Minha companhia nessas últimas madrugadas digitadas na reta finalíssima do ano...
Sangue novo:
Thiago Pethit... o moço vai ficar disfônico de tanto tocar no PC, quem manda ele fazer um trabalho tão bom e de apenas 6 músicas?
Serviço:
EP: "Em outro lugar"
Para compar:
São Paulo - Capital
Garimpo + Fuxique - Rua Bela Cintra 1677
Teu é o Mundo - Alameda Tietê 43 - loja 12
Outras Cidades e Regiões
Envios por correio, valor do cd (R$ 10,00) + taxa de envio a ser consultada.
Prazo normal de entrega: 10 dias da postagem, que será efetuada após a comprovação do pagamento.
Pedidos e consultas através do email: thiagopethit@gmail.com
PARA ouvir na net: www.myspace.com/lepethitprince
Sangue bom:
re-re-descobrindo Nina Simoni:
my baby just cares for me...
Se Sylvia Plath é sempre um mal estar... Nina nunca, nunca é demais...
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Jeanne Caligari comenta minha "anti-resenha"
(Alexandre escreve sobre o perfil de Caio. Faz comparações que eu não tinha me dado conta, como uma semelhança entre o livro e a obra de Michael Cunningham, As Horas. Adoro o livro, adoro o filme, adoro o autor, então acho que é bom, né?)
Só recentemente soube que Jeanne Caligari comentou em seu blog a anti-resenha que escrevi sobre o perfil que a jovem escritora de Uberaba produziu sobre a vida de Caio F.
Então ficam as dicas:
O Blog da autora: http://jeannecallegari.wordpress.com/2008/07/
O meu texto publicado no overmundo: http://www.overmundo.com.br/banco/primeira-biografia-de-caio-fernando-abreu-uma-analise
E o principal, o livro:
CAIO FERNANDO ABREU: INVENTÁRIO DE UM ESCRITOR IRREMEDIÁVEL
Autora: Jeanne Callegari
Editora: Seoman
Quanto: R$ 28 (192 págs.)
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Fernanda Takai encerrando a bienal do Livro.
(OK o post tá atrasado, mas vai aí)
Final de abril, aeroporto Pinto Martins, Fortaleza, manhã após a minha qualificação do mestrado (terminei! terminei!), eu estava embarcando para apresentar parte da pesquisa em Salvador. Na anti-sala de embarque passa, súbito, por mim um vulto muito branco. Não reconheço de cara, mas sinto um burburinho ao meu redor, as pessoas com aquela cara, assim, meio “normal, vejo esse tipo de gente todo dia... normal”. Outros se encolhendo nas poltronas azuis ao mesmo tempo em que falam para seu interlocutor do outro lado da linha “È a vocalista do Pato fu!”. Sim, o vulto muito branco era Fernanda Takai. Ela e banda haviam feito um show na noite anterior na concha acústica da UFC. Não precisei nem girar o pescoço 45º para ver uma outra figura, um tanto antipática (e naquela hora da manhã quem não estaria?) e de boina enterrada até as ventas: o marido dela, o guitarrista.
(Bienal do Livro do Ceará)
Mas falemos não deste show ocorrido por aqui há sete meses, mas da apresentação mais recente, no encerramento da bienal do livro, no centro de convenções. Confesso que estou cada vez mais satisfeito com a qualidade de produção (em especial da iluminação) dos shows que têm “subido” para Fortaleza. Agradabilíssimo, seria o adjetivo que melhor definiria este setor dos shows tanto Takai como o Acústico dos engenheiros que também passou por aqui este ano. Mas se Humberto Gessinger e cia carecem de certa, digamos, de unidade (ou coesão) temática (seja musical ou de iluminação) em suas apresentações, isso não acontece com as performances da ex-volcalista do Patu Fu e sua trupe.
(CD solo de Feranda Takai)O show é bacana, você sente que tem começo, meio e fim. Fernanda (uma gracinha) encanta todos os gêneros e orientações num estilo desajeitado-gracioso. Seja tocando Duran-Duran, “o divã” de Roberto Carlos ou o carimbó de Pinduca ela transborda doçura sem ser enjoativa ou pegajosa. Nessas releituras fica clara a impressão peculiar de seu timbre-tênue, contudo, infelizmente o mesmo não acontece em outros momentos do show, como em “com açúcar com afeto” (sem muita novidade) ou até mesmo “o barquinho” que apesar da nova roupagem ousada (é cantada em japonês), não trás o mesmo gostinho de “re”descoberta como sonoridade acompanhada pela dancinha tosca no ritmo do Pará.
Lembro que eu adorava Pato Fu, quando eles ainda eram os ilustres desconhecidos (eu tinha uns 12 anos) e ganharam o prêmio de banda revelação no MTV Music Awards Brasil de 1995 (?) com o clipe “sobre o tempo”; depois deste veio a, hoje, clássica “eu bebo pinga” que cantávamos para um professor do ensino fundamental que sempre chegava de ressaca na aula de segunda pela manhã. Depois veio o sucesso blockbuster da mesma “sobre o tempo” quando entrou nos créditos finais de Malhação. Dois anos depois do music awards ganhou as graças do povão. Pentelhou tanto que nem consigo ouvi-la hoje em dia. Aí veio a releitura de “Eu sei” da Legião Urbana e depois a chatinha-pentelha-super-exausitvamente-tocada “canção para você viver mais”. Esta música marcou meu rompimento com Patu Fu. Mas nada disso se ouve no show de Fernanda. Ela mesma avisou que foi consenso dentre os integrantes deste novo projeto que não tocariam músicas da “antiga” banda. Que bom por que não precisei ouvir “faz um tempo eu quis fazer uma canção...”, mas confesso que adoraria ter rememorado ao vivo “Eu Bebo pinga será que isso é bom ou ruim? Uaaaaaaaaaa a. Se eu fosse Pelé...”
Final de abril, aeroporto Pinto Martins, Fortaleza, manhã após a minha qualificação do mestrado (terminei! terminei!), eu estava embarcando para apresentar parte da pesquisa em Salvador. Na anti-sala de embarque passa, súbito, por mim um vulto muito branco. Não reconheço de cara, mas sinto um burburinho ao meu redor, as pessoas com aquela cara, assim, meio “normal, vejo esse tipo de gente todo dia... normal”. Outros se encolhendo nas poltronas azuis ao mesmo tempo em que falam para seu interlocutor do outro lado da linha “È a vocalista do Pato fu!”. Sim, o vulto muito branco era Fernanda Takai. Ela e banda haviam feito um show na noite anterior na concha acústica da UFC. Não precisei nem girar o pescoço 45º para ver uma outra figura, um tanto antipática (e naquela hora da manhã quem não estaria?) e de boina enterrada até as ventas: o marido dela, o guitarrista.
(Bienal do Livro do Ceará)
Mas falemos não deste show ocorrido por aqui há sete meses, mas da apresentação mais recente, no encerramento da bienal do livro, no centro de convenções. Confesso que estou cada vez mais satisfeito com a qualidade de produção (em especial da iluminação) dos shows que têm “subido” para Fortaleza. Agradabilíssimo, seria o adjetivo que melhor definiria este setor dos shows tanto Takai como o Acústico dos engenheiros que também passou por aqui este ano. Mas se Humberto Gessinger e cia carecem de certa, digamos, de unidade (ou coesão) temática (seja musical ou de iluminação) em suas apresentações, isso não acontece com as performances da ex-volcalista do Patu Fu e sua trupe.
(CD solo de Feranda Takai)O show é bacana, você sente que tem começo, meio e fim. Fernanda (uma gracinha) encanta todos os gêneros e orientações num estilo desajeitado-gracioso. Seja tocando Duran-Duran, “o divã” de Roberto Carlos ou o carimbó de Pinduca ela transborda doçura sem ser enjoativa ou pegajosa. Nessas releituras fica clara a impressão peculiar de seu timbre-tênue, contudo, infelizmente o mesmo não acontece em outros momentos do show, como em “com açúcar com afeto” (sem muita novidade) ou até mesmo “o barquinho” que apesar da nova roupagem ousada (é cantada em japonês), não trás o mesmo gostinho de “re”descoberta como sonoridade acompanhada pela dancinha tosca no ritmo do Pará.
