Também não vou chamar Bergman de genial. Nós, sim, é que não somos geniais. Nós que não soubemos nos apossar da única coisa completa que nos é dada ao nascimento: o gênio da vida." - Clarice Lispector
Vi ontem pela primeira vez “gritos e sussurros” do Bergman no Cine Café do BNB. Eu quase perdia. Enfeitiçado por uma crônica da Clarice sobre o filme “Persona” do diretor sueco. Fiquei vendo e revendo a narrativa magistral feita por Araci Balabanian em um vídeo disponível no youtube. [Clique aqui]. Quando dei por mim faltavam 20 minutos para a projeção começar e eu ainda estava em pleno Carto. [!] Voei.
Mas eu queria mesmo era começar este post assim: vi ontem pela primeira vez “gritos e sussurros” do Bergman no Cine Café do BNB. Ao final saí quase correndo da SALA. E lembrei do Caio dizendo: “como o medonho pode ser belo e como o belo pode ser medonho.” Tal situação de fuga só tinha ocorrido no Cariri uma vez, que eu lembre, quando vi “Avental todo sujo de ovo”ainda neste ano.
Quer saber se algo me mobiliza avassaladoramente? Meça meu silêncio. Saí do BNB ventando, derramado diante de tanta “compreensão sangrada de tudo”. Recolhendo meus frangalhos me dirigi a casa pra um banho, leite quente e cama [!] em pleno sábado. Fui pro meu quarto como diz Reinaldo Arenas : "Sempre fui para a cama como quem se prepara para uma longa viagem: livros, comprimidos, copos de água, relógios, lapis, cadernos". Todo dolorido por dentro por conta de Bergman e por fora por conta da noite agitada anteriormente, desliguei o celular e vasculhei memórias, escrevi textos, retomei a leitura de “Verdade Tropical” do Caetano Veloso e esbocei um texto que provavelmente nunca tornarei público. O esqueleto dele é assim:
Algumas chaves para interpretação de Bergman:
Literárias:
A morte de Ivan Ilitch- Leon Tolstoi
Alan Poe [o barril do amontilhado?]
Ensaísticos:
Diante da dor dos outros – Susan Sontag
A solidão dos moribundos. – Elias.
O legado Cinematográficas:
O iluminado - Kubrick
A fraternidade é vermelha - Kieslowisk
Epígrafe: “É segunda feira e eu estou sofrendo”
No inicio de um texto meu sobre cinema e Ruy Casto eu disse:
“No dia em que Ingmar Bergman morreu o mundo ficou um pouco mais sombrio. Naquela mesma noite Arnaldo Jabor, Tem sua crônica do jornal da Globo, diria uma verdade contundente: Bergman era de um tempo em que filmes modificavam vidas, definiam rumos políticos, desencadeavam revoluções. Ver filme era essencial. E transformava. Seguindo a mesma linha, Bernardo Bertolucci disse certa vez que as discussões sobre cinema feitas pela geração de 68 apenas se igualaria hoje, em intensidade, ao que ocorre com o futebol.”
Comentários:
Cuidados paliativos
A vida escorrendo infeliz como em Tolstoi.
Dor essência de sentido.
Padre com palavras que parecem nem convencer a si mesmo.
Sem explicação para a dor.
A valorização das coisas triviais como na cena final.
A morte é uma suspensão do cotidiano. Uma epifania mórbida. Mas após o seu fenômeno as repetições maquinais retornam. “Tenho que dar atenção ao meu marido” A porta é aberta. A mulher austera cede. Mas ao final percebemos que a doçura da outra irmã [que se mostra bem acessível] é performance também,“Não me lembro do que disse naquele dia. Falei muitas coisas”
domingo, 26 de setembro de 2010
Meditação
“O amor, o sorriso e a flor se transformam depressa demais”.
A memória trai. Claro que ela, traiçoeira e seletiva, embeleza o passado. Recente ou não. Quando se olha para trás levado, por exemplo, por uma música. Como acontece agora ao ouvir “Meditação” na voz de Caetano Veloso, me lembro do tempo do mestrado. E é interessante perceber que naquela época já olhava para trás e me perguntava “será que como agora olharei um dia para hoje e sentirei saudades disso?
Pois bem, eis que o dia chegou. Saudade.
Mas saudades assim só funcionam involuntárias, como agora, Caetano cantando e a sensação gostosa daquela espera por “onde andará Dulce Veiga?” Uma vaga metáfora da procura de si. O que quer que isto significasse. [Outra coisa: ao ver ontem Bergman nos seus gritos e sussurros. Dei uma risada deslocada, como de costume, pois percebi que em "Metáfora", filme dentro do filme "Dulce Veiga", o diretor utilizou um pouco da estética conceitual sueca para brincar com o gênero. Enfim.]
