segunda-feira, 21 de junho de 2010

Meu encontro com Liv Sovik

Há uns quatro anos, quando eu ainda era estudante do mestrado, Alexandre, o Barbalho (meu orientador) me falou de um jantar no qual participara recentemente com Stuart Hall e a organizadora de sua obra no Brasil [amiga também de Heloisa Buarque de Hollanda] Liv Sovik. Achei tudo espetacular, os diálogos, as impressões do Barbalho, as descrições de Hall, etc.
Como o mundo é vasto, mas possui muitas esquinas eis que, ainda por intermédio do orientador, minha pesquisa foi inscrita na Compós 2009 PUC/Minas [eu nem sabia o que era compós] , et voilá! Meu trabalho foi selecionado [!] e financiado [!] para apresentação.

Cousas da compós
Chego esbaforido, atrasado na PUC. Só consegui participar do último dia de trabalhos após fazer o trajeto JDO – BSB- BH. E atrasado também por conta do frio gostoso que num dava vontade de sair da cama do quarto de hotel. Vencendo o sono e cansaço chego à reunião do grupo e quem está lá? Liv Sovik coordenando os trabalhos. Reconheço-a pelas fotos pesquisadas no Google. Aquela mulher excessivamente branca, sotaque impraticável. Durona, perfeccionista, inglesa. A estrangeira pesquisadora da tropicália. Me sinto nervoso, sei que estou em um momento especial. Olho ao redor e todos são ilustres desconhecidos pra mim que não sou [ou não era] originário daquele campo de estudos.

Liv Sovik: pontualidade inglesa
Os temas antes da minha exposição são coisas como: a influência da estética Road Movie nas séries brasileiras, a convergência midiática nos produtos do núcleo Guel Arraes, a contribuição de Pierre Bourdieu para crítica literária central e periférica, etc.
Apresento minha pesquisa: mídia, cultura, política, Hannah Arendt. Começo acuado. O seletíssimo público parece gostar, faz ponderações acerca do articulação com o pensamento de Hannah, da formação do espaço público, do agendamento de pautas, etc. Relaxo mais. Pareço ter feito sucesso.
Antes de sair da sala para o intervalo peço para Liv autografar meu “Da diáspora”. Saio.
No intervalo para o café o Barbalho me apresenta a vários congressistas. Digo que venho de Juazeiro do Norte, os olhos das pessoas se avivam e percebo que isto soa exótico.
Na volta à sala da confraria, a surpresa. Meu trabalho tinha recebido a “menção de destaque”. Eu não fazia idéia do que isto significava mas a cara de grata surpresa e satisfação do Barbalho dava a pista. Eu, um estreante. Na verdade só depois eu percebi o que era aquele evento. O top da produção em Mídia no Brasil. E lá estava eu, que nem era da comunicação, levando a menção de destaque.
Ao final da reunião Liv me devolve o livro e pergunta porque eu ainda não estava no doutorado. Agradeço falo do meu interesse e planos para o futuro. No despedimos. Ela, sempre séria, diz que tinha gostado da minha investigação. Quase morro nesta hora.


Depois: só festa e overdose de arte contemporânea em Inhotim com Barbalho e Bia
Na volta para o hotel abro o livro e lá está escrito: “Foi um prazer conhecer um pouco do seu trabalho de observação e reflexão. Um abraço”. Prazer! Saímos felizes para beber no local onde o “Clube da esquina” se reunia.