Lembro que eu adorava Pato Fu, quando eles ainda eram os ilustres desconhecidos (eu tinha uns 12 anos) e ganharam o prêmio de banda revelação no MTV Music Awards Brasil de 1995 (?) com o clipe “sobre o tempo”; depois deste veio a, hoje, clássica “eu bebo pinga” que cantávamos para um professor do ensino fundamental que sempre chegava de ressaca na aula de segunda pela manhã. Depois veio o sucesso blockbuster da mesma “sobre o tempo” quando entrou nos créditos finais de Malhação. Dois anos depois do music awards ganhou as graças do povão. Pentelhou tanto que nem consigo ouvi-la hoje em dia. Aí veio a releitura de “Eu sei” da Legião Urbana e depois a chatinha-pentelha-super-exausitvamente-tocada “canção para você viver mais”. Esta música marcou meu rompimento com Patu Fu. Mas nada disso se ouve no show de Fernanda. Ela mesma avisou que foi consenso dentre os integrantes deste novo projeto que não tocariam músicas da “antiga” banda. Que bom por que não precisei ouvir “faz um tempo eu quis fazer uma canção...”, mas confesso que adoraria ter rememorado ao vivo “Eu Bebo pinga será que isso é bom ou ruim? Uaaaaaaaaaa a. Se eu fosse Pelé...”
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Quem tem medo de Coker Spaniel?
Terminei a leitura de "Flush" de Virgínia Woolf . Comecei a lê-lo muito despretensiosamente em maio deste ano. Não pretendo me prolongar nos paralelos infindáveis (e inúteis) entre Clarice Lispector e Virginia Woolf. Mas Olha só:
Do conto “tentação” de Clarice Lispector comentado por Caio Fernando Abreu:
“um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector — Tentação — na cabeça estonteada de encanto: ‘Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível’. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos.” (Crônica Pequenas Epifanias do livro homônimo)
Do livro Flush:
“Os dois se surpreenderam (...) Havia algo de comum entre os dois. Enquanto encararam um ao outro, pensaram: aqui estou eu. Então, sentiram: mais que diferente!(...) Ela realmente poderia ser tudo aquilo, mas ele... não. Entre os dois existia o maior abismo que pode separar um ser do outro. Ela falava. Ele era mudo. Ela era uma mulher, ele era um cão. Assim, intimamente separados, um encontrava o outro” (p. 31).
Coincidência? Cleptomania? Atávico? Ou os três ao mesmo tempo? Façam suas apostas. Não entro nessa discussão apenas jogo no ar. Até porque ela não leva a nada. No mais, larguei Flush logo depois destas páginas. Acho que a leitura era tão descontraída que me lembrou das coisas “sérias” que eu tinha que resolver. O tempo passou e numa espécie de regalo pré-qualificação da dissertação me permiti auto-presentear com “As ondas” da mesma autora. Paralisia: a abertura era (e é) sufocantemente esplendorosa. Quem leu sabe: “O sol ainda não nascera”. Tanto é que em julho em meu primeiro dia de estadia em Salvador, caminhando pela orla, em meio a vendedores ambulantes e casais melosos, não saíam da minha cabeça as palavras de Mrs. Woolf:
“Aproximando-se da praia, cada uma dessas ondas erguia-se, acumulava-se, quebrava e varria pela areia um tênue véu de água branca. A onda parava, partia novamente, suspirando como um ser adormecido cuja respiração vai e vem inconscientemente”.(p. 05).
Uma sensação terrível e medonha da “coisa viva” independente de. Sem falar que as ondas eram avistadas a partir de um “passeio ao farol” (nome de outro livro de Virginia), no caso, o Farol da Barra.
(Duplo-virgínia: Passeio ao farol vendo as ondas)
Ainda pensei em levar “As ondas” comigo para aquela Viagem (não é proposital, mas este é outro nome de obra da escritora), mas acabei levando outro livro. Tentei seguir a seqüência de criação. Afinal, primeiro Virginia escreveu “As Ondas” (1933) e só depois, para “desopilar”, dera vida a “Flush”. A obra surgiu a partir da leitura das cartas de amor de Elizabeth a Robert Browninig, nelas Virginia se encantara pelo cachorro da poeta britânica que era descrito nas missivas com graça e até mesmo atributos humanos. A escritora resolvera dar vida aquele cachorro. Imagine as memórias de um cão narradas por Virginia Woolf. Não vou me estender no tema, pois tudo isto está muito bem contado na apresentação de “Flush” (edição da L&pm), na obra e nas notas da autora. No mais parei as “ondas” na página 29. O livro é considerado a obra prima de Mrs. Woolf e deve ser consumido com moderação. Ele contém uma overdose de imagens, texturas, sensações que são acompanhadas com a passagem do tempo de seis personagens (ou vozes) desde a infância até a velhice enquanto as ondas vão e vêm como também todos os demais movimentos da natureza.
Bem, depois do abandono de “As Ondas” (e já deu para perceber como minhas leituras são fragmentadas) retornei a “Flush” em uma tarde na sala de espera do médico. Acabei de terminá-lo.
O livro, concluo, é a expressão de uma artista que caminha com segurança nas searas de sua criação. Impossível não se apaixonar pelo coker spaniel, impossível não se deleitar com a escrita leve e sarcástica crítica social de Virgínia, ao mesmo tempo em que, também, é impossível não admirar a forma como a autora debruça suas principais e revolucionárias técnicas narrativas em uma temática tão fluente e tão comum, ordinária.
(Concluo “Flush” e olho para a lombada de “as ondas” com receio. Talvez ainda não seja a hora de voltar a elas).
Do conto “tentação” de Clarice Lispector comentado por Caio Fernando Abreu:
“um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector — Tentação — na cabeça estonteada de encanto: ‘Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível’. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos.” (Crônica Pequenas Epifanias do livro homônimo)
Do livro Flush:
“Os dois se surpreenderam (...) Havia algo de comum entre os dois. Enquanto encararam um ao outro, pensaram: aqui estou eu. Então, sentiram: mais que diferente!(...) Ela realmente poderia ser tudo aquilo, mas ele... não. Entre os dois existia o maior abismo que pode separar um ser do outro. Ela falava. Ele era mudo. Ela era uma mulher, ele era um cão. Assim, intimamente separados, um encontrava o outro” (p. 31).
Coincidência? Cleptomania? Atávico? Ou os três ao mesmo tempo? Façam suas apostas. Não entro nessa discussão apenas jogo no ar. Até porque ela não leva a nada. No mais, larguei Flush logo depois destas páginas. Acho que a leitura era tão descontraída que me lembrou das coisas “sérias” que eu tinha que resolver. O tempo passou e numa espécie de regalo pré-qualificação da dissertação me permiti auto-presentear com “As ondas” da mesma autora. Paralisia: a abertura era (e é) sufocantemente esplendorosa. Quem leu sabe: “O sol ainda não nascera”. Tanto é que em julho em meu primeiro dia de estadia em Salvador, caminhando pela orla, em meio a vendedores ambulantes e casais melosos, não saíam da minha cabeça as palavras de Mrs. Woolf:
“Aproximando-se da praia, cada uma dessas ondas erguia-se, acumulava-se, quebrava e varria pela areia um tênue véu de água branca. A onda parava, partia novamente, suspirando como um ser adormecido cuja respiração vai e vem inconscientemente”.(p. 05).
Uma sensação terrível e medonha da “coisa viva” independente de. Sem falar que as ondas eram avistadas a partir de um “passeio ao farol” (nome de outro livro de Virginia), no caso, o Farol da Barra.
(Duplo-virgínia: Passeio ao farol vendo as ondas)
Ainda pensei em levar “As ondas” comigo para aquela Viagem (não é proposital, mas este é outro nome de obra da escritora), mas acabei levando outro livro. Tentei seguir a seqüência de criação. Afinal, primeiro Virginia escreveu “As Ondas” (1933) e só depois, para “desopilar”, dera vida a “Flush”. A obra surgiu a partir da leitura das cartas de amor de Elizabeth a Robert Browninig, nelas Virginia se encantara pelo cachorro da poeta britânica que era descrito nas missivas com graça e até mesmo atributos humanos. A escritora resolvera dar vida aquele cachorro. Imagine as memórias de um cão narradas por Virginia Woolf. Não vou me estender no tema, pois tudo isto está muito bem contado na apresentação de “Flush” (edição da L&pm), na obra e nas notas da autora. No mais parei as “ondas” na página 29. O livro é considerado a obra prima de Mrs. Woolf e deve ser consumido com moderação. Ele contém uma overdose de imagens, texturas, sensações que são acompanhadas com a passagem do tempo de seis personagens (ou vozes) desde a infância até a velhice enquanto as ondas vão e vêm como também todos os demais movimentos da natureza.
