segunda-feira, 21 de junho de 2010

CCBNB para crianças


Sábado passado fui ao passeio do CCBNB para Barbalha com um mói de crianças. Isso me fez lembrar de como eu fui uma criança privilegiada. A memória inundou o presente. Fui acometido por um fluxo de consciência instantâneo.
Lembrei que...


Aos 8 anos minha mãe me presenteou com uma adaptação super-ilustrada da obra de JONATHAN SWIFT. Mal sabia eu que aquele era um dos maiores escritores ingleses de todos os tempos.


Com 11 anos o primeiro livro que eu peguei numa biblioteca foi um fantástico EDGAR ALLAN POE. Eu nunca lia e odiava os paradidáticos da escola – sempre me pareceram primários.


Com 12 minha irmã mais velha me levou pra ver a última exposição em vida de ZENON BARRETO no salão de Abril.


Aos 13 já havia assistido alguns clássicos do Cinema como “Singin in the rain”; Vertigo; “Cinema paradiso”; “Gone with the Wind”; Bem Hur; Romeu e Julieta de Fanco Zeffireli, etc.


Com 14 também caíram nas minhas mãos, por acaso (?) JOHN FANTE E CAIO FERNANDO ABREU [mas, como disse em outro momento, ainda não estava preparado para eles]. Nesta época eu colecionava trechos de VINÍCIUS DE MORAES e lia a sua excelente biografia feita por RUI CASTRO.

Do meu Pai herdei a paixão pela música popular brasileira. Em especial o tropicalismo.
Da minha mãe a paixão pelo cinema, em especial os musicais da Metro que assistíamos no corujão e na sessão de gala [eu estudava à tarde].

Da minha irmã mais velha a literatura e a companhia ao ouvir as coleções de histórias nos disquinhos coloridos [até hoje um dos meus maiores prazeres é uma boa leitura dramática. Em especial em particular].

Lembro que foi por essa época, quando uma base estética já se esboçava que o CCBNB de Fortaleza foi inaugurado. E foi lá que [re]descobri a obra de nomes (alguns impronunciáveis) que eu lia desenhados na minha colcha de cama antes de dormir quando criança: MOZART, BEETHOVEN, TCHAIKOVSKY, CHOPIN, BACH, ETC.

Tudo isto eu lembrei no caminho para Barbalha ao ver aquele mói de crianças que tem a oportunidade de ter acesso a diversos patrimônios da cultura dita universal e local sem a coleira da escola. Espontaneamente. Mas claro, tal acesso precisa ser orientado em um primeiro momento. Contudo, a abertura ao acaso parece ser o que marca e permanece. Como quando você é encontrado por um livro. Felicidade clandestina.