A memória invade e quando isso ocorre é correr para o computador antes que a excitação do momento passei. Quase dois anos atrás desenvolvi um post [clique aqui] contando a via sacra de 12 estações até este filme que odiei e amei com tanta veemência. É terrível. E lindo em todo o seu trash noir. E daqueles doze momentos ficaram faltando os dois últimos que nunca postei, como tantos outros posts deixei incompleto prometendo voltar. A vontade nunca se pôs de volta até agora, com Caetano dizendo assim “quem na solidão procurou um caminho e seguiu já descrente de um dia feliz”. Jogo com esta vontade. Volto logo. Pausa pra cassar memórias e pra desafiar essa fluida vontade. [este post está estranhamente mais egóico que os de costume.] Volto já.
Voltei. Ficou assim:
11ª estação: o engano.
Acordo numa manhã de sábado para atravessar a cidade e ver a estréia de Dulce Veiga às 10 horas. Caminho, parada, ônibus. Pensando naquele dizer de Arnaldo Jabor [e o leitor perceberá que aquilo marcou muito pois é melancolicamente recorrente quano escrevo sobre cinema] que antigamente o cinema modificava vidas, definia rumos políticos, etc. Hoje nem mesmo os magistrais [eles ainda existem?] não conseguem romper os seletos círculos de iniciados e até mesmo os blockbusters viram apenas a novidade da semana, não mais que isto. Chego ao North shopping. O trânsito próximo às salas de exibição não parecem bem intenso. Me aproximo. A bilheteria fechada. Ainda? A esta hora? Confiro no relógio. O tempo passa. Ninguém cega. A sensação de frustração crescente. Compro uma hora de computador para confirmar horários. E localizo meu engano. Por conta de uma digitação mal feita no site da distribuidora percebo que na verdade aquela sessão seria no Shopping Iguatemi. Volto pra casa sem Dulce. Me programo para a segunda feira à noite.
12ª estação: encontrando Dulce
Chego mais uma vez sozinho para ver Dulce. Localizo o cartaz. É aqui. Finalmente. Tiro foto, compro o ingresso. Cheguei tão cedo que decido descer para Siciliano e ficar lendo. Encontro Diego meu primo e me sinto meio excêntrico. Em plena segunda feira para ver um filme que “ninguém” assistirá e eu sozinho. A suposição tinha fundamento, pois dos quase 140 lugares da gigantesca sala, lembro que comigo havia apenas mais três pessoas vendo a sessão. Todos se sentaram quase juntos e tive a súbita visão de alguém invadindo a sala e matando-nos.
O filme: início picotado, não está no livro. Voz em off transcrevendo literalmente o que narrador dizia no livro, Ele, o narrador, que na película ganha nome: Caio Almeida Prado. Final do filme: Não tenho bases para um julgamento minimenante distanciado ou para emitir opiniões sobre o que acabo dever. Estou emocionado. E rapidamente após a sessão escrevo para um amigo uma sms:
“Dear vi Dulce V. Adorei e odiei. É possível? De certa forma finaliza 1 tipo de ciclo iniciado com Dama da noite e o mestrado. Bj”
Epílogo:
Eu assistindo Dulce Veiga pelo Youtube em maio de 2010 em pleno "Le Cafe" no Shopping Carri. é uma manhã de sábado. Revejo o feliz final descaradamente "inspirado" no filme francês "Guarda-chuvas do Amor"
"... Revelou o caminho do amor e a tristeza acabou."
A memória trai. Claro que ela, traiçoeira e seletiva, embeleza o passado. Recente ou não. Quando se olha para trás levado, por exemplo, por uma música. Como acontece agora ao ouvir “Meditação” na voz de Caetano Veloso, me lembro do tempo do mestrado. E é interessante perceber que naquela época já olhava para trás e me perguntava “será que como agora olharei um dia para hoje e sentirei saudades disso?
Pois bem, eis que o dia chegou. Saudade.
Mas saudades assim só funcionam involuntárias, como agora, Caetano cantando e a sensação gostosa daquela espera por “onde andará Dulce Veiga?” Uma vaga metáfora da procura de si. O que quer que isto significasse. [Outra coisa: ao ver ontem Bergman nos seus gritos e sussurros. Dei uma risada deslocada, como de costume, pois percebi que em "Metáfora", filme dentro do filme "Dulce Veiga", o diretor utilizou um pouco da estética conceitual sueca para brincar com o gênero. Enfim.]
