quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização


Por: Richard Miskolci

Resumo
Originada a partir dos Estudos Culturais norte-americanos, a Teoria Queer ganhou notoriedade como contraponto crítico aos estudos sociológicos sobre minorias sexuais e à política identitária dos movimentos sociais. Baseada em uma aplicação criativa da filosofia pós-estruturalista para a compreensão da forma como a sexualidade estrutura a ordem social contemporânea, há mais de uma década debatem-se suas afinidades e tensões com relação às ciências sociais e, em particular, com a Sociologia. Este artigo se insere no debate, analisa as similaridades e distinções entre as duas e, por fim, expõe um panorama do diálogo presente que aponta para a convergência possível no projeto queer de criar uma analítica da normalização.

Palavras-chave: Teoria Queer. Sociologia. Sexualidade. Diferenças. Michel Foucault. Analítica da normalização.

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Apuds autorizados


"Quando finalmente me levantei... e aprendi a caminhar novamente, apanhei um espelho e me dirigi a um outro maior, fixo, para me olhar, sozinha. Eu não queria que ninguém soubesse como me sentia ao me ver pela primeira vez. Mas não houve barulho nem choro; não gritei de raiva quando me vi. Simplesmente fiquei estarrecida. Aquela pessoa no espelho não poderia ser eu. Eu me sentia por dentro como uma pessoa comum, feliz, saudável - não como aquela que eu via! Ainda assim, quando virei o rosto para o espelho, lá estavam meus próprios olhos olhando para trás, ardentes de vergonha... quando não chorei nem tampouco fiz qualquer barulho, tornou-se impossível para mim falar sobre isto com alguém, e a confusão e o pânico provocados por minha descoberta foram trancados dentro de mim para encará-la sozinha, durante muito tempo ainda."

“Aos poucos esqueci o que havia visto no espelho. Aquilo não podia penetrar no interior de minha mente e converter-me em parte integral de mim. Sentia-me como se não houvesse nada comigo; era apenas um disfarce. Mas não era o tipo de disfarce que é voluntariamente colocado pela pessoa que a usa com o objetivo de confundir os outros sobre sua identidade. Meu disfarce foi posto em mim sem o meu consentimento ou conhecimento, como ocorre nos contos de fadas e foi a mim mesma que ele confundiu quanto a minha própria identidade. Eu me olhava no espelho e era tomada de horror porque não me reconhecia. No lugar em que me encontrava, com aquela exaltação romântica persistente em mim, como se eu fosse uma pessoa favorecida e afortunada para quem tudo era possível, eu via uma figura estranha, pequena, lastimável, horrenda e um rosto que se tornava, quando eu o olhava fixamente, doloroso e vermelho de vergonha. Era só um disfarce mas estava em mim para o resto da vida. Estava lá, estava lá, era real. Cada um desses encontros era como uma espécie de explosão na cabeça. Eles deixavam-me sempre entorpecida, muda e insensível até que, aos poucos, obstinadamente, a forte ilusão de bem-estar e beleza pessoal voltava a me invadir: eu esquecia a irrelevante realidade e ficava despreparada e vulnerável novamente.”



[GOFFMAN,E. Estigma: notas sobre a manipulação da Identidade Deteriorada. RJ: Guanabara, 1988. p. 17-18]

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

-.-'

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Homem e a Mancha

[1ª edição do "Teatro Completo" do Caio Fernando Abreu]


Finalmente assisti ontem o vídeo da leitura dramática que o Caio faz da sua última peça "O homem e a mancha".

Que "time" tinha o Caio. Você fica impressionado. esta impressão é a de que ele pode qualquer coisa a voz. Que ironia implícita! Ligada numa frequência de sagacidade e sarcasmo.

Drops do texto:

"Era uma vez um ator. Muito palco, muito ensaio, muita luz, muita coxia, muito bastidor, muita platéia — graças a Deus! —, muita emoção, muito sonho, muita ilusão. Muito... Muito “Era uma vez”.