Bem, depois do abandono de “As Ondas” (e já deu para perceber como minhas leituras são fragmentadas) retornei a “Flush” em uma tarde na sala de espera do médico. Acabei de terminá-lo.
O livro, concluo, é a expressão de uma artista que caminha com segurança nas searas de sua criação. Impossível não se apaixonar pelo coker spaniel, impossível não se deleitar com a escrita leve e sarcástica crítica social de Virgínia, ao mesmo tempo em que, também, é impossível não admirar a forma como a autora debruça suas principais e revolucionárias técnicas narrativas em uma temática tão fluente e tão comum, ordinária.
(Concluo “Flush” e olho para a lombada de “as ondas” com receio. Talvez ainda não seja a hora de voltar a elas).
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Claptopost: Dreams
Talvez influenciado pela leitura dos recém escritos de Mr. Nazarian por esses dias tive um sonho no mínimo tosco. Sonhei que (só) dirigia a Meryl Streep na cena inicial do que (suponho, mas nunca é confiável) seria a adaptação de "a morte sem nome" para o cinema. Tinha até a trilha sonora, que ficou martelando na minha cabeça. O dia todo. Claro que Meryl estava bem mais jovem.
Só descobri que era a adaptação do tal romance quando falei com Mrs. Streep, algo sobre Letícia e ela me corrigiu: "Lorena".
Só descobri que era a adaptação do tal romance quando falei com Mrs. Streep, algo sobre Letícia e ela me corrigiu: "Lorena".
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Beijando dentes (I)
Episódio I: Dente de leite (a memória)
Tenho todos os meus dentes. Mentira, tive que fazer aquela cirurgia para remover os lá de trás (aqueles que não servem para nada). Estranhamente eles não doíam, mas viviam inflamados. E por conta de medos de infecções, bactérias caídas em correntes sanguíneas e todas essas coisas que a agente ouve falar por aí, resolvi retirá-los.
Caso semelhante (embora não análogo) aconteceu com o “beijando dentes” de Maurício (e só quero chamar de Manuel) de Almeida. (Para não esquecer fico lembrando: o nome do personagem do “limite branco”): Ele não doía, mas desde a pré-leitura inflamava. E como aquela fantasia lancaneana que precisava ser atravessada, segui a intuição e, sem ao menos ler uma sentença do estreante escritor, fui estirpar a dúvida: comprei o livro. O nome do livro me captava.
(traumas de "insônia")
Dentes não estão entre meus assuntos favoráveis. Traumas de infância, dentistas terroristas, a zoadinha do motor, a mãe acordando a gente para confirmar se havia escovar e, a irremediável insônia pós-súbito-despertar. Inclusive insônia é um dos espectros que rondam os contos de Maurício. Mas volto logo a este tema. Lembro de uma dentista me dizendo que se eu não cuidasse dos meus dentes perderia todos eles. Que maldade é possível fazer na subjetividade de uma criança. Desde então, até os dias de hoje, não são raros, e já fazem alguns anos, sonhos com dentes caindo, sumindo, quebrando, encolhendo, sendo engolidos, dentes me perseguindo, eu perseguindo dentes, etc. Sem falar nas tentativas de interpretação supersticiosas: mortes, falências, doença. Tudo isso tem, de certa forma, a ver com o livro do jovem de Campinas, mas nada disso eu pensava ao tentar comprá-lo (o livro). Pelo menos, não conscientemente. “Beijando dentes” não me passava uma idéia de, como tenho lido por aí, uma simples incomunicabilidade. De cara o título me transmitiu a imagem de um casal descuidado, imerso na rotina que ao tentar reviver aquele antigo ato do beijo, por descuido (ou seria desinteresse?) acabava por chocar seus dentes. Esta era a cena inicial.
Muitas coisas se desdobraram desde a leitura, mas volto depois para contar mais. No momento (02:50 da manhã), só me falta ler o último conto “uma pedra à mão”. Vou pra cama com esperança de não-insônia e sonhos, de preferência sem dentes. Estes, eu prefiro na vida desperta, na minha boca e na boa literatura.
Tenho todos os meus dentes. Mentira, tive que fazer aquela cirurgia para remover os lá de trás (aqueles que não servem para nada). Estranhamente eles não doíam, mas viviam inflamados. E por conta de medos de infecções, bactérias caídas em correntes sanguíneas e todas essas coisas que a agente ouve falar por aí, resolvi retirá-los.
Caso semelhante (embora não análogo) aconteceu com o “beijando dentes” de Maurício (e só quero chamar de Manuel) de Almeida. (Para não esquecer fico lembrando: o nome do personagem do “limite branco”): Ele não doía, mas desde a pré-leitura inflamava. E como aquela fantasia lancaneana que precisava ser atravessada, segui a intuição e, sem ao menos ler uma sentença do estreante escritor, fui estirpar a dúvida: comprei o livro. O nome do livro me captava.
(traumas de "insônia")
Dentes não estão entre meus assuntos favoráveis. Traumas de infância, dentistas terroristas, a zoadinha do motor, a mãe acordando a gente para confirmar se havia escovar e, a irremediável insônia pós-súbito-despertar. Inclusive insônia é um dos espectros que rondam os contos de Maurício. Mas volto logo a este tema. Lembro de uma dentista me dizendo que se eu não cuidasse dos meus dentes perderia todos eles. Que maldade é possível fazer na subjetividade de uma criança. Desde então, até os dias de hoje, não são raros, e já fazem alguns anos, sonhos com dentes caindo, sumindo, quebrando, encolhendo, sendo engolidos, dentes me perseguindo, eu perseguindo dentes, etc. Sem falar nas tentativas de interpretação supersticiosas: mortes, falências, doença. Tudo isso tem, de certa forma, a ver com o livro do jovem de Campinas, mas nada disso eu pensava ao tentar comprá-lo (o livro). Pelo menos, não conscientemente. “Beijando dentes” não me passava uma idéia de, como tenho lido por aí, uma simples incomunicabilidade. De cara o título me transmitiu a imagem de um casal descuidado, imerso na rotina que ao tentar reviver aquele antigo ato do beijo, por descuido (ou seria desinteresse?) acabava por chocar seus dentes. Esta era a cena inicial.
Muitas coisas se desdobraram desde a leitura, mas volto depois para contar mais. No momento (02:50 da manhã), só me falta ler o último conto “uma pedra à mão”. Vou pra cama com esperança de não-insônia e sonhos, de preferência sem dentes. Estes, eu prefiro na vida desperta, na minha boca e na boa literatura.
Barrados na bienal
(movimento dos sem ingresso)
Quem foi viu. Ou melhor: não viu o "cordel do Fogo encantado".A segurança ainda foi bacana deixando alguns "sem ingresso" entrarem no lugar dos com-ingresso-mas-atrasados.O que,é lógico,gerou a maior,naverdade nem tão grande assim, confusão.
Eu estava lá: (o meio careca deazul)
Na verdade este post tão bestim é só pra registrar a frase da noite:
"Eu quero meu Harry Potter de volta!" hahahahahahahahaa (*)
(*) Tinha-se que trocar (uma semana antes) um livro pelo ingresso.
sábado, 15 de novembro de 2008
Bienal beijando dentes:
Após o “momento companheiro” fomos ao café do SESC assistir o lançamento do livro; “Beijando Dentes” do jovem escritor Maurício de Almeida (26 anos). Muito interessante e sem “pose de escritor” ele discorreu sobre a criação do livro e suas referências: Raduan Nassar, principalmente.
O debate girou em torno do processo de criação, a desconstruição do texto, hermetismo contemporâneo, escritores que escrevem para escritores e não para leitores, essas coisas. Achei-o super diplomático (e seguro) nas suas colocações.
Não dá para opinar muito,agora, sobre o livro. Mas de cara gostei dos dois primeiros contos “três caminhos” narrativa conduzida no estilo “Kew Gardens” de Virginia Woolf e “Às quatro e meia da manhã” texto com uma “voz própria”, mas que tem ressonâncias explícitas e implícitas ao conto “pela passagem de uma grande dor” do Caio F. No mais, transcrevo as palavras de Leila Perrone-Moisés estritas na orelha da obra:
“Esta coletânea se constitui de contos fortes, tanto pela temática, geralmente sombria, como pela linguagem. Encontramos aí monólogos e diálogos de personagens exaltados, quase alucinados. Diferentemente da maioria dos autores contemporâneos que, em busca de uma expressão forte, se valem de termos obscenos ou perdem-se em discursos totalmente desestruturados, o narrador desses textos domina com brio a fúria das palavras”.
