Diante disso, que importa se a atuação de Whitney Houston é flagrantemente a pior que já vi “in my hole life”? Na frente dela, Grazi Massafera vira Meryl Streep e Ricardo Macchi, o eterno robô cigano, é um Paulo Autran.

Então encerro, dispersivo, retornado á idéia que me motivou escrever esse post: diretores bons podem até transformar atores ruins em razoáveis. Entretanto, é mais fácil o contrário ocorrer, como o exemplo que dei de Ângela Basset. Mas o mais grave é quando ocorre aquela tentativa de reprodução literal de uma arte em outra: Whitney Houston tem o talento para a atuação inversamente proporcional à sua ex-voz de ex-deusa do ébano (hoje entregue ao pó, dizem, a voz não teria mais aquele tom aveludado). Na telona, a face da sua sacarose musical revela uma orvedose de cacoetes.
Acho que vou ver o filme outra vez.

Tópico (I) sem sentido ou “a moda, o cigarro e a publicidade.”


Meu xará Alexandre Herchovitch esteve por aqui esses dias.
Não entendo de moda, tenho preguiça de comprar roupa e sendo beeeeem generoso comigo mesmo, diria que meu look é no máááááximo “ordinary” (não quero nem pensar no que seria o meu mínimo. Ponto final, novo parágrafo. Rápido!)
Periférico que sou acho engraçado quando nessas São Paulo Fashion Weeks da vida algum repórter pergunta a uma atriz, modelo, ou às duas que muitas vezes são uma: “o que é moda para você?” Então a desgraçada, amarrada até o útero, e quase sem conseguir respirar responde, ou pelo menos tenta: “moda pra mim é estar bem comigo mesma, é conforto.” Há quem acredite.

Passarelas a parte, me chamou atenção os anúncios da marca (presente aqui e no japão) daquele moço. Diante poluição visual dos anúncios de seus colegas, Herchovitch prefere trabalha uma economia da imagem. Ok, ok o conceito não é novo. Se pegarmos algumas propagandas de cigarro e bebidas veremos a similaridades, Em ambas não nem mesmo necessário mostrar o produto. Confira:

O interessante é perceber que no canto do anúncio há a presença do que seria uma micro campanha de combate ao tabagismo com os dizeres: “Querer é poder”; “Eu quero parar”. Coincidência?
Enfim, o garoto prodígio do planeta fashion passou por aqui. Fortaleza provavelmente continuará a mesma. E já nem sei por que tou escrevendo sobre isso.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Travessia

A filósofa húngara Agnes Heller dizia que uma das formas do homem suspender o automatismo do cotidiano é a Arte.

Ave Arte.

Estava pensando isso enquanto varava a madrugada, na minha interminável dissertação. Mentira... eu não pensava isso enquanto escrevia. Só pensei após terminar (!), exausto, o capitulo III(!), ainda agora. Agorinha, agorinha às 06:47.

Então foi assim: após a vitória de mais uma noite decidi me permitir um regalo. Coloquei –nesta inseparável seqüência, porque sou meio assim... supersticioso - para tocar minha santíssima trindade de Milton Nascimento:

(*)Unencounter(canção da américa)
(*)Coração de estudante
(*)Travessia

Foi só então que pensei: Helles, automatismo, arte, pequenas alegrias. E pensei também em como esses artistas: um Milton , um Mário Quintana, um Rubem Alves provocam na gente essa sensação meio tola de amor pela vida. Principalmente quando se está influenciado pela exaustão de noites digitadas, vendo o dia nascer.

Quer clichê maior que este? OK. Lá vai: nas caixas Milton cantarola: “a folha da juventude é o nome certo desse amor” E mais que isso, canta o nascer de um novo dia que vejo surgir pela minha janela: “mas renova-se a esperança. Nova aurora cada dia. E há que se cuidar do broto pra que a vida nos dê flor e fruto”

Coração de estudante...
Ainda.

Metrópole madrasta



Interpelado por uma agradável companhia fui ver neste fim de semana “O signo da cidade”. Direção de Carlos Alberto Richelle, roteirizado e estrelado por Bruna Lombardi.
Bruna é presença recentíssima na minha atenção. Antes de ler algumas das cartas enviadas por Caio F. a ela, para mim se tratava apenas de uma atriz bonita que vivia fora do Brasil. Lembro que antes disso tropecei em algum de seus livros em uma biblioteca, e a época pensei, pré-conceituosamente, pois não havia lido: qualquer um escreve um livro. Até hoje não tenho opinião sobre sua literatura, uma vez que dela apenas li algumas poesias (reproduzo uma ao final do post).