A memória invade e quando isso ocorre é correr para o computador antes que a excitação do momento passei. Quase dois anos atrás desenvolvi um post [clique aqui] contando a via sacra de 12 estações até este filme que odiei e amei com tanta veemência. É terrível. E lindo em todo o seu trash noir. E daqueles doze momentos ficaram faltando os dois últimos que nunca postei, como tantos outros posts deixei incompleto prometendo voltar. A vontade nunca se pôs de volta até agora, com Caetano dizendo assim “quem na solidão procurou um caminho e seguiu já descrente de um dia feliz”. Jogo com esta vontade. Volto logo. Pausa pra cassar memórias e pra desafiar essa fluida vontade. [este post está estranhamente mais egóico que os de costume.] Volto já.
Voltei. Ficou assim:
11ª estação: o engano.
Acordo numa manhã de sábado para atravessar a cidade e ver a estréia de Dulce Veiga às 10 horas. Caminho, parada, ônibus. Pensando naquele dizer de Arnaldo Jabor [e o leitor perceberá que aquilo marcou muito pois é melancolicamente recorrente quano escrevo sobre cinema] que antigamente o cinema modificava vidas, definia rumos políticos, etc. Hoje nem mesmo os magistrais [eles ainda existem?] não conseguem romper os seletos círculos de iniciados e até mesmo os blockbusters viram apenas a novidade da semana, não mais que isto. Chego ao North shopping. O trânsito próximo às salas de exibição não parecem bem intenso. Me aproximo. A bilheteria fechada. Ainda? A esta hora? Confiro no relógio. O tempo passa. Ninguém cega. A sensação de frustração crescente. Compro uma hora de computador para confirmar horários. E localizo meu engano. Por conta de uma digitação mal feita no site da distribuidora percebo que na verdade aquela sessão seria no Shopping Iguatemi. Volto pra casa sem Dulce. Me programo para a segunda feira à noite.
12ª estação: encontrando Dulce
Chego mais uma vez sozinho para ver Dulce. Localizo o cartaz. É aqui. Finalmente. Tiro foto, compro o ingresso. Cheguei tão cedo que decido descer para Siciliano e ficar lendo. Encontro Diego meu primo e me sinto meio excêntrico. Em plena segunda feira para ver um filme que “ninguém” assistirá e eu sozinho. A suposição tinha fundamento, pois dos quase 140 lugares da gigantesca sala, lembro que comigo havia apenas mais três pessoas vendo a sessão. Todos se sentaram quase juntos e tive a súbita visão de alguém invadindo a sala e matando-nos.
O filme: início picotado, não está no livro. Voz em off transcrevendo literalmente o que narrador dizia no livro, Ele, o narrador, que na película ganha nome: Caio Almeida Prado. Final do filme: Não tenho bases para um julgamento minimenante distanciado ou para emitir opiniões sobre o que acabo dever. Estou emocionado. E rapidamente após a sessão escrevo para um amigo uma sms:
“Dear vi Dulce V. Adorei e odiei. É possível? De certa forma finaliza 1 tipo de ciclo iniciado com Dama da noite e o mestrado. Bj”
Epílogo:
Eu assistindo Dulce Veiga pelo Youtube em maio de 2010 em pleno "Le Cafe" no Shopping Carri. é uma manhã de sábado. Revejo o feliz final descaradamente "inspirado" no filme francês "Guarda-chuvas do Amor"
"... Revelou o caminho do amor e a tristeza acabou."
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
As desventuras de Miss Jones
"___ Você deve aproveitar a vida de solteira [disse Magda, amiga casada de Bridget].
Magda é tão bonita(...) Não adianta dizer que a galinha do vizinho é mais gorda que a nossa. Quantas vezes fiquei deprimida, chateada, pensando na minha vida inútil, passando as noites de sábado bebendo e reclamando para Jude, Sharon e Tom [...] Batalho pra fechar o mês e riem de mim pq sou uma maluca solteira, enquanto Magda mora numa casa enorme com jarro com 8 tipos de macarrão diferentes(...) Mesmo assim está tão deprimida e insegura, achando que eu sou uma sortuda...
_____ Poxa, gostaria de ser como você Bridget e poder ter um caso com algum homem(...), ficar a noite inteira na rua sem ter que explicar nada a ninguém."
Hmmm conheço...
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O lirismo diaspórico de Geraldo Júnior
Hoje à tarde fui prestigiar a estréia da minha orientanda Alana Morais apresentando trabalho [com minha co-autoria] na semana de iniciação científica da FJN.
Título: "O tempo, o vento e o desterro: as representações da diáspora caririense na obra do poeta Geraldo Júnior"
Em especial analisamos as poesias contidas no álbum "Calendário"
Agora é batalhar pra publicar o artigo completo que ficou lindo!
