
Este mesmo estado possui uma política midiática de segurança pública. Aqui segurança virou espetáculo. Os relatos de punição pública feitos por Foucault em “Vigiar e Punir” não chegam a perder mas é impossível não lhes associar. A política tem nome e se chama Ronda do Quarteirão. Uma espécie de policiamento comunitário.
Corta para minha rua:

Cinema a parte, o rapaz já ia alguns metros à minha frente quando vi a multidão correndo atrás. Em busca do espetáculo. Entrei em casa não sem antes ouvir o homem jogar toda sua fúria em um telefone público. Menos mal, poderia ser a conjugue.
Minutos depois chega a viatura do ronda. Uma Hilux prata (aliás todas são assim). Com aquele constrangedor megafone externo que só pára para revistar pobre. “Encosta na parede”.
Serviço feito, o quase-agressor já se encontrava docilmente acuado em seu domicílio. Fora salva a vida da moça. Mas não sem antes o espetáculo da chegada, uivos, palmas, vivas, hip hipo uhas!!!!!, E a multidão ao redor querendo mais, querendo sangue, prisões, espancamentos e a presença de Marilena Lima juntamente com outras equipes de programas policiais para registrarem tudo. Não aconteceu, os “populares” não estarão na TV amanhã dando suas versões para os fatos. Como na música, sem pressa foi cada um pro seu lado pensando numa mulher ou num time. Mas também lamentando, gargalhando, insatisfeitos e sempre atentos. Quem sabe da próxima vez?