“Em frente bravo Rocinante, que a vida é curta para tanta estrada”

“E quando eu estiver cansado de pensar no que vivi, ainda me restarão os livros que foram sempre o que mais amei desde menino e que guardam outras estórias dentro deles. Todas as histórias do mundo. Que maravilha”

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Almost Ruby Tuesday

[tradução minha]

“Bobby,” eu disse “vou ser bem direta. Você se importa?”
“Não, não me importo.”
Ele passou o baseado de volta pra mim.
“Responda a verdade, agora. O que você acha de mim?”
“Hãn?”
“Não me faça repetir a pergunta. É muito constrangedor”
“O que eu acho de você?”
“Você está, tipo, interessado em mim?”
“Hum, claro. Claro que sim.”
Devolvi o baseado e ele deu uma longa tragada
“Bob, você já transou com mulher?”
“Bem, tipo, não. Na verdade não.”
“Já pensou alguma vez que poderia gostar?”
Ele não respondeu. Nem se moveu. No rádio os Stones cantavam “Ruby tuesday”. Então eu disse “Vem cá. Apaga a marijuana e só dança comigo um pouco, ok?”

[Do livro: "A home at the end of the world" de Michael Cunningham – edição inglesa da Penguin Press p. 167]

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

All about introducing


Conversa de MSN:
Mirleide: ei Alexandre comprei hoje aquele filme “A malvada”[All about Eve]
Eu: muito bem. Ele é maravilhoso. O meu ainda tá com o João.
Mirleide: Vi nas americanas e lembrei do que tu falou na Cultura.
Eu: Sim, sim. Adoro esse filme. Tem a foto duma cena no Orkut do João que ele me marcou no rosto da Bette Davis.
Mirleide: rsrsrsrs
Eu: Um filme para se ver milhões de vezes.

E é claro que neste momento eu me senti a própria Clare personagem do livro/filme “A home at the end of the world” do Michael Cunningham. O trecho do livro em questão:

[A tradução é minha]

“[...]Clare e eu fomos ao cinema. Ela me levou para assistir “ a malvada” [All about Eve]. Chocada por eu nunca ter ouvido falar neste filme. Na verdade se trata de uma dessas comédias em preto e branco que passam em cinemas onde os ratos correm pelos nossos pés.” [p. 147 – da edição inglesa da Penguin Books]

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Virginia vs. Katherine

Primeira leitura do Ano:

"As mulheres de Virginia Woolf" de Vanessa Curtis [Amiga do Bivar]

Um dos destaques do livro é descrição da amizade conflituosa, mútou-invejosa e competitiva entre Mrs. Woolf e a despirocada [e brilhante] Katherine Mansfield. Uma das [muitíssimas]revelações é que Virginia odiou aquele que considero ser a obra prima da escritora neozelandesa:
BLISS [no Brasil: Felicidade] Clique aqui para ler o conto.


TRECHO:
É improvável[...] que a reação negativa de Woolf à publicação da história abertamente bissexual de Mainsfield "Felicidade", foi devido a qualquer aversão pudica ao conteúdo. A história descreve o desabrochamento dos sentimentos de uma mulher casada por outra mulher - que acontece ser a amante de seu marido. é mais provável que Virginia e as suas sensibilidades literárias tenham ficado desapontadas pelo estilo duro e falastão da narrativa de Mansfield [...] Entretanto sua legendária predição da extinção da carreira de Mansfield - ela registrou simplesmente em seu diário "ela acabou!" - se provou equivocada, porque, depois de "felicidade", Katherine partiu para um sucesso atrás do outro, publicou "A festa ao ar livre e outras histórias" e "Felicidade e outros contos", pelos quais recebeu críticas delirantes. Woolf declarou que não estava com inveja, mas a própria frequência com que mencionava o fato sugere o contrário
(p.140)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2 anos de Cariri - Play List


No final deste mês fazem dois anos que me mandei pro Cariri.
Pra começar as comemorações, desenterro a Play-list dos ábuns que fui ouvindo naquele irremediável dia:



- "Em outro lugar" - EP Thiago Pethit
- "I trust my dealer" - Montage
- "Donkey" - Cansei de ser sexy
- "Querem acabar comigo roberto" - Karine Alexandrino
- " Discovery" - Daft Punk
- "Horses" - Patti Smith
- Coletânia da Nina Simone

domingo, 2 de janeiro de 2011

Meu twitter tá frescando

Não consigo entrar no meu twitter desde 2010!

E sem saco pra postar aqui

uó.