Vai o resumo [sempre muito impessoal]e a bibliografia utilizada:
Resumo:
A presente pesquisa teve por objetivo analisar as representações do Cariri a partir do olhar diaspórico de um de seus narradores contemporâneos, o artista Geraldo Júnior. Atualmente radicado no Rio de Janeiro, o compositor juazeirense tem se destacado como um importante divulgador da cultura do Cariri pelo Brasil. Elegeu-se aqui sua mais recente obra, em formato de cd, “Calendário (o tempo e o vento)” como fio condutor de tais percepções e análises. Utilizando-se de métodos de análise de discurso concluiu-se que o compositor e poeta em tela tende a dividir sua abordagem entre temáticas públicas e privadas, sendo as primeiras, em sua maioria, representadas por aspectos do cotidiano, das tradições e da cultura caririense enquanto que as segundas põem em visibilidade a reflexão sobre a separação da terra de origem e suas conseqüências, em especial a ausência da mulher amada.
Palavras-chave: cultura caririense, diáspora, representações do nordeste
Bibliografia:
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. A invenção do nordeste. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.
BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
CANCLINI, N. Culturas híbridas. São Paulo: UNESP, 2003.
GONDIM, L. Pesquisa em Ciências sociais: o projeto da dissertação de mestrado. Fortaleza: EUFC, 1999.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Universitária, 2003.
MINAYO, C.(org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Petrópolis, 1994.
SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Título: "O tempo, o vento e o desterro: as representações da diáspora caririense na obra do poeta Geraldo Júnior"
Em especial analisamos as poesias contidas no álbum "Calendário"
Agora é batalhar pra publicar o artigo completo que ficou lindo!
Vai o resumo [sempre muito impessoal]e a bibliografia utilizada:
Resumo:
A presente pesquisa teve por objetivo analisar as representações do Cariri a partir do olhar diaspórico de um de seus narradores contemporâneos, o artista Geraldo Júnior. Atualmente radicado no Rio de Janeiro, o compositor juazeirense tem se destacado como um importante divulgador da cultura do Cariri pelo Brasil. Elegeu-se aqui sua mais recente obra, em formato de cd, “Calendário (o tempo e o vento)” como fio condutor de tais percepções e análises. Utilizando-se de métodos de análise de discurso concluiu-se que o compositor e poeta em tela tende a dividir sua abordagem entre temáticas públicas e privadas, sendo as primeiras, em sua maioria, representadas por aspectos do cotidiano, das tradições e da cultura caririense enquanto que as segundas põem em visibilidade a reflexão sobre a separação da terra de origem e suas conseqüências, em especial a ausência da mulher amada.
Palavras-chave: cultura caririense, diáspora, representações do nordeste
Bibliografia:
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. A invenção do nordeste. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.
BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
CANCLINI, N. Culturas híbridas. São Paulo: UNESP, 2003.
GONDIM, L. Pesquisa em Ciências sociais: o projeto da dissertação de mestrado. Fortaleza: EUFC, 1999.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Universitária, 2003.
MINAYO, C.(org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Petrópolis, 1994.
SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Primeiros passos no ensaismo [5 anos atrás]
[Publico trechos de um texto meu escrito para a disciplina de Tanatologia 5 anos atrás. Embora tenha refinado muito dos meus pensamentos sobre o tema [principalmente depois de ter lido Hannah Arendt]conservo o "ensaio" da forma como foi escrito para não trair o jovem graduando que um dia fui com meus 22 anos.
Título original: As representações da Morte no filme “Entrevista com o Vampiro”
O Teatro dos Vampiros: a busca de um significado na arte.
O teatro dos Vampiros consiste numa associação do século XVIII, a qual é formada por “vampiros que fingem ser humanos que fingem ser vampiros”. Os mesmos buscam atribuir significado às suas “vidas” encenando peças teatrais para humanos, nas quais retratam e deixam a mostra suas concepções de morte e do morrer. Transcrevemos a seguir um trecho de uma destas falas onde uma mortal contracena literalmente com a morte no palco do teatro:
“Mortal: Eu não quero morrer!
Vampiro: O que é o fim? Todos morremos.
Mortal: Mas sou jovem!
Vampiro: A morte não respeita idade. Pode vir em qualquer hora em qualquer lugar. Assim com oessa carne está rosada, vai tornar-se cinza e enrrugada com o tempo.
Mortal: Deixe me viver, não ligo!
Vampiro: Então por que ligaria se morresse agora? E suponha que a morte possa amar e libertar você agora. Para que você daria esse amor? Escolheria uma pessoa da platéia? Uma pessoa para sofrer no seu lugar?”