(momento autógrafo... sempre meio constrangedor)
Ao ser interpelado sobre seus colegas “desestruturadores” e “obscenos”, o autor de “beijando dentes” disse que se deve valer de qualquer linguagem desde que ela não termine sendo supérflua ao texto. E lembrou que muitas das ditas “as inovações” na escrita já acontecem há pelo menos 1 século, e aquilo que pode parecer “a vanguarda”na solidão da criação pode na verdade ser a expressão mais desgastada do “autor-à-procura-de-uma-nova-forma”.
(momento pose-pra-foto: não menos constrangedor).
Serviço:
"Beijando dentes" - Prêmio Sesc de Literatura 2007
Autor: Maurício de Almeida
Editora: Record
Blog do Autor: www.mauriciodealmeida.blogspot.com
O debate girou em torno do processo de criação, a desconstruição do texto, hermetismo contemporâneo, escritores que escrevem para escritores e não para leitores, essas coisas. Achei-o super diplomático (e seguro) nas suas colocações.
Não dá para opinar muito,agora, sobre o livro. Mas de cara gostei dos dois primeiros contos “três caminhos” narrativa conduzida no estilo “Kew Gardens” de Virginia Woolf e “Às quatro e meia da manhã” texto com uma “voz própria”, mas que tem ressonâncias explícitas e implícitas ao conto “pela passagem de uma grande dor” do Caio F. No mais, transcrevo as palavras de Leila Perrone-Moisés estritas na orelha da obra:
“Esta coletânea se constitui de contos fortes, tanto pela temática, geralmente sombria, como pela linguagem. Encontramos aí monólogos e diálogos de personagens exaltados, quase alucinados. Diferentemente da maioria dos autores contemporâneos que, em busca de uma expressão forte, se valem de termos obscenos ou perdem-se em discursos totalmente desestruturados, o narrador desses textos domina com brio a fúria das palavras”.
(momento autógrafo... sempre meio constrangedor)
Ao ser interpelado sobre seus colegas “desestruturadores” e “obscenos”, o autor de “beijando dentes” disse que se deve valer de qualquer linguagem desde que ela não termine sendo supérflua ao texto. E lembrou que muitas das ditas “as inovações” na escrita já acontecem há pelo menos 1 século, e aquilo que pode parecer “a vanguarda”na solidão da criação pode na verdade ser a expressão mais desgastada do “autor-à-procura-de-uma-nova-forma”.
(momento pose-pra-foto: não menos constrangedor).
Serviço:
"Beijando dentes" - Prêmio Sesc de Literatura 2007
Autor: Maurício de Almeida
Editora: Record
Blog do Autor: www.mauriciodealmeida.blogspot.com
Bienal Vermelha.
Ainda emergindo do baque de “morango e chocolate” resolvi passar parte do meu 1º dia de bienal do livro atualizando minha bibliografia vermelha exatamente pra (re)ver o que dizia, no papel, o velho barbado. Quando me dei conta: já li “para a crítica de economia Política”, O primeiro Tomo do “Capital”, “A Ideologia Alemã” (a edição antiga com a 1ª parte) e “A miséria da Filosofia”, Mas nunca tinha lido (nem possuía) O manifesto do partido Comunista!
(Aquisições vermelhas)
Como Bienal é bienal em todo lugar, não me apressei muito em visitar muitos stands. Afinal, os livros estão dos mesmos preços que nas livrarias. Então... qual a vantagem? Me pergunto. Não tenho resposta.
O melhor stand da noite, até antes do lançamento do livro do Maurício de Almeida, foi o da Editora do MST: expressão popular. Lá comprei, finalmente, o manifestim (no sentido de versão pocket) e achei o clássico da filosofia marxista, numa edição super caprichada em parceria com a CLACSO, “Filosofia da Práxis” de Adolfo Sanchez Vazquez. O livro (uma puta aula de filosofia Hegeliana, de Feuerbach e marxista) em editora normal está entre 50 e 60 reais. Na expressão popular sai pela bagatela de apenas 20, eu disse 20 reais. O militante comunista me explicou: eles produzem livros a preço de custo.
Nada melhor do que a lucidez anti-burocrata de Vasquéz e as palavras do próprio fundador do socialismo para desatar alguns nós. Ou não.
(Aquisições vermelhas)
Como Bienal é bienal em todo lugar, não me apressei muito em visitar muitos stands. Afinal, os livros estão dos mesmos preços que nas livrarias. Então... qual a vantagem? Me pergunto. Não tenho resposta.
O melhor stand da noite, até antes do lançamento do livro do Maurício de Almeida, foi o da Editora do MST: expressão popular. Lá comprei, finalmente, o manifestim (no sentido de versão pocket) e achei o clássico da filosofia marxista, numa edição super caprichada em parceria com a CLACSO, “Filosofia da Práxis” de Adolfo Sanchez Vazquez. O livro (uma puta aula de filosofia Hegeliana, de Feuerbach e marxista) em editora normal está entre 50 e 60 reais. Na expressão popular sai pela bagatela de apenas 20, eu disse 20 reais. O militante comunista me explicou: eles produzem livros a preço de custo.
Nada melhor do que a lucidez anti-burocrata de Vasquéz e as palavras do próprio fundador do socialismo para desatar alguns nós. Ou não.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
1º dia de Bienal (para mim)
Bienal Vermelha: No stand da "Expressão popular" (editora do MST)incrementando minha "coleção companheira".
Autógrafo nos dentes: No Café do SESC tietando o Maurício de Almeida no lançamento de seu "Beiajando dentes".
Volto pra contar.
Autógrafo nos dentes: No Café do SESC tietando o Maurício de Almeida no lançamento de seu "Beiajando dentes".
Volto pra contar.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
KRZYSZTOF KIESLOWISKI, guarda-chuvas e “cinema europeu”
Krzysztof Kieslowiski entrou definitivamente na minha vida quando assisti ainda em 1998 (14 anos) dois de seus filmes (“Não Amarás” e “Não Matarás”) rodados antes da consagração vir com a “trilogia das cores”.
Mas antes disso eu já havia ouvido falar do diretor polonês. Ainda em 1995 soube que o cineasta recém-falecido deixara a sua última obra em vida completa: “A fraternidade é vermelha” (filme que finaliza aquela trilogia e que finalmente assisti ontem, me motivando a escrever este post).
A fraternidade é vermelha faz parte da trilogia das cores que também contém: “A liberdade é Azul” (com a belíssima Juliette Binoche); “A igualdade é branca” (e com a não menos bela Julie Delpy – é sempre bom lembrar, a Celine, o par romântico de Jesse Wallace em “Antes do amanhecer”).
Mas voltemos aos primeiros Kieslowiski. Afinal, o primeiro a gente nunca esquece. Posso dizer que foi Kieslowiski quem me apresentou àquilo que chamam de “cinema europeu”. Definitivamente um termo incompleto e até equivocado. Pois é no mínimo estranho colocar sob o mesmo guarda-chuva cinemas tão díspares quanto os de Danny Boyle, Igmar Bergman, Bertolucchi, etc. Mas, abstraídas as galopantes diferenças, é impossível negar a distinção óbvia do clima “estético” destes cineastas em relação ao “cinemão norte-americano”.
É nesta seara que entram a câmera, o roteiro e a direção de Krzysztof Kieslowiski. À primeira vista, lembro que causou certa estranheza. Estranheza confirmada quando, ainda naquele ano de 1998, aluguei em VHS a primeira parte da trilogia: “A liberdade é azul” para ver com a família. Quem não dormiu durante o filme acabou dizendo: como é que uma pessoa faz um filme sem contar história nenhuma?
Bem, não é de uma afirmação totalmente é falsa, pois quem se apega ao clima de suspense que perpassa o cotidiano da maioria dos personagens acaba se decepcionando: não é um filme de Supercine. Quem se apega à temática amorosa e espera finais felizes fáceis e cinderelescos também se frustrará. Krzysztof Kieslowiski não é nada óbvio. E isto não quer dizer que ele seja pedante, intelectualóide ou “filosófico” demais. Na verdade, o cineasta polonês tenta romper a camada do verniz automático e cotidiano lançando olhares hipnóticos a partir de uma direção de fotografia que, apesar do termo clichê, não consigo adjetivas de outra forma, É PURA POESIA.
