quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mais, por favor.

“Please, sir. I want some more.” [Versão de Roman Polanski]

“Please, sir. I want some more.” [versão 1969]

“Please, sir. I want some more.” [gravura original do Livro de Dickens]

A literatura inglesa sempre esteve presente na minha vida. Não é a toa que dentre os 4 melhores livros que li este ano 3 vêm de lá (Wilde, Beckett e Woolf). Colonizados ou não, este é um fato. Afinal a Inglaterra, antes da segunda guerra mundial, era o centro do mundo e suas narrativas exerciam funções similares, embora não análogas, que o cinemão norte-americano tem hoje.
Não é a toa também que estas estórias e histórias da ilha povoem nosso periférico imaginário. Aquele povo produziu muitos dos mais exímios escritores e mais do que isso deu visibilidade a eles [muitas vezes impondo-os goela abaixo como a “verdadeira” narração do mundo].
Mas, como dizem os dialéticos, em toda hegemonia há resistência e a tradição inglesa nos forneceu diversos autores que nos mostraram retratos contraditórios, díspares da Grã-Bretanha. Destaco dois:
1. Jonathan Swith: quando eu era pequeno meu primeiro livro infantil foi deste moço: “aventuras de Gulliver” claro, na versão para crianças não havia as alegorias, críticas e sátiras e os povos gigantes e anões eram o que eram... gigantes e anões sem metáforas. [Esta obra já compõe minha lista de Leituras 2010. O Original, é claro, com suas quase 500 páginas.]
2. O outro é Charles Dickens. Sempre intui uma energia magnética vinda do nome dele. O extraordinário jornalista foi responsável por fixar o chamado “espírito do Natal” que sempre lembra um pouco da infância embora não tenhamos boneco de neve, nem [graças a deus] comamos nozes. De seus textos fiquei pasmo ao ler em “retratos londrinos” duas Crônicas publicadas em 1835 sobre o anoitecer e o amanhecer nas ruas de Londres. Eis uma descrição densa. Mais de 100 anos antes de Cliffort Geertz existir. Dickens é também considerado o grande crítico da revolução industrial com suas obras “Hard times”; “Grandes esperanças” e “Oliver Twist” que estou indo assistir agora. O de Roman Polanski.