A esta altura do diálogo uma pessoa da platéia se levanta e diz: “Senhor vampiro, pegue-me, adoro você!”. Percebe-se que esta cena é uma sátira que a autora atribui a todos os níveis de arte e/ou entretenimento que coloca o Se humano em contato direto com a morte, entretanto supostamente livre/ salvo dela. Representando assim, o fascínio pela finitude ou seja: experienciando a morte sem entretanto participar dela.
Apesar de fazerem arte, os vampiros do teatro são decadentes e desprovidos de sentido exatamente por que “a sonata é bela por que tem vida curta, não dura vinte minutos. Se a sonata fosse uma música sem fim é certo que seu lugar seria entre os instrumentos de tortura do diabo, no inferno”. Parece haver uma relação muito íntima entre a arte ininterrupta no teatro com as “vidas” insipientes dos imortais. Este “outro lado da moeda” ou da imortalidade vai se mostrando cada vez mais forte no decorrer dos minutos do filme.
A melancolia da Eternidade:
Armand,o mais antigo vampiro que aparece até então no livro, apresenta ao espectador a contradição existente na ausência da morte:
“Sabe que poucos vampiros têm a energia da imortalidade? Morrem por sua própria vontade. O mundo muda e nós não. Aí mora ironia que finalmente nos mata”
Reside neste fato, o motivo dos seres da noite terem que constantemente estar condenando outros à á imortalidade: para atualizarem-se. Neste momento Armand mostra para Louis a importância de novos vampiros:
“os vampiros do teatro são decadentes e inúteis, não refletem nada, mas você reflete a decepção... os espírito de sua época... sua descrença na graça é a descrença de um século”
Uma dessas descrenças é em relação à possibilidade de uma vida transcendente, a modernidade desencanta o mundo não só dos mortais como dos imortais. A autora deixa ainda transparecer a sua incerteza de uma realidade post-mortem, que reflete na própria incerteza dos personagens:
“Louis: Então não há nada?
Armand: Talvez, mas talvez isso seja o único mal que nos resta
Louis: Então Deus não existe?
Armand: Eu não sei nada sobre Deus, ou sobre o diabo. Nunca tive uma visão ou soube um segredo que condenasse ou salvasse minha alma”
Quando se refere aos vampiros do teatro ele traduz ainda uma “verdade” da ditadura da eternidade (ou da busca enlouquecida por ela): “Eles se esqueceram a primeira lição: que devem ser poderosos, belos e sem arrependimento” Se a cena é ambientada no século XVIII, ainda assim não se pode esquecer que o livro foi escrito na contemporaneidade e que a ssertiva supra citada mais parece um slogan de comercial teen.
Imortalidade: Tormento para imortais, fascínio para mortais
Outra característica da contemporaneidade que parece influenciar a personalidade dos vampiros de Rice é o corportivismo supra-Estado existente, pois: “Só existe um crime entre os vampiros: matar outro vampiro”. Em tempos de crime organizado, Skin Heads, Estado paralelo dentre outros esta não parece uma realidade tão distante.
No enredo, Cláudia é condenada à sua segunda morte, sendo exposta ao sol, por que supostamente teria matado Lestat. Louis, apaixonado pela vampirinha termina seu relato ao Jornalista Daniel dizendo:
Louis: Continuo andando noite após noite, mas toda a minha paixão foi com o dourado de seus cabelos . Sou um espírito em um corpo sobrenatural, desapaixonado, imortal, vazio.
Mesmo diante de toda a malograda biografia(?) de Louis , o jornalista questiona:
Daniel: Vazio, acabou? Você não entendeu, você não é vazio, o que as pessoas não dariam para ser como você, o que eu não daria para ser como você. Ter o seu poder, ser capaz de ver tudo o que você vê!
Aqui, Daniel representa o drama humano e seu desejo pela busca da imortalidade a qualquer custo, mesmo que este seja o preço do desencantamento, do escuro e da solidão. Louis conclui dizendo: “Oh Deus, falhei de novo!”
Título original: As representações da Morte no filme “Entrevista com o Vampiro”
O Teatro dos Vampiros: a busca de um significado na arte.
O teatro dos Vampiros consiste numa associação do século XVIII, a qual é formada por “vampiros que fingem ser humanos que fingem ser vampiros”. Os mesmos buscam atribuir significado às suas “vidas” encenando peças teatrais para humanos, nas quais retratam e deixam a mostra suas concepções de morte e do morrer. Transcrevemos a seguir um trecho de uma destas falas onde uma mortal contracena literalmente com a morte no palco do teatro:
“Mortal: Eu não quero morrer!
Vampiro: O que é o fim? Todos morremos.
Mortal: Mas sou jovem!
