segunda-feira, 15 de junho de 2009

Surto III: Tensões de pesquisaDORES


(PesquisaDORES: o do meio, Eduardo Jorge, o tradutor)

Leio a tradução do dicionário Crítico da Revista “Documents I” de George Bataille feita pelo meu recém conhecido e conterrâneo Eduardo Jorge (Mestrando em Teoria da Literatura pela UFMG). O texto é coisa fina. Abre-se com a afirmação de Foucault:
“Gerorg Bataille é um dos escritores mais importantes do século XX”. Já na introdução dos verbetes as frases cumprem funcionalmente as suas pretensões: desestabilizar. “desestabilizar o real da própria idéia de desfiguração do humano é afetar o real e a imagem de um só golpe” ou “As palavras assim como a poeira, ainda possuem maneiras de abalar a linguagem – a palavra ainda assombra”.
Impossível não lembrar de Fante “Ask the dust”, das metáforas e fico pensando na minha paixão pela palavra e ao mesmo tempo na afirmação de Stuart Hall de que é necessário sair do campo asséptico da linguagem e ver que há algo de sujo mais embaixo, na realidade.
Sujar as mãos com a realidade. Já dizia Hannah Arendt ao criticar Heidegger e sua omissão diante do fenômeno do Nazismo: um intelectual não pode ficar preso no “puro pensar”. A linguagem pela linguagem.

Corro o risco e me delicio nos verbetes de Bataille:
Boca: “o aspecto magistral da fisionomia boca fechada, bela como um cofre-forte” ou Esteta: “Existe um prazer cínico em observar as palavras que levam consigo algo que é nosso até o lixo”.

Bataille parecia estar ciente da necessidade que ele mesmo chama de “perigos da ação”

Ação!