terça-feira, 24 de agosto de 2010

Voos paraibanos de Duílio Cunha

A Urca, o Cariri, o Ceará perderam um grande profissional. E quando isso acontece não há nada o que ser feito a não ser sentar no meio fio e chorar. Rios em prantos arquejados. O diretor de Teatro e quase-ex-professor da sofrida Universidade Estadual do Cariri (URCA), Duílio Cunha alçará em breve vôos federais e paraibanos deixando um vácuo em nossas mentes e sensibilidades. Sem falar do vácuo na própria arte caririence. Supérfluo falar de seu talento, supérfluo falar de seu teatro [que só tive oportunidade de ver o "alto de natal"; "Charivari" e a assessoria teatral de "Burra"], quero falar da pessoa.

Sábado último no hall do teatro para ver “BURRA” ele socializou a notícia [a convocação do concurso]. Uma pontada no coração [gastrite?] e na mente o comentário final de Clarice Lispector quando a escritora entrevistou Pablo Neruda. Ela disse assim:

“Espontaneamente, deu-me um livro, Cem sonetos de amor. E depois de meu nome, na dedicatória, assinou: 'De seu amigo Pablo'. Eu também sinto que ele poderia se tornar meu amigo, se as circunstâncias facilitassem. Na contracapa do livro diz: "Um todo manifestado com uma espécie de sensualidade casta e pagã: o amor como uma vocação do homem e a poesia como sua tarefa". [grifos meus]

Duílio possui o que em inglês se chama de “it”. Como falei no início deste post, “IT” ou você tem ou não tem e se não tem pode sentar também na calçada e chorar. Tentando defini-lo Ruy Castro disse que "it" seria uma espécie de atração involuntária, talvez sensual que uma pessoa exerce, sem muita consciência, sobre outras pessoas, independentemente do sexo.

São aquelas pessoas que gostamos de estar com. E que lamentamos quando vão para longe. Como agora Duílio indo para longe do Cariri. Fazendo do Teatro paraibano sua nova vocação, sua poesia e sua tarefa de cada dia.

Já deixando saudades com nossos votos de sucesso!