Vampiro: A morte não respeita idade. Pode vir em qualquer hora em qualquer lugar. Assim com oessa carne está rosada, vai tornar-se cinza e enrrugada com o tempo.
Mortal: Deixe me viver, não ligo!
Vampiro: Então por que ligaria se morresse agora? E suponha que a morte possa amar e libertar você agora. Para que você daria esse amor? Escolheria uma pessoa da platéia? Uma pessoa para sofrer no seu lugar?”
A esta altura do diálogo uma pessoa da platéia se levanta e diz: “Senhor vampiro, pegue-me, adoro você!”. Percebe-se que esta cena é uma sátira que a autora atribui a todos os níveis de arte e/ou entretenimento que coloca o Se humano em contato direto com a morte, entretanto supostamente livre/ salvo dela. Representando assim, o fascínio pela finitude ou seja: experienciando a morte sem entretanto participar dela.
Apesar de fazerem arte, os vampiros do teatro são decadentes e desprovidos de sentido exatamente por que “a sonata é bela por que tem vida curta, não dura vinte minutos. Se a sonata fosse uma música sem fim é certo que seu lugar seria entre os instrumentos de tortura do diabo, no inferno”. Parece haver uma relação muito íntima entre a arte ininterrupta no teatro com as “vidas” insipientes dos imortais. Este “outro lado da moeda” ou da imortalidade vai se mostrando cada vez mais forte no decorrer dos minutos do filme.
A melancolia da Eternidade:
Armand,o mais antigo vampiro que aparece até então no livro, apresenta ao espectador a contradição existente na ausência da morte:
“Sabe que poucos vampiros têm a energia da imortalidade? Morrem por sua própria vontade. O mundo muda e nós não. Aí mora ironia que finalmente nos mata”
Reside neste fato, o motivo dos seres da noite terem que constantemente estar condenando outros à á imortalidade: para atualizarem-se. Neste momento Armand mostra para Louis a importância de novos vampiros:
“os vampiros do teatro são decadentes e inúteis, não refletem nada, mas você reflete a decepção... os espírito de sua época... sua descrença na graça é a descrença de um século”
Uma dessas descrenças é em relação à possibilidade de uma vida transcendente, a modernidade desencanta o mundo não só dos mortais como dos imortais. A autora deixa ainda transparecer a sua incerteza de uma realidade post-mortem, que reflete na própria incerteza dos personagens:
“Louis: Então não há nada?
Armand: Talvez, mas talvez isso seja o único mal que nos resta
Louis: Então Deus não existe?
Armand: Eu não sei nada sobre Deus, ou sobre o diabo. Nunca tive uma visão ou soube um segredo que condenasse ou salvasse minha alma”
Quando se refere aos vampiros do teatro ele traduz ainda uma “verdade” da ditadura da eternidade (ou da busca enlouquecida por ela): “Eles se esqueceram a primeira lição: que devem ser poderosos, belos e sem arrependimento” Se a cena é ambientada no século XVIII, ainda assim não se pode esquecer que o livro foi escrito na contemporaneidade e que a ssertiva supra citada mais parece um slogan de comercial teen.
Imortalidade: Tormento para imortais, fascínio para mortais
Outra característica da contemporaneidade que parece influenciar a personalidade dos vampiros de Rice é o corportivismo supra-Estado existente, pois: “Só existe um crime entre os vampiros: matar outro vampiro”. Em tempos de crime organizado, Skin Heads, Estado paralelo dentre outros esta não parece uma realidade tão distante.
No enredo, Cláudia é condenada à sua segunda morte, sendo exposta ao sol, por que supostamente teria matado Lestat. Louis, apaixonado pela vampirinha termina seu relato ao Jornalista Daniel dizendo:
Louis: Continuo andando noite após noite, mas toda a minha paixão foi com o dourado de seus cabelos . Sou um espírito em um corpo sobrenatural, desapaixonado, imortal, vazio.
Mesmo diante de toda a malograda biografia(?) de Louis , o jornalista questiona:
Daniel: Vazio, acabou? Você não entendeu, você não é vazio, o que as pessoas não dariam para ser como você, o que eu não daria para ser como você. Ter o seu poder, ser capaz de ver tudo o que você vê!
Aqui, Daniel representa o drama humano e seu desejo pela busca da imortalidade a qualquer custo, mesmo que este seja o preço do desencantamento, do escuro e da solidão. Louis conclui dizendo: “Oh Deus, falhei de novo!”
Varreduras
Por um triz
"No amor a tortura está por um triz".
Este poderia ser o sub-título do Filme que assisti no Cine Café do CCBNB no último sábado: "Je T'aime moi non plus" [1976]. Facilitado pelo Elvis [vou dever o sobrenome. gostei bem da energia do rapaz]..
