segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Madrugadas com Audrey...


Comprei por esses dias “My Fear Lady” e como nada é por acaso, comprei junto de “Cantando na Chuva” ambos amplamente citados naquele filmezinho cheio de erros mas lindo chamado”A razão do meu afeto”. Quando o vi (a razão...) Já havia assistido “Singing in the rain” (na verdade este foi mais um dos musicais da Metro visto durante infância insone e povoada de Corujões. Colonizado!) e já sabia quem era Audrey Hepburn (tinha visto Breakfeast at Tiffanis.. obviamente depois de assistir Capote. Mas este post tá ficando muito disperso). Também não fazia idéia de quem vinha a ser Bernard Shaw. Enfim, agora, como já me deliciei rememorando Make then laught... Good morning... Life was a song... I’m singing in the rain... gotta dance! E ainda não vi meu “My fair Lady” posto textos do moço que fragmentadamente me apresentou à bonequinha de luxo...

“apago a luz, entro no quarto, cubro a xícara de leite quente com o cinzeiro para não esfriar, tiro a roupa, ligo a televisão, procurando um filme com Audrey Hepburn, que saudade de Audrey Hepburn, sacudo os lençóis, desligo a televisão, Audrey nenhuma, peruas platinadas, dúzias delas, então deito, bebo devagar o leite pensando em escrever para minha mãe, em mudar de vida, de emprego, de cidade, de país” – da novela: Pela Noite

“então liguei a TV e só então fiquei sabendo que Vargas Llosa estava fazendo anos, em Porto Alegre, mas esperei paciente só para ver um pouco a Audrey Hepburn em Funny Face, aquele visual fantástico de Richard Avedon, mas só depois de atravessar todos os crimes e o aumento dos juros dos importados foi que o filme começou e para meu espanto lembrei da letra quase toda de Thinkpink, futilidade é o que mais salva a gente, gente, às três da manhã desisti do filme e de repente pensei em Hilda Hilst sozinha na fazenda” – da crônica: “NO DIA EM QUE VARGAS LLOSA FEZ 59 ANOS”

(InfÂMIA)“Até um dia em que Saul chegou atrasado e respondendo a um vago que-que-houve contou que tinha ficado até tarde assistindo a um velho filme na televisão. Por educção, ou cumprindo um ritual, ou apenas para que o outro não se sentisse mal chegando quase às onze, apressado, barba por fazer, Raul deteve os dedos sobre o teclado da máquina e perguntou: que filme? Infâmia. Saul contou baixo, Audrey Hepburn, Shirley MacLaine, um filme muito antigo, ninguém conhece. Raul olhou-o devagar, e mais atento, como ninguém conhece? Eu conheço e gosto muito, não é aquela história das duas professoras que. Abalado, convidou Saul para um café, e no que restava daquela manhã muito fria de junho, o prédio feio, mais di que nunca parecendo uma prisão ou clínica psiquiátrica, falaram sem parar sobre o filme” – do conto: “aqueles dois”.

(My fair LAdy)
“ontem fui estendendo e estendendo e estendendo a noite, acabei dormindo quase às quatro, depois de asistir May fair Lady, na verdade só pra ver Audrey Hepburn (azul, azul, era uma mulher inteiramente azul de água clara com pedrinha no fundo) [...] Antes de dormir, anotei no diário em letras bem grandes, SAUDADES DE AUDREY HEPBURN” – Carta à Jaqueline Cantore São Paulo, 24 de junho de 1981