Krzysztof Kieslowiski está para o cinema assim com Virgínia Woolf está para a literatura, no sentido dado pelo Crítico de arte José Arantes:
“a força da imaginação transfigurada em linguagem, em geral mais por poetas que por romancistas, mas que em Virgínia é fundamental para comunicar um halo luminoso, um invólucro semitransparente que nos cerca do princípio ao fim da consciência”.
Dez anos me separavam da última vez que tinha visto um Kieslowiski. E posso dizer, após ver “a fraternidade é vermelha” , que a frase acima é a melhor síntese da obra do cineasta. Ele capta, como poucos, este halo luminoso, este invólucro semi-transparente, estas pequenas epifanias que te cercam, que nos cercam.
Mas antes disso eu já havia ouvido falar do diretor polonês. Ainda em 1995 soube que o cineasta recém-falecido deixara a sua última obra em vida completa: “A fraternidade é vermelha” (filme que finaliza aquela trilogia e que finalmente assisti ontem, me motivando a escrever este post).
A fraternidade é vermelha faz parte da trilogia das cores que também contém: “A liberdade é Azul” (com a belíssima Juliette Binoche); “A igualdade é branca” (e com a não menos bela Julie Delpy – é sempre bom lembrar, a Celine, o par romântico de Jesse Wallace em “Antes do amanhecer”).
Mas voltemos aos primeiros Kieslowiski. Afinal, o primeiro a gente nunca esquece. Posso dizer que foi Kieslowiski quem me apresentou àquilo que chamam de “cinema europeu”. Definitivamente um termo incompleto e até equivocado. Pois é no mínimo estranho colocar sob o mesmo guarda-chuva cinemas tão díspares quanto os de Danny Boyle, Igmar Bergman, Bertolucchi, etc. Mas, abstraídas as galopantes diferenças, é impossível negar a distinção óbvia do clima “estético” destes cineastas em relação ao “cinemão norte-americano”.
É nesta seara que entram a câmera, o roteiro e a direção de Krzysztof Kieslowiski. À primeira vista, lembro que causou certa estranheza. Estranheza confirmada quando, ainda naquele ano de 1998, aluguei em VHS a primeira parte da trilogia: “A liberdade é azul” para ver com a família. Quem não dormiu durante o filme acabou dizendo: como é que uma pessoa faz um filme sem contar história nenhuma?
Bem, não é de uma afirmação totalmente é falsa, pois quem se apega ao clima de suspense que perpassa o cotidiano da maioria dos personagens acaba se decepcionando: não é um filme de Supercine. Quem se apega à temática amorosa e espera finais felizes fáceis e cinderelescos também se frustrará. Krzysztof Kieslowiski não é nada óbvio. E isto não quer dizer que ele seja pedante, intelectualóide ou “filosófico” demais. Na verdade, o cineasta polonês tenta romper a camada do verniz automático e cotidiano lançando olhares hipnóticos a partir de uma direção de fotografia que, apesar do termo clichê, não consigo adjetivas de outra forma, É PURA POESIA.
Krzysztof Kieslowiski está para o cinema assim com Virgínia Woolf está para a literatura, no sentido dado pelo Crítico de arte José Arantes:
“a força da imaginação transfigurada em linguagem, em geral mais por poetas que por romancistas, mas que em Virgínia é fundamental para comunicar um halo luminoso, um invólucro semitransparente que nos cerca do princípio ao fim da consciência”.
Dez anos me separavam da última vez que tinha visto um Kieslowiski. E posso dizer, após ver “a fraternidade é vermelha” , que a frase acima é a melhor síntese da obra do cineasta. Ele capta, como poucos, este halo luminoso, este invólucro semi-transparente, estas pequenas epifanias que te cercam, que nos cercam.
Cores e contradições: tentando entender Cuba
Em 1994 (eu tinha 11 anos) assisti a primeira cerimônia do Oscar. Dentro, ainda da minha infância, lendo Edgar Allan Poe, por exemplo, não poderia nem imaginar a contradição da festa de auto-celebração de Hollywood. Havia um filme cubano concorrendo ao Oscar de melhor produção estrangeira. Me refiro ao excelente : Morango e Chocolate (título original: fresa e chocolate) que acabo de assistir 14 anos depois.
O filme rodado na ilha de Fidel não ganharia a estatueta naquele ano. Na verdade até me impressiono com a minha boa memória: o ganhador foi “Sol enganador” da Rússia (que também, até hoje, não vi). Ouviria ainda falar sobre o filme numa roda de conversa sobre Reinaldo Arenas e no “Vozes de Nuestra América” quando perguntei ao representante do governo cubano sobre a liberdade de expressão, escrita, Reinaldo Arenas e as questões de diversidade sexual aquele país. (Porque o que chega aqui, geralmente, a nós sobre estas realidades de Cuba é sob as lentes, nada amistosas, do EUA, expliquei.
(do site: http://jornaloformigueiro.blogspot.com/2007_12_09_archive.html)
Sobre os escritores, decepção: o representante desqualificou a monumental obra de Arenas, dizendo que o escritor não era a melhor referência para a literatura cubana. Arenas foi considerado um contra-revolucionário do Regime de Fidel.
Sobre a liberdade de expressão e a diversidade sexual: o rapaz falou que o governo cubano tem avançado muito nestas questões, entretanto, a própria sociedade cubana ainda tem muita resistência ao tema.
Me lembro dos pró dos contras da Ilha de Che. Principalmente daquela frase: “Hoje, milhares de crianças dormirão nas ruas e nenhuma delas é cubana”.
Impossível não lembrar de Arenas ao assistir o “morango e chocolate”. O autor de “antes de anoiteça” era apaixonado por sua terra e pelos cubanos. Contudo, o preço do seu pensamento, foi ter sido censurado, preso, mandado para campo de concentração e trabalhos forçados por contas da palavras “laikas” (como dizia Caio F.) que brotavam de sua pena.
Para mim a cena chave do filme é quando o protagonista resolve escrever uma carta de protesto contra a censura de uma exposição de arte numa embaixada (a manifestação lhe valeria o emprego). Transcrevo um trecho:
“Só aceitam pintores ingênuos ou oficiais ou os que se dizem modernos, porque no fundo não dizem nada de novo. São pura decoração (...) A arte não se transmite, a arte é para sentir e pensar. Que se transmitam coisas na rádio nacional. ”
Então me pergunto: qual seria o preço do “novo homem” pretendido por Che? Naquele mesmo “Vozes de Neustra América” assisti uma palestra sobre a atualidade do pensamento de Guevara. E me surpreendi ao ver o homem por trás do clichê estampado nas camisas. A palestrante falava sobre as novas determinações postas na realidade, que demandam novos olhares e novas discussões sobre pensamento de Che.
Outro ponto importante discutido naqueles dias era a questão das novas gerações cubanas nascidas no pós-URSS. Uma geração sem a antiga bipolaridade. Eles se questionavam: como tornar a revolução socialista uma revolução também nas estruturas de poder hoje constituídas, como dizia Marx, “uma revolução com alma social”.
Então ficam perguntas e mais perguntas: é possível pensar uma política das diferenças dentro de Cuba? A antiga afirmação de Arenas, reproduzida mais abaixo, é importante para nos lembrarmos que o “modelo EUA” não necessariamente, e eu diria que quase nunca, absorve estes “estranhos estrangeiros” a menos que eles adquiram os elementos de distinção de classe e grupo social. E aqui entra a insuperável questão de classe. Mas voltemos à frase de Arenas depois de fugir de Cuba e “comer o papo que o diáboa amassou” em Nova York:
(Foto do cubano exilado Reinaldo Arenas)A diferença entre o socialismo e o capitalismo é que em Cuba você leva um pé na bunda e é obrigado a aplaudir enquanto que nos EUA você leva o mesmo pé na bunda, mas tem a “liberdade” para reclamar.
E eu acrescento... o problema é que se você é estrangeiro, pobre, latino e gay ninguém vai ouvir. E caímos outra vez na questão dos corpos abjetos.
Se a arte é um momento de suspensão do cotidiano, como dizia Agnes Heller, a própria existência deste filme e a sua possibilidade de ter sido rodado em Cuba, demonstra que a questão rompeu os guetos e adentrou o espaço público.
Resta-nos perguntar: qual o futuro de Cuba? Não sei, mas de uma coisa tenho certeza, contra maniqueísmos simplistas também não farei coro com os “Baba-ovo-capacho” como o jornalista Wilham Wack quando no Jornal da Globo, quase solta fogos de artifícios ao anunciar a renúncia de Fidel em 20 de fevereiro deste mesmo ano.
