quinta-feira, 31 de julho de 2008

GIL “pede pra sair” e Lula aceita... pior para a cultura.


Depois de colocar o Ministério da Cultura à disposição pela terceira vez, Gilberto Gil teve ontem o seu pedido de demissão aceito pelo Presidente Lula da Silva. Noticiários de TV diversos tentaram reduzir a questão dizendo que o Ministro não estava encontrando tempo para fazer seus shows. Este, nem de longe, parece ser o motivo central.
Um dos últimos remanescentes da gestão da “esperança que venceria o medo” Gil na verdade estava descontente como sua pasta há algum tempo, principalmente por questões de cortes e superávit primário que não possibilitaram o almejado 1% do orçamento brasileiro para a cultura com recomenda a UNESCO.
Conduzindo a “prima pobre” das políticas públicas em âmbito Federal, o cantos baiano foi responsável por importantes mudanças nas políticas culturais do Brasil.
(*) Relativizou o monopólio que imantava recursos para o Rio. O quw isso lhe redeu diversos inimigos.
(*) Enfraqueceu o poder daqueles “artistas” (mal) acostumados a mamarem nas tetas do Estado e viverem à “sombra do poder” como diria Georg Lukács tomando emprestado a expressão de Thomas Mann.
(*) Depois de 8 anos de Neo-Liberalismo, privatização do dinheiro público (leia-se leis de incentivo, redução de impostos, fundações, etc.) promovido pelo Welfort, Gil foi o primeiro ministro brasileiro a enfrentar o desafio de gerir a cultura para além do sinônimo de Belas-artes.
(*)Aventurou-se pelo conceito antropológico de Cultura (modo de ser, pensar e agir) e fomentou aquelas expressões não inseridas nas lógicas do lucro (e que, portanto, não poderiam se auto sustentar). Aproximou-se, assim, do conceito de “exceção cultural” criado pela França para enfrentar a tentativa de subordinação de todas as expressões culturais à lógica da OMC.
(*) E por isso foi acusado de favorecer sua área artística pessoal (a música popular) em detrimento, por exemplo, da literatura.
Na verdade ao fomentar os pontos de cultura e por em pauta a criação de um Sistema Único de Cultura (com todas as duas limitações e perigos de burocratismos) Gil deu passos importantes para a questão da impessoalidade do Estado nesta área.
Não sejamos tolos pensando que a política de apadrinhamento acabou dentro da Gestão Gil, principalmente tendo em vista um país como o Brasil, com dimensões amazônicas e características políticas das mais diversas. Entretanto, foi flagrante a originalidade e o sucesso do ministro-cantor no pobre-ministério.