Paulo José relembra: “Inimigos quase íntimos. Começa com esse encontro que eu tive com ela em 82. Ela trabalhava no departamento de análise de textos [da TV Globo] e eu fazia um programa chamado ‘caso verdade’. E ela odiava os textos. Achava vulgares, simplórios. [Ela fazia] A análise de textos de um programa de cinco horas da tarde que eu fazia. Eram histórias de pessoas infelizes que no final ficavam felizes. E ela tinha que fazer um relatório dando um parecer. E sempre eram negativos os pareceres. [...] Mas eu encontrava com ela só para brigar: 'você não entende nada de televisão. O público alvo de televisão de cinco horas da tarde é dona de casa e empregada doméstica. A televisão que tá ligada é a da cozinha. Então programa tem que ser muito simples' E ela não aceitava isso. Ela dizia: ‘Não . Eu escrevo [no relatório] o que eu penso’. Eu fui saber que ela era poeta só depois no final do ano. [...] Ela lançou o livro 'Aos teus pés'. Aí que eu vejo na noite de autógrafos: ‘meu deus essa mulher... aquela estudante pedante. Aquela filha da PUC’. Era poeta né. Grande poeta. Aí eu fiquei encantado com ela. Mas aí eu a perdi de vista. Já tinha acabado o ano. Eu saí de férias. Viajei. E quando eu volto fiquei sabendo da morte dela, do suicídio”
[Transcrição minha da entrevista disponível no link]