A produção francesa casou direitirnho com as minhas leituras recentes em especial porque terminei ontem de ler "Luísa[quase uma história de amor]" de maria Adelaide Amaral...
Este poderia ser o sub-título do Filme que assisti no Cine Café do CCBNB no último sábado: "Je T'aime moi non plus" [1976]. Facilitado pelo Elvis [vou dever o sobrenome. gostei bem da energia do rapaz]..
A produção francesa casou direitirnho com as minhas leituras recentes em especial porque terminei ontem de ler "Luísa[quase uma história de amor]" de maria Adelaide Amaral...
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Entre diletantes
Um dos meus mais instigantes interlocutores na Academia [e meu colega de mestrado] me escreve:
"Que notícia maravilhosa Alexandre!!!! A vida têm dessas que se fosse para ser escrito não daria tão certo. [...] Quanto a tua surpresa não sei o porque, afinal, mais que merecida a vitória. Aliás, quem ganha é a UFC contigo aí no quadro. Muito bom mesmo!!! E ainda por cima você tá na sua área, isso não tem preço!!!! [...]
Mas agora é esticar as pernas e descansar pois a segurança de ter seu salário todo mês no mesmo dia, dando no máximo 12 créditos semanais em sala de aula não tem preço!!!
Teu destino tá aí, vai que tu é a reencarnação de algum dândi da sedição de Juazeiro, rsrsrsrs
Devo voltar a perambular por Juazeiro estou na fase final de coleta de dados da tese. Quando estiver por aí te dou uma ligada pra bebemorarmos ao teu sucesso.
Abração e mais uma vez porque nunca é demais PARABÉNS!!!!
Marcelo Cavalcanti"
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
A cabeça a mil
Hannah Arendt e Sérgio Buarque de Hollanda tão me tirando do stand by político em que eu voluntariamente me encontrava. Resultado: mechendo e remechendo nos objetos de pesquisa, nas reflexões dinossauricamente existêncialistas do meu ser-no-mundo. É PHODA.
"A democracia foi no Brasil sempre um mal-entendido".(S. B. H. em Raízes do Brasil)
E pra completar tudo, a leitura de Maria Adelaide Amaral tem me feito bem [adoro o estilo cênico do texto] e muito MAL: a necessidade de criar...
De quebra vem no cangote um Beckett que me diz:
"“a expressão de que não há nada a expressar, nada com que expressar, nada a partir
do que expressar, nenhuma possibilidade de expressar, nenhum desejo de expressar, aliado à obrigação de expressar”
E um Pasoline que como um empuxo me tira da desilusão "queridos-amigos-as-invasões-bárbaras-os-sobreviventes":
"Choro um mundo morto mas não estou morto eu que choro"
CRIAR É POSSÍVEL, NECESSÁRIO E ANTES DE TUDO: URGENTE.
"A democracia foi no Brasil sempre um mal-entendido".(S. B. H. em Raízes do Brasil)
E pra completar tudo, a leitura de Maria Adelaide Amaral tem me feito bem [adoro o estilo cênico do texto] e muito MAL: a necessidade de criar...
De quebra vem no cangote um Beckett que me diz:
"“a expressão de que não há nada a expressar, nada com que expressar, nada a partir
do que expressar, nenhuma possibilidade de expressar, nenhum desejo de expressar, aliado à obrigação de expressar”
E um Pasoline que como um empuxo me tira da desilusão "queridos-amigos-as-invasões-bárbaras-os-sobreviventes":
"Choro um mundo morto mas não estou morto eu que choro"
CRIAR É POSSÍVEL, NECESSÁRIO E ANTES DE TUDO: URGENTE.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Homens em Tempos
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
E é isso.
No final da 5ª temporada de "sex and the city" toca uma música [clique aqui] que me captou imediatamente. A cantora dizia assim, num casamento:
Is that all there is, is that all there is [Então isso é tudo?]
If that's all there is my friends, then let's keep dancing [Se isso for tudo meu amigo, então continuemos a dançar].
Volto [?] pra comentar...
muito boa [Baseada num texto do Thomas Man]
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Adeliopradeando Fortaleza
sábado, 4 de setembro de 2010
Paradeiro para o desejo?
[A escola de artes Violeta Arraes]
Quarta-feira. Fui ao Curso de Teatro da Urca facilitar um momento de discussão sobre “o queer e a Heteronormatividade na obra Agreste (Malvarosa) de Newton Moreno”.
