[Imagem do blog: http://matandocarpinejar.blogspot.com/]
Paola Benevides, querida amiga e uma das escritoras da minha geração que mais admiro, disse certa feita que eu era uma mescla[riceana] entre Caio Fernando e Carpinear. Claro que fiquei todo prosa, apesar de ser supérfluo falar do megalômano exagero.
Pois bem, dos três: Clarice, Caio e Carpnejar [repare os “c” iniciais] o que menos li, de longe, foi Carpinejar. Em relação ao poeta gaúcho, apesar das diametrais e explícitas diferenças, pelo menos numa coisa Paola acertou. Também tenho como horizonte algumas pequenas perdigueiragens na minha vida...
"Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando. (...) Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos."