quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um espetáculo ronda a cidade...

Vivo na TERRA DO HUMOR que também é a terra onde mais se mata MULHERES em todo o Brasil.

Este mesmo estado possui uma política midiática de segurança pública. Aqui segurança virou espetáculo. Os relatos de punição pública feitos por Foucault em “Vigiar e Punir” não chegam a perder mas é impossível não lhes associar. A política tem nome e se chama Ronda do Quarteirão. Uma espécie de policiamento comunitário.
Corta para minha rua:
Externa/noite: estava eu tranquilamente voltando para casa minha casa, doido para não perder o começo da Tela Quente quando eis que passou por mim, correndo, um homem (aproximadamente 35 anos) com uma foice, sim você entendeu o que eu disse: uma foice em punho e aos berros dizendo que iria matar a mulher. Dramático mas realista, posso dizer que senti até o vento do objeto cortante passar por mim. Dramático mas menos realista, recordei da cena onde Louis Du Pont de Lac /Brad Pitt (no pós-assassinato de sua vampirinha amante, Cláudia/Kristen Dunst) “re-mata”, também com uma foice, toda sorte de “imortal” em “Entrevista com o Vampiro” (1994, direção: Neil Jordan, adaptação do livro homônimo de Anne Rice).
Cinema a parte, o rapaz já ia alguns metros à minha frente quando vi a multidão correndo atrás. Em busca do espetáculo. Entrei em casa não sem antes ouvir o homem jogar toda sua fúria em um telefone público. Menos mal, poderia ser a conjugue.
Minutos depois chega a viatura do ronda. Uma Hilux prata (aliás todas são assim). Com aquele constrangedor megafone externo que só pára para revistar pobre. “Encosta na parede”.
Serviço feito, o quase-agressor já se encontrava docilmente acuado em seu domicílio. Fora salva a vida da moça. Mas não sem antes o espetáculo da chegada, uivos, palmas, vivas, hip hipo uhas!!!!!, E a multidão ao redor querendo mais, querendo sangue, prisões, espancamentos e a presença de Marilena Lima juntamente com outras equipes de programas policiais para registrarem tudo. Não aconteceu, os “populares” não estarão na TV amanhã dando suas versões para os fatos. Como na música, sem pressa foi cada um pro seu lado pensando numa mulher ou num time. Mas também lamentando, gargalhando, insatisfeitos e sempre atentos. Quem sabe da próxima vez?