quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Horas extras

Quando comecei a ler as cartas de Caio Fernando Abreu, acho que em 2006, surgiu também a figura capturante de Hilda Hilst. Eu costumava imaginá-la em seu sitio ainda hoje, aterrorizada pela possibilidade de ETs e pela incompletude sem sentido da vida. Um dia a surpresa. Hilda já havia morrido desde 2002.

[a irreverência de Hildinha]

Lembrei disto agora porque Quentin Bell morreu muito mais cedo do que eu pensava na obra de Bivar em 1996 [ainda na página 118]. O mesmo susto. Eu tinha a esperança de que aquele senhor presente no documentário dos extras do filme “As horas” fosse ele. Mas na verdade acho agora que aquele senhor ali presente é um dos filhos de Vita. Quem sabe aquele que apresentou o castelo a Bivar.

Ainda sobre Virginia, uma pesquisadora [prometo que colho o nome dela nos extras do filme "As horas"] disse:

“Ela passou a vida inteira tentando aceitar a morte dos pais. Tentando se provar para eles. Há uma cena num dos romances dela, chamado “Mrs. Dalloway”, na qual a Mrs. Dalloway adulta se imagina carregando a própria vida nos braços, como um bebê. Ela caminha em direção aos pais. Ambos já falecidos no romance. E ao soltar esse “pacote” na frente deles e diz: ‘Esta é minha vida. Isto foi o que eu fiz dela’. Sempre achei que fosse biográfico, era isto o que Virginia estava sempre fazendo quando escrevia. Ela estava provando alguma coisa a seus pais já mortos.”