Gostei do filme. Mas isso pode ser algo muito especial, específico. Se você gosta daqueles filmes com roteiros mirabolantes, com revelações finais estonteantes, não assista. Também se você for ver pensando que encontrará um puta roteiro com a força nos diálogos do tipo Mike-Nichols-antigo em “Quem tem medo de Virginia Woolf?” ou do tipo um Mike-Nichols-mais-recente de “closer- perto demais” também não veja.

Numa visão restrita o filme do estreante diretor é uma celebração, um reencontro com um ethus de escritores e de amigos caros ao circulo de Bruna. Vemos a astrologia e as sexualidades polimorfas dos personagens de Caio Fernando Abreu, O suicido da poeta Ana Cristina César, as cenas de violência gratuita que lembram o poema de Ferreira Gullar “o gato com a espinha quebrada se arrastando pela sarjeta sem conseguir morrer”, a leve citação ao filme Infâmia – “the children’s hour, etc. etc., muitos etc’s. Todos ressoam no filme e falam unissonamente, tomando-o agora numa visão mais ampla, de uma SOLIDÃO MEDONHA.

O signo da cidade é o signo do isolamento, do anonimato, ou como diria Caio, o signo daqueles “que por algum motivo não deram certo. Por que nesse esquema é sujo dar certo”.Então se você procura um filme que faz refletir, sem grandes elucubrações filosóficas, sobre estes seres desolados e adotados pelas madrastas metrópoles, é lícito vê-lo.

O ritmo da narrativa se sustenta diante dos muitos personagens que são paulatinamente apresentados e calmamente entrelaçados. A direção é bem didática e sem muitos floreios. Tendo apenas algumas cenas arriscadas as quais foram bem sucedidas, como por exemplo, o momento em que Bruna vai atender ao telefone no meio do banho e uma notícia é recebida enquanto a câmera acompanha os pingos que caem do corpo da atriz sintonizados com a perplexidade da situação. A música do filme é um pouco óbvia, mas nada que prejudique o todo da obra.
Em suma, “O signo da cidade” é a busca pelo apego a alguma coisa, algum motivo para continuar vivendo, apesar de. Afinal, como dizia Ana Cristina César: é sempre mais difícil ancorar um navio no espaço.

Sobre a poesia da atriz, transcrevo para que o leitor tire suas próprias conclusões. Ela é uma espécie de sinopse do Filme:

Era preciso fazer alguma coisa
pesquisar todas as malhas dos signos
os mapas, os índicos até achar
era preciso estudar
atentamente os orixás
a possibilidade de viajar
tentar o mar
era preciso
escutar Keith Jarret suavemente
sem se afogar
um som, um meio tom, um quadro na parede
luz de neon, e abrir um verde escandaloso na parede
paisagem que não se vê.
Por que você?
por que não qualquer um de nós que já tentamos tudo
que nos drogamos profundamente conscientes
perdidos no urbano da cidade
os olhos úmidos, a sensibilidade
de um nervo exposto,nos sentimos
metade depois.

Quem sabe os astros, as ondas de energia, as coincidências
os vôos interplanetários, uma idéia de resistência
uma coisa meio Blade Runner em volta
a gente de saco cheio de John Travolta
tentando achar a porta de saída
Nos vestimos de branco, tentamos escapar
com alternativas, chás naturais, respostas no I Ching
dança, poesia, artes marciais
andróides, liberdade, ecologia
músculos, danger, punk, micros, Nova York
toda ideologia é sempre tão contraditória
talvez a salvação viesse em naves espaciais
atari, eletrochoque ou a própria loucura
talvez saber chorar ajude muito.

Era preciso rever o lugar da emoção
o sexo, essa coisa delirante
escrever um relatório hite do avesso
que falasse de telefonemas noturnos, insônia
Metal pesado

Você devia ter se segurado em alguma coisa
uma moda, um discurso, uma idéia de si mesma
- uma paixão que fosse -
qualquer coisa
um mito, um guru, uma política
uma revolução, uma mentira
sei lá, alguma coisa pra se agarrar
talvez uma amiga como ela
um patamar
alguma coisa
antes de cair devagar
pela janela.


do livro O PERIGO DO DRAGÃO, publicado em 1984

domingo, 3 de agosto de 2008

Os perigos do politicamente correto:


"Noite Carioca
Diálogo de surdos, não: amistoso no frio.
Atravanco na contramão. Suspiros no
contrafluxo."