O filme rodado na ilha de Fidel não ganharia a estatueta naquele ano. Na verdade até me impressiono com a minha boa memória: o ganhador foi “Sol enganador” da Rússia (que também, até hoje, não vi). Ouviria ainda falar sobre o filme numa roda de conversa sobre Reinaldo Arenas e no “Vozes de Nuestra América” quando perguntei ao representante do governo cubano sobre a liberdade de expressão, escrita, Reinaldo Arenas e as questões de diversidade sexual aquele país. (Porque o que chega aqui, geralmente, a nós sobre estas realidades de Cuba é sob as lentes, nada amistosas, do EUA, expliquei.
(do site: http://jornaloformigueiro.blogspot.com/2007_12_09_archive.html)
Sobre os escritores, decepção: o representante desqualificou a monumental obra de Arenas, dizendo que o escritor não era a melhor referência para a literatura cubana. Arenas foi considerado um contra-revolucionário do Regime de Fidel.
Sobre a liberdade de expressão e a diversidade sexual: o rapaz falou que o governo cubano tem avançado muito nestas questões, entretanto, a própria sociedade cubana ainda tem muita resistência ao tema.
Me lembro dos pró dos contras da Ilha de Che. Principalmente daquela frase: “Hoje, milhares de crianças dormirão nas ruas e nenhuma delas é cubana”.
Impossível não lembrar de Arenas ao assistir o “morango e chocolate”. O autor de “antes de anoiteça” era apaixonado por sua terra e pelos cubanos. Contudo, o preço do seu pensamento, foi ter sido censurado, preso, mandado para campo de concentração e trabalhos forçados por contas da palavras “laikas” (como dizia Caio F.) que brotavam de sua pena.
Para mim a cena chave do filme é quando o protagonista resolve escrever uma carta de protesto contra a censura de uma exposição de arte numa embaixada (a manifestação lhe valeria o emprego). Transcrevo um trecho:
“Só aceitam pintores ingênuos ou oficiais ou os que se dizem modernos, porque no fundo não dizem nada de novo. São pura decoração (...) A arte não se transmite, a arte é para sentir e pensar. Que se transmitam coisas na rádio nacional. ”
Então me pergunto: qual seria o preço do “novo homem” pretendido por Che? Naquele mesmo “Vozes de Neustra América” assisti uma palestra sobre a atualidade do pensamento de Guevara. E me surpreendi ao ver o homem por trás do clichê estampado nas camisas. A palestrante falava sobre as novas determinações postas na realidade, que demandam novos olhares e novas discussões sobre pensamento de Che.
Outro ponto importante discutido naqueles dias era a questão das novas gerações cubanas nascidas no pós-URSS. Uma geração sem a antiga bipolaridade. Eles se questionavam: como tornar a revolução socialista uma revolução também nas estruturas de poder hoje constituídas, como dizia Marx, “uma revolução com alma social”.
Então ficam perguntas e mais perguntas: é possível pensar uma política das diferenças dentro de Cuba? A antiga afirmação de Arenas, reproduzida mais abaixo, é importante para nos lembrarmos que o “modelo EUA” não necessariamente, e eu diria que quase nunca, absorve estes “estranhos estrangeiros” a menos que eles adquiram os elementos de distinção de classe e grupo social. E aqui entra a insuperável questão de classe. Mas voltemos à frase de Arenas depois de fugir de Cuba e “comer o papo que o diáboa amassou” em Nova York:
(Foto do cubano exilado Reinaldo Arenas)A diferença entre o socialismo e o capitalismo é que em Cuba você leva um pé na bunda e é obrigado a aplaudir enquanto que nos EUA você leva o mesmo pé na bunda, mas tem a “liberdade” para reclamar.
E eu acrescento... o problema é que se você é estrangeiro, pobre, latino e gay ninguém vai ouvir. E caímos outra vez na questão dos corpos abjetos.
Se a arte é um momento de suspensão do cotidiano, como dizia Agnes Heller, a própria existência deste filme e a sua possibilidade de ter sido rodado em Cuba, demonstra que a questão rompeu os guetos e adentrou o espaço público.
Resta-nos perguntar: qual o futuro de Cuba? Não sei, mas de uma coisa tenho certeza, contra maniqueísmos simplistas também não farei coro com os “Baba-ovo-capacho” como o jornalista Wilham Wack quando no Jornal da Globo, quase solta fogos de artifícios ao anunciar a renúncia de Fidel em 20 de fevereiro deste mesmo ano.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Literatura visceral...
... tem nome e atende por João Gilberto Noll
Junte o hedonismo de um Jean Genet, a anti-narrativa ressaqueada e desterritorializada de um Samuel Beckett e o lirismo cadenciado de uma Virginia Woolf ou Clarice Lispector; e você terá alguns elementos para entender porque João Gilberto Noll é o MELHOR ESCRITOR BRASILEIRO VIVO (que está em plena atividade).
Estes comentários derramados vêm após a minha (parcial) leitura do mais novo romance do escritor gaúcho: “Acenos e afagos” (Record, 2008). Estou no primeiro terço do livro, mas não me contenho:
Comentar um livro ainda não lido até o final é perigoso, pois os destinos dados à estória podem decepcionar. Isso aconteceu quando li um outro livro do mesmo autor: “Berkeley em Bellagio”(Francis, 2003), lá, Noll escreve um delicioso 2/3 de romance, que tinha tudo para superar o que considero ser, seu melhor livro: “A fúria do corpo”(Rocco, 1989). Mas o desfecho daquela narrativa não está à altura do clima “estrangeiro” erigido no decorrer da “trama”(?). Bem, falar em trama, quando se trata de Noll é sempre complicado, pois o escritor desponta exatamente no cenário brasileiro dos anos 1980 como o “nosso” Beckett (dramaturgo irlandês que escreveu quase toda sua obra na França e em francês): aquele que desafia os limites e o desgaste da narrativa. Só que, como sempre acontece em arte, Noll mantém esse rítmo anti-“trama” durante quase três décadas. Ritmo este que muitos, desde “água-viva” de Clarice Lispector, comparam com a improvisação do Jazz. Ou seja, no final dos anos 1990, sua “crítica” ao desgaste da narrativa já apresenta sinais de, digamos assim, desgaste.
É quando surgem alguns críticos dizendo que o escritor está se repetindo demais, e começa-se a questionar sobre o futuro da literatura de Noll. Surdo a estas constatações, e não fazendo concessões fáceis em seus textos (lembro que Noll é escritor full time sem ser necessariamente um best-seller) ele parece continuar, nesta nova obra, com a tônica da famosa citação de Beckett:
“a expressão de que não há nada a expressar, nada com que expressar, nada a partir do que expressar, nenhuma possibilidade de expressar, nenhum desejo de expressar, aliado à obrigação de expressar”
Esta talvez fosse a epígrafe para uma coletânea das obras do escritor gaúcho (lembro que já existe uma coletânea tipo, “obra completa” publicada pela cia. das letras).
Bem, então vamos às 70 primeiras páginas de “Acenco e afagos”: à primeira vista me agrada o fato de Noll ter voltado a uma narrativa de maior fôlego (após uma fase longuíssimas de contos e romance cerca de 100 páginas). Num primeiro momento é impossível não recordar de “a fúria do corpo”, como disse mais acima, o que considero ser o melhor livro do escritor (levando-se em consideração que já comprei, mas ainda não tive tempo de ler “Harmada”, eleito pela “Revista Bravo!” como um dos 100 livros essenciais da literatura brasileira de todos os tempo).
Na abertura há em “acenos e afagos” ecos do início de “lavoura arcaica”, de Raduan Nassar. Mas o que mais marca é o clima libidinal, e não necessariamente sexual, que faz lembrar “Querelle” e “Diário de um ladrão” (ambos de Genet). Aliás, Noll joga o tempo todo com esses limites dos corpo pautados em “A fúria...”. Aqui a narrativa é menos barroca, menos eclesiástico-profana e o protagonista até tem uma família. O que é de se estranhar, vindo de Noll. Mas isso não tira um certo aspecto sacramental-maldito, como escreve José Castello escreve na orelha do livro:
“Como em a ‘fúria do corpo’(1981), outra grande obra de João Gilberto Noll, é a libido, radicalmente, que move a escrita[...] sem freios, culpa ou pecado e, por isso, pode-se falar, a respeito de Noll, em santidade, como no caso de Genet visto por Sartre”. É o que podemos ver no trecho em que o narrador diz:
“Quando intrépido abro a camisa do estranho, ato contínuo começo a dar vazão às várias constelações de carícias. A mão nos botões não é um gesto menos nobre do que o da mão na bíblia, para dar início aos trabalhos de realimentar nossa fome infinita. Quando, porém, me encontro em rasgada simpatia ao lado de alguém por quem nutro um afeto sólido, nascido anteriormente, preciso fechar os olhos para sentir as primeiras contrações na base do cacete para o impulso ao jorro” (p. 39).
