segunda-feira, 15 de junho de 2009
Surto II: Uma piada e dois deuses
Stanley Kubrick morreu há dez anos e alguns meses. E como esse blog não é (quase) nada mais que uma tremenda ego-trip tento me lembrar de onde eu estava naquele momento. Eu com 16 anos, no ensino médio. Sabia pouco de Kubrick. Quando criança havia assistido vagamente o início clássico de “2001” numa virada de ano. Depois cenas de “Eyes wide shut” numa beira de estrada á caminho de Salvador e “Laranja mecânica” numa aula de ética já na faculdade. Mas foi finalmente “O iluminado” que me levou espontaneamente à locadora, isso muito recentemente: 2005. Desde então o cineasta que ão gostava de tomar banho povoa aquele limbo gostoso onde colocamos Aquiles que chamamos, meio pretensiosamente de “referência”. Então para encerrar este post sem/com sentido, transcrevo uma piada dita pelo protagonista de “Nascido para matar” ao próprio diretor pouco antes de sua partida:
“Stanley Kubrick morreu [no dia 9 de março de 1999] e foi para o céu. Semanas depois Steven Spielberg também morreu e também foi para o céu. Spielberg foi recebido ao portão por São Pedro, que lhe disse:
‘Deus gostou pra burro de vários de seus filmes e quer que você fique à vontade aqui. Se precisar de alguma coisa é só falar comigo. Estou às ordens.’
Spielberg nem hesitou:
‘Escute São Pedro. Stanley Kubrick morreu outro dia e sei que veio para cá. Gostaria muito de ser apresentado a ele. O senhor pode providenciar um encontro?’
São Pedro cofiou sua barba de mais de dois mil anos:
‘Poxa Steven, isso é um abacaxi. Com tanta coisa para pedir, é logo isso que você quer? Você sabe que Stanley não gosta de conhecer ninguém e...”
Spielberg não desanimou:
‘Mas o senhor não disse que está às ordens?’
São Pedro:
‘Disse. Mas não consigo fazer milagres. Qualquer coisa, menos isso!’
E saiu param mostrar o céu à Steven Spielberg.
Entre as nuvens Spielberg viu um sujeito descabelado e barbudo, usando uma jaqueta surrada do Exército e pedalando uma bicicleta. Spielberg gritou para São Pedro :
‘Oh, meu Deus! Olha lá, é o Kubrick. Vamos lá falar com ele!’
Mas o santo conteve o sôfrego Spielberg pelo braço e explicou:
‘Aquele não é Kubrick, meu filho – É Deus ele pensa que é Stanley Kubrick.’
Piada retirada do livro "Um filme é para sempre" de Ruy Castro.