O convite partindo das alunas Joaquina Carlos, Rita Cidade e do Prof. Ms. Duílio Cunha que está indo embora do Cariri (já lamentei neste blog sua partida. Para ler o texto clique aqui). A obra está sendo montada e estreará próximo dia 14 em única e I-M-P-E-R-D-Í-V-E-L apresentação.
Na URCA/Barbalha: pessoal atento e participativo nas quase TRÊS HORAS [?!] de exposição. A minha fala foi dividida em três momentos:
1º Introdução à arqueologia do Saber [a classificação dos corpos/comportamentos] e à Genealogia do poder [a disciplina/adestramento dos corpos] em Michel Foucault – Até chegar à heteronormatividade.
2º A obra “Mal estar na civilização” de Freud [com a díade segurança x liberdade] e a sua reinterpretação na obra “Comunidade” do pensador polonês Zygmund Bauman. O conceito de “identificação” no psicanalista Jacques Lacan que desembocará na noção de performatividade de Gênero.
3º A convergência destas duas linhas de pensamento como base da Teoria Queer. O pensamento de Judith Butler[FOTO] com sua crítica à heteronormatividade [ou heterossexualidade compulsória] e a proposição de análise das relações de poder a partir da performatividade e não da “identidade”.
Após estes momentos [quando pensei que já tinha avançado demais e que o público já estava cansado] destaquei os momentos-chaves da obra de Newton Moreno. Ao contrário do que eu pensava, o debate ficou ainda mais caloroso. Então muitas luzes se acenderam numa construção coletiva, inclusive em relação a outras obras como “avental todo sujo de ovo” e “Engenharia Erótica [na participação de Joaquina]”. Os alunos lançaram questionamentos também que eu nunca tinha me dado conta em relação ao texto.
Tudo isso girando em torno da ausência do FALO e, por conseguinte, da desestabilização da equivalência: homem=pênis=masculino x mulher=vagina=feminino. Poderia falar mais mas vou esperar a estréia.
Fiquei muito feliz em poder dar uma contribuição para esta montagem. Tanto porque adoro o texto, adoro os atores e fica também como uma espécie de “parceria” neste ato final de Duílio Cunha na URCA.
Não percam. Não perco. Por nada.
[qualquer dia conto como foi que entrei em contato pela primeira vez com este texto].
Quarta-feira. Fui ao Curso de Teatro da Urca facilitar um momento de discussão sobre “o queer e a Heteronormatividade na obra Agreste (Malvarosa) de Newton Moreno”.
O convite partindo das alunas Joaquina Carlos, Rita Cidade e do Prof. Ms. Duílio Cunha que está indo embora do Cariri (já lamentei neste blog sua partida. Para ler o texto clique aqui). A obra está sendo montada e estreará próximo dia 14 em única e I-M-P-E-R-D-Í-V-E-L apresentação.
Na URCA/Barbalha: pessoal atento e participativo nas quase TRÊS HORAS [?!] de exposição. A minha fala foi dividida em três momentos:
1º Introdução à arqueologia do Saber [a classificação dos corpos/comportamentos] e à Genealogia do poder [a disciplina/adestramento dos corpos] em Michel Foucault – Até chegar à heteronormatividade.
2º A obra “Mal estar na civilização” de Freud [com a díade segurança x liberdade] e a sua reinterpretação na obra “Comunidade” do pensador polonês Zygmund Bauman. O conceito de “identificação” no psicanalista Jacques Lacan que desembocará na noção de performatividade de Gênero.
3º A convergência destas duas linhas de pensamento como base da Teoria Queer. O pensamento de Judith Butler[FOTO] com sua crítica à heteronormatividade [ou heterossexualidade compulsória] e a proposição de análise das relações de poder a partir da performatividade e não da “identidade”.
Após estes momentos [quando pensei que já tinha avançado demais e que o público já estava cansado] destaquei os momentos-chaves da obra de Newton Moreno. Ao contrário do que eu pensava, o debate ficou ainda mais caloroso. Então muitas luzes se acenderam numa construção coletiva, inclusive em relação a outras obras como “avental todo sujo de ovo” e “Engenharia Erótica [na participação de Joaquina]”. Os alunos lançaram questionamentos também que eu nunca tinha me dado conta em relação ao texto.
Tudo isso girando em torno da ausência do FALO e, por conseguinte, da desestabilização da equivalência: homem=pênis=masculino x mulher=vagina=feminino. Poderia falar mais mas vou esperar a estréia.
Fiquei muito feliz em poder dar uma contribuição para esta montagem. Tanto porque adoro o texto, adoro os atores e fica também como uma espécie de “parceria” neste ato final de Duílio Cunha na URCA.
Não percam. Não perco. Por nada.
[qualquer dia conto como foi que entrei em contato pela primeira vez com este texto].
Uma semana produtiva
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