Dito isto, eis mais um Noll para se desatar e deliciar em meio a acenos e afagos.
João Gilberto Noll nasceu em Porto Alegre, 1946. É autor de 13 livros. Venceu o prêmio Jabuti (maior honraria da literatura brasileira) em 1981, 1994, 1997, 2004 e 2005. Foi publicado na Inglaterra, Itália e Argentina.
Junte o hedonismo de um Jean Genet, a anti-narrativa ressaqueada e desterritorializada de um Samuel Beckett e o lirismo cadenciado de uma Virginia Woolf ou Clarice Lispector; e você terá alguns elementos para entender porque João Gilberto Noll é o MELHOR ESCRITOR BRASILEIRO VIVO (que está em plena atividade).
Estes comentários derramados vêm após a minha (parcial) leitura do mais novo romance do escritor gaúcho: “Acenos e afagos” (Record, 2008). Estou no primeiro terço do livro, mas não me contenho:
Comentar um livro ainda não lido até o final é perigoso, pois os destinos dados à estória podem decepcionar. Isso aconteceu quando li um outro livro do mesmo autor: “Berkeley em Bellagio”(Francis, 2003), lá, Noll escreve um delicioso 2/3 de romance, que tinha tudo para superar o que considero ser, seu melhor livro: “A fúria do corpo”(Rocco, 1989). Mas o desfecho daquela narrativa não está à altura do clima “estrangeiro” erigido no decorrer da “trama”(?). Bem, falar em trama, quando se trata de Noll é sempre complicado, pois o escritor desponta exatamente no cenário brasileiro dos anos 1980 como o “nosso” Beckett (dramaturgo irlandês que escreveu quase toda sua obra na França e em francês): aquele que desafia os limites e o desgaste da narrativa. Só que, como sempre acontece em arte, Noll mantém esse rítmo anti-“trama” durante quase três décadas. Ritmo este que muitos, desde “água-viva” de Clarice Lispector, comparam com a improvisação do Jazz. Ou seja, no final dos anos 1990, sua “crítica” ao desgaste da narrativa já apresenta sinais de, digamos assim, desgaste.
É quando surgem alguns críticos dizendo que o escritor está se repetindo demais, e começa-se a questionar sobre o futuro da literatura de Noll. Surdo a estas constatações, e não fazendo concessões fáceis em seus textos (lembro que Noll é escritor full time sem ser necessariamente um best-seller) ele parece continuar, nesta nova obra, com a tônica da famosa citação de Beckett:
“a expressão de que não há nada a expressar, nada com que expressar, nada a partir do que expressar, nenhuma possibilidade de expressar, nenhum desejo de expressar, aliado à obrigação de expressar”
Esta talvez fosse a epígrafe para uma coletânea das obras do escritor gaúcho (lembro que já existe uma coletânea tipo, “obra completa” publicada pela cia. das letras).
Bem, então vamos às 70 primeiras páginas de “Acenco e afagos”: à primeira vista me agrada o fato de Noll ter voltado a uma narrativa de maior fôlego (após uma fase longuíssimas de contos e romance cerca de 100 páginas). Num primeiro momento é impossível não recordar de “a fúria do corpo”, como disse mais acima, o que considero ser o melhor livro do escritor (levando-se em consideração que já comprei, mas ainda não tive tempo de ler “Harmada”, eleito pela “Revista Bravo!” como um dos 100 livros essenciais da literatura brasileira de todos os tempo).
Na abertura há em “acenos e afagos” ecos do início de “lavoura arcaica”, de Raduan Nassar. Mas o que mais marca é o clima libidinal, e não necessariamente sexual, que faz lembrar “Querelle” e “Diário de um ladrão” (ambos de Genet). Aliás, Noll joga o tempo todo com esses limites dos corpo pautados em “A fúria...”. Aqui a narrativa é menos barroca, menos eclesiástico-profana e o protagonista até tem uma família. O que é de se estranhar, vindo de Noll. Mas isso não tira um certo aspecto sacramental-maldito, como escreve José Castello escreve na orelha do livro:
“Como em a ‘fúria do corpo’(1981), outra grande obra de João Gilberto Noll, é a libido, radicalmente, que move a escrita[...] sem freios, culpa ou pecado e, por isso, pode-se falar, a respeito de Noll, em santidade, como no caso de Genet visto por Sartre”. É o que podemos ver no trecho em que o narrador diz:
“Quando intrépido abro a camisa do estranho, ato contínuo começo a dar vazão às várias constelações de carícias. A mão nos botões não é um gesto menos nobre do que o da mão na bíblia, para dar início aos trabalhos de realimentar nossa fome infinita. Quando, porém, me encontro em rasgada simpatia ao lado de alguém por quem nutro um afeto sólido, nascido anteriormente, preciso fechar os olhos para sentir as primeiras contrações na base do cacete para o impulso ao jorro” (p. 39).
Dito isto, eis mais um Noll para se desatar e deliciar em meio a acenos e afagos.
João Gilberto Noll nasceu em Porto Alegre, 1946. É autor de 13 livros. Venceu o prêmio Jabuti (maior honraria da literatura brasileira) em 1981, 1994, 1997, 2004 e 2005. Foi publicado na Inglaterra, Itália e Argentina.
Literatura pra rir e odiar
Caio Fernando Abreu dizia que o maior castigo a um personagem ingrato é condená-lo ao fundo de gaveta. Foi o que fiz com a impossível “Janey Wilcox”, personagem que dá nome ao romance da escritora norte-america Candance Bushnell (nunca acerto o nome dessa mulher), autora do best-selller, que virou série (de 6 temporadas) e filme: “Sex and the city”.
(um calhamaço chamado Janey Wilcox)
Não vou discutir a qualidades literárias de Bushnell, pois sua literatura é assumidamente comercial e integra aquele hall de escritos feitos por Hellen Fielding (autora de “o diário de Bridget Jones)e Armistead Maupim (autor magnífica série de seis volumes de “Histórias da cidade” sobre a cidade de São Francisco pós-revolução sexual). Ou seja, aquele tipo de livro capaz de te arrancar boas gargalhadas e que são quase roteiros televisivos ou de cinema. Livros para serem lidos desprentenciosamente, por que, provavelmente, não te oferecerão mais que isso. A não ser que você seja um louco, como eu, que publica um artigo científico no (III ENECULT) citando,de cara, Bridget Jones. Quer conferir? Vide:
http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14385.pdf
Pois bem, Wilcox é uma bem sucedida modelo norte-americana cuja beleza poderia ser resumida da seguinte forma:
“tinha aquele ar de bondade deliberada combinando com um distanciamento mundano que é a marca das pessoas cuja beleza as destacou do resto da humanidade” (p. 68)”.
(eis minha Janey Wilcox: Nicole Kidman)
Janey faz qualquer coisa para subir na vida. Poderia resumi-la também desta forma. Mas não é só isso, no livro Candance Bushnell disseca e mostra que conhece como ninguém o Ethos da High Socity nova-iorquina, seus fins de semana nos Hemptons, como também suas senhas: sejam os produtos de grife ou a velha pose pseudo-blasé, mas que, se vista bem de perto, é completamente planejada e FAKE.
Aliás Fake poderia ser o nome do romance. Nada do que os personagens pensem, façam ou digam é real. Tudo sempre milimetricamente planejado, frívolo e no CARÃO:
“Afastando-se da multidão por um momento, Janey se colocou na sua melhor pose [...] Inclinou ligeiramente a cabeça para trás e fechou os olhos, respirou o ar noturno, consciente de que, enquanto fazia isso, está criando a impressão de uma linda jovem perdida em pensamentos. Só que na realidade sua cabeça está a mil” (p.40).
No começo estas atitudes da senhorita Wilcox são engraçadas e podemos até, de certa forma nos identificar um pouco com elas (só de certa forma), mas as páginas vão avançando e você começa a se irritar. Nada é de verdade. E pior, Janey é uma psicopata capaz de destruir a vida de quem se deixar sugar, como acontece com irmã, o amigo escritor, etc. Sem remorsos ela segue em frente com suas bolsas Luis Vuiton.