Então você, politicamente correto, me diria: Errado por que os surdos dialogam. Eles se comunicam com as mãos.
Matou um dos mais belos poemas de Ana Cristina César.
Estou refletindo sobre os exageros da classificação indicativa dos programas de TV. Inicialmente fui (sou?) a favor. Mas se por um lado ela é para proteger “nossas crianças” dos abusos das programações por outros há excessos e preconceitos irrefletidos na própria TV Brasil (principal fomentadora da discussão). O que põe em xeque a legitimidade de quem define esta classificação.

O caso: há alguns sábados à noite – umas 22hs- assisti o programa “Curta Brasil” com a classificação indicativa de 18 anos. Quando vi a chamada na TV pensei: meu deus deve ter alguma cena de latrocínio com vísceras expostas, um filho estuprando a irmã, um grupo de skin heads espancando uma velhinha negra, alguma coisa assim que justificasse aquele “Não recomendado para menores de 18 ANOS”. Quando o primeiro filme começou (eram 2) fiquei indignado com o que vi. Se tratava do curta “O diário aberto de R.” cuja sinopse posso resumir assim: um adolescente com uma paixonite idílica e quase patética pelo seu colega de classe que se senta à sua frete na escola. Ponto.” Nem malhação – classificação livre -é deste jeito. Claro que o documentário era infinitamente superior à malhação. Outro motivo para não se justificavar aquela classificação.

Dei um giro pelos canais para ver a média dos programas do horário e me deparei com outro “18 anos” (parece coisa de uísque). Tratava-se de Oz(que retrata o cotidiano “barra-pesada” de uma prisão norte-americana). Se eu já achava um exagero Oz (SBT) só ser recomendado para maiores de idade, imagine aquele documentário. Branca de neve é pornografia na frente dele [do diário de R.]. Porque pelo menos nos contos de fadas ocorre o beijo no final. E no documentário em questão nem sei quer há 1 toque entre os personagens.
Imediatamente lembrei de Guilherme de Almeida Prado falando , quando da produção de “Onde andará Dulce Veiga?, falando que não existe diferenciação na classificação indicativa dos filmes para o cinema entre cenas homo ou heteroeróticas. O que vai definir a classificação, e é o que se espera de um Estado Democrático de Direito, é o teor da cena.

No caso do diário de R. o termo “relação homoerótica” nem se aplica. Deduz-se então que a emissora os “18 anos” pelo simples fato de se tratar possivelmente de um filme que tematiza a paixão por um ser do mesmo sexo. Se for assim, os classificador da TV Brasil (ressalto, para mim uma das melhores tvs brasileira) ao tentar salvar a idoneidade moral de nossas criancinhas, neste caso específico, e não sei em quantos mais, sub-repticiamente e não sei até que ponto consciente, exerceu uma flagrante descriminação travestida de “ato educativo”.

sábado, 2 de agosto de 2008

Coincidência nada. Puro sincronismo.


Ontem de madrugada, no meio da minha interminável dissertação de mestrado me veio a vontade irremediável de escrever sobre a novela “não passarás o Jordão” e postei –vide post logo abaixo-. E qual não foi minha surpresa hoje quando cheguei em casa –após o curso da Cinthia- e vi que exatamente hoje (31/07/2008) foi discutido em Brasília numa audiênciapública a reavaliação dos crimes de tortura cometidos pelos militares durante a ditadura.

O principal fomentador, ministro Tarso Genro, argumenta que em nenhum momento da ditadura houve uma legalidade nos procedimentos jurídicos que permitisse ou viabilizasse qualquer prática de tortura durante o regime militar. Ou seja, além de ser flagrantemente ILEGÍTIMA era também ILEGAL.

Jarbas Passarinho, ministro de três dos quatro governos militares argumentou n oJornal da Globo que mexer nesse assunto é reabrir feridas quase cicatrizadas. No mínimo ele está querendo tirar também o dele da reta.



(Vladmir Herzor antes do seu assassinato por tortura)