
Enfim. Na madrugada dos 59 anos de Caio F. sem sono e com a companhia de seus escritos-à-beira-do-encontro-fatal. Quis fazer uma oração-laica (ou seria LAIKA?) para o monge-jardineiro. Então lembrei de São Cazuza e de tantos outros que se foram e que "não cabiam nos dedos das mãos". Lembrei de São Renato Russo, numa gravação de 1995 cantando Cazuza para São Betinho e a "ação da cidadania contra a pobreza". Então cantei assim, bem baixinho:
Tem gente que recebe Deus quando canta
Tem gente que canta procurando Deus
Eu sou assim com a minha voz desafinada
Peço a Deus que me perdoe no camarim
Eu sou assim
Canto pra me mostrar
De besta
Ah, de besta
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Porque eu só canto só
E o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto redime o meu lado mau
Porque o meu canto é pra quem me ama
Me ama, me ama
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Porque o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto é o que me mantém vivo
E o que me mantém vivo
(Quando eu estiver cantando Cazuza / João Rebouças)
© Warner Chappell
(*) Caio Fernando Abreu nasceu em 12 de setembro de 1948 em Santiago do Boqueirão, Rio grande do Sul.