segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Carta ao amigo-candidato


Com muita alegria recebo o anúncio da tua candidatura.
Te escrevo por que, como meu amado Caio Fernando Abreu, organizo melhor o pensamento no papel (aqui especialmente no computador) que na oralidade. Escrevo também por que nutro este anacrônico hábito oitocentista de redigir missivas. Em geral por dois motivos: para me comunicar mais elaboradamente com aqueles que me são caros (por exemplo, o Ailson ou a Robertinha, que você conhece) e/ou quando algum assunto profundamente me instiga. Então te prepara que eu acho que o email é longo.
Teu scrap no Orkut me despertou por que nessa realidade de finalização da dissertação (e me dedicando quase exclusivamente ao jornalismo alternativo como políticas culturais) ainda não tinha detido o pensamento mais profundamente nas eleições deste ano.

O que mais me motiva em apoiar desde já as candidaturas para vereador/a do P-SOL é o fato do partido ser, nesta conjuntura, uma (entretanto, nunca “a”) alternativa a esse clima meio facistóide e de paralisia da crítica que ronda a política partidária brasileira (em especial no Ceará). Neste sentido a notícia das candidaturas que você anuncia me parece ser algo não só importante mas imprescindível, para que a próxima gestão da câmara não vire aquela palhaçada “confetesca” e “baba ovo” que virou a Assembléia Legislativa, de ponta a ponta com aquele discurso piegas e perigoso, que muito mal faz à minha gastrite, de que em prol de um suposto e superior BEM do “Ceará” se dissolve o conflito, ultra-tecnifica a política. O eclipse da democracia: a ausência de oposição. Ou como dizia Marcuse a tentativa de fechamento do universo político ou para Arendt a ausência de arenas efetivamente públicas que dão visibilidade à pluralidade humana. Mas não quero intelectualizar demais. Me pergunto: Em prol de qual Ceará isso acontece?

É diante disto tudo que incontestavelmente meu voto para vereador é do P-SOL e mais especificamente do João Alfredo. Assim com tem sido desde meu 1º voto em 2002 (João ainda no PT) e em 2006 (já no P-SOL + você, Renato e Heloísa). Sem dúvida ele vai dar Aula (assim mesmo, maiúscula) naquela câmara. Será (guardadas as devidas proporções e me colocando declaradamente como tiete) semelhante à presença de Florestan Fernandes outrora no Senado. Quem viver verá! E você (cruzo os dedos nesta hora) estará lá. Ambos levando ventos, práticas e reflexões de autonomia e projeto-político pra um poder legislativo que historicamente, tem sido braço do executivo.
Contudo, para mim (e creio que não só para mim), o “meio de campo embaça” nas eleições para prefeito/a. Estou “acompanhando” apenas de longe as trapalhadas e incoerências (para não dizer outros nomes) da Luiziane. Sinceramente ainda não estou com meu voto definido. Creio que diferentemente das eleições municipais de 2002, na qual desde o 1º turno fiz campanha e votei em Luiziane (com toda aquela expectativa que você deve se lembrar muito bem) desta vez sou mais um eleitor comum a ser convencido (em termos de prefeitura) pelo menos neste momento, nesta conjuntura inicial. Para mim ainda é precipitado dizer que voto no Renato. Apesar de conscientemente achar uma excelente candidatura. (Flash-back: ele lindo e qualificado no debate falando para o Cid sobre “uma outra política” na TV Verdes Mares. Naquele momento Roseno, que já tinha meu voto para governador, ganhava meu respeito).

(...)

Então é assim que me encontro: cheio de perplexidades e aberto. Quando puder me ponho à disposição para as discussões. Farei o máximo para estar presente, apesar da correria com a dissertação. Posso também repassar emails, socializar eventos, informações e estou SINCERAMENTE também aberto ao debate. Sem falar que minha casa sempre vira Stand nesta época. Santinhos, cartazes, adesivos, etc. Se este tipo de apoio servir estou à disposição.
Outro motivo que me conquista no P-SOL é a presença, em seus quadros, dentre outras pessoas, de uma de minhas mais instigantes interlocutoras (horas e horas de conversações) e por quem eu sou declarada e derramadamente apaixonado (em termos políticos, profissionais e existenciais): a Robertinha.
No mais desejo muita força nesse desgastante processo e agradeço a lembrança. É isso aí, como dizia Gramsci: Pessimismo no diagnóstico e otimismo na vontade!

Te abraço afetuosamente

Alexandre S.