Aliás lendo o livro fiquei me perguntando se a autora recebeu algum cachê para citar tanta marca famosa: Christian Dior, Prada, Dolce e Gabbana, Yves Sant Laurent, Versace e por aí vai.
Ok, ok então você me inquiriria: se é tão ruim assim, porque gastar tempo lendo as mais 500 páginas de futilidade e ostentação burguesa? Ou ainda... Porque macular a “seriedade” de um blog com esse lixo comercial?
Aceito o desafio, coloco os óculos, e pseudo-intelectual, na melhor postura Janey Wilcox, profiro: na verdade Janey Wilcox, o livro, pode ser lido como uma etnografia-ficcional daquele universo apresentado pelo sociólogo americano Richard Sennet em seu OBRIGATÓRIO ensaio: “A corrosão do caráter”. Aqui dá para visualizar diversas passagens relatadas pela pobre Rose no capítulo “Risco” e “a ética do trabalho” de Sennet. Não acreditas? Transcrevo uma comparação:
Fala de Rose no sério livro de Sennett : “Eu pedi demissão porque tinha a impressão de que não saía do lugar. Eu nunca era chamada para as reuniões e happy hours após o expediente. E todo mundo sabe que é neste momento em que as coisas acontecem” - cito de cabeça
Fala da narradora do frívolo livro de Bushnell: “Nem sempre as informações é que eram importantes (erro que maior parte das pessoas cometia), mas sim o ato de recebê-las” (p. 55).
Tiro os óculos: contudo, tentar dar dignidade à leitura do livro fazendo paralelos sociológicos não justifica sua leitura até o fim. Na verdade Janey te seduz, ou pelo menos me seduziu, até o momento em que na página 466, faltando apenas 40 para acabar, decido romper com Wilcox. Me sinti usado, usurpado e indignado diante da falta de remorsos da garota, após destruir a carreira, a duras penas, erigidas pelo personagem que mais “simpatizei”: o escritor Craig.
Fecho Wilcox, abandono na prateleira, não serei platéia para ela, para seu gand filane.
Entretanto, cá estou eu, escrevendo sobre ela.
(um calhamaço chamado Janey Wilcox)
Não vou discutir a qualidades literárias de Bushnell, pois sua literatura é assumidamente comercial e integra aquele hall de escritos feitos por Hellen Fielding (autora de “o diário de Bridget Jones)e Armistead Maupim (autor magnífica série de seis volumes de “Histórias da cidade” sobre a cidade de São Francisco pós-revolução sexual). Ou seja, aquele tipo de livro capaz de te arrancar boas gargalhadas e que são quase roteiros televisivos ou de cinema. Livros para serem lidos desprentenciosamente, por que, provavelmente, não te oferecerão mais que isso. A não ser que você seja um louco, como eu, que publica um artigo científico no (III ENECULT) citando,de cara, Bridget Jones. Quer conferir? Vide:
http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14385.pdf
Pois bem, Wilcox é uma bem sucedida modelo norte-americana cuja beleza poderia ser resumida da seguinte forma:
“tinha aquele ar de bondade deliberada combinando com um distanciamento mundano que é a marca das pessoas cuja beleza as destacou do resto da humanidade” (p. 68)”.
(eis minha Janey Wilcox: Nicole Kidman)
Janey faz qualquer coisa para subir na vida. Poderia resumi-la também desta forma. Mas não é só isso, no livro Candance Bushnell disseca e mostra que conhece como ninguém o Ethos da High Socity nova-iorquina, seus fins de semana nos Hemptons, como também suas senhas: sejam os produtos de grife ou a velha pose pseudo-blasé, mas que, se vista bem de perto, é completamente planejada e FAKE.
Aliás Fake poderia ser o nome do romance. Nada do que os personagens pensem, façam ou digam é real. Tudo sempre milimetricamente planejado, frívolo e no CARÃO:
“Afastando-se da multidão por um momento, Janey se colocou na sua melhor pose [...] Inclinou ligeiramente a cabeça para trás e fechou os olhos, respirou o ar noturno, consciente de que, enquanto fazia isso, está criando a impressão de uma linda jovem perdida em pensamentos. Só que na realidade sua cabeça está a mil” (p.40).
No começo estas atitudes da senhorita Wilcox são engraçadas e podemos até, de certa forma nos identificar um pouco com elas (só de certa forma), mas as páginas vão avançando e você começa a se irritar. Nada é de verdade. E pior, Janey é uma psicopata capaz de destruir a vida de quem se deixar sugar, como acontece com irmã, o amigo escritor, etc. Sem remorsos ela segue em frente com suas bolsas Luis Vuiton.
Aliás lendo o livro fiquei me perguntando se a autora recebeu algum cachê para citar tanta marca famosa: Christian Dior, Prada, Dolce e Gabbana, Yves Sant Laurent, Versace e por aí vai.
Ok, ok então você me inquiriria: se é tão ruim assim, porque gastar tempo lendo as mais 500 páginas de futilidade e ostentação burguesa? Ou ainda... Porque macular a “seriedade” de um blog com esse lixo comercial?
Aceito o desafio, coloco os óculos, e pseudo-intelectual, na melhor postura Janey Wilcox, profiro: na verdade Janey Wilcox, o livro, pode ser lido como uma etnografia-ficcional daquele universo apresentado pelo sociólogo americano Richard Sennet em seu OBRIGATÓRIO ensaio: “A corrosão do caráter”. Aqui dá para visualizar diversas passagens relatadas pela pobre Rose no capítulo “Risco” e “a ética do trabalho” de Sennet. Não acreditas? Transcrevo uma comparação:
Fala de Rose no sério livro de Sennett : “Eu pedi demissão porque tinha a impressão de que não saía do lugar. Eu nunca era chamada para as reuniões e happy hours após o expediente. E todo mundo sabe que é neste momento em que as coisas acontecem” - cito de cabeça
Fala da narradora do frívolo livro de Bushnell: “Nem sempre as informações é que eram importantes (erro que maior parte das pessoas cometia), mas sim o ato de recebê-las” (p. 55).
Tiro os óculos: contudo, tentar dar dignidade à leitura do livro fazendo paralelos sociológicos não justifica sua leitura até o fim. Na verdade Janey te seduz, ou pelo menos me seduziu, até o momento em que na página 466, faltando apenas 40 para acabar, decido romper com Wilcox. Me sinti usado, usurpado e indignado diante da falta de remorsos da garota, após destruir a carreira, a duras penas, erigidas pelo personagem que mais “simpatizei”: o escritor Craig.
Fecho Wilcox, abandono na prateleira, não serei platéia para ela, para seu gand filane.
Entretanto, cá estou eu, escrevendo sobre ela.
Obama, corpos abjetos e João Cabral de Melo Neto
Fico me perguntando se a eleição de Obama é uma conquista das minorias ou se o Império (categoria de Tony Negri) desenvolveu suas estratégias de imantação, no capitalismo total, a ponto de absorver para si um corpo negro abjeto, elegê-lo e ao mesmo tempo comandar seus atos.
Não sei, não sei... mas o mais provável é que, na lógica do império, sejam possíveis as duas suposições.
Enquanto isso...
Travessia: “Linkando” Nordeste e Califórnia
Ou João Cabral de Melo Netto para entender a Teoria Queer de Judith Butler e (os corpos abjetos):
Completamente hipnotizado, não consigo parar de ouvir o poema do escritor “nordestino” musicado por Chico Buarque... e vejo muita coisa... Hannah Arendt, Judith Butler.
Não tenho muito sensibilidade para poesia, mas não dá para passar indiferente a este Monumento. Que linguagem "mais que seca, calcinada". Se Jobim disse que via muita música em “Grande sertão: veredas”, digo, muito pretensiosamente, que vejo Judith Butler na narrativa do Severino, do finado Zacarias. Aqui, ou em Berkeley ambos falam dos corpos abjetos, sem rosto nem nome:
“Tudo o que encontrei na minha longa descida, montanhas, povoados, caierias, viveiros, olarias, mesmo esses pés de cana, que tão iguais me pareciam, tudo levava um nome, com que poder ser conhecido, a não ser esta gente que pelos mangues habita. Eles são gente apenas, sem nenhum nome que os distinga. Que os distinga na morte, que aqui é anônima e seguida”
Estaríