quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Meus dragões ou “Os morangos estão maduros”


“Tenho um dragão que mora comigo. Não isso não é verdade. Não tenho um dragão. E ainda que tivesse ele não moraria comigo nem com ninguém”. – Caio Fernando Abreu.

Pois bem. Cedi e finalmente adquiri meu “Os dragões não conhecem o paraíso” do Caio. Falo que cedi porque há muito vinha flertando com a publicação dele [dos dragões] na íntegra pela Agir dentro da coletânea “Caio 3D: o melhor da década de 1980”. Resisti porque queria a formatação original. Ou será que na verdade isso era apenas uma desculpa para fugir dos “dragões” assim como a menina-personagem do conto “Felicidade Clandestina” da Clarice fugia das “Reinações de Narizinho”?

Li/ vivi os contos de “Os dragões” aos frangalhos. Primeiro veio a revolucionária encenação de “Dama da noite” que me re-apresentou ao escritor gaúcho. Vi, re-vi, Trans-vi a peça umas 10 vezes e só sosseguei quando consegui levá-la para ser encenada na UECE com o maravilhoso Silvéro Pereira dirigindo e atuando no monólogo. Depois encontrei (sem procurar) “Linda – uma história horrível” na coletânea “Os melhores contos brasileiros do Século. XX”. Veio então a busca na net. Além destes encontrei, sem esforço, outros maravilhosos como: Sem Ana, Blues; Mel e Girassol; além do texto que dá título ao livro. Fechando o que eu supunha ser este primeiro time, numa sexta-feira de trevas deliciei-me com a encenação de “Sapatinhos vermelhos”.

(Cena da peça "Uma Flor de Dama" Baseada no conto "Dama da Noite" de Caio F. Interpretada por Silvéro Pereira na Universidade Estadual do Ceará)


E quando achava que já havia lido tudo de interessante de Caio F. eis que compro “os dragões” que achei perdido num sebo. Edição da Cia. das letras. Caríssimo. Mas levei. Em casa procurei algum conto que não tinha ainda lindo mas sem esperança de encontrar algum texto a altura destes que já nomeei como os do 1° escalão.

Ledo engano: “QUE SAUDADES DE AUDREY HEPBURN”, conto nº 5 mostrou que Caio ainda pode me surpreender. Há mais ou menos um ano (desde a leitura de Dulce Veiga) não lia algo tão... Caio F. Certo que ganhei o popíssimo “ovo apunhalado” (de todos o que menos gostei) na comemoração dos dois meses de namoro, dediquei-me ao embrionário “Limite Branco” na virada do ano 2007-2008 e ainda tive um revival com “os melhores contos de C.F.A.” ganhos no aniversário de 25 anos. Mas, salvo o conto “Aconteceu na praça XV” nenhum destes livros que havia lido no “pós-Dulce Veiga” tinha acrescentado tamanho êxtase (BLISS). Transcrevo um trechinho por que esse post já está ficando longo demais. Desisto. Depois eu volto. Prometo.
Voltei mas para dizer que “Dragões” não é o livro de Caio que ficará para posteridade, mas sem é o mais bem escrito, ou como disse um entrevistador por ocasião do lançamento da obra em 1988:
“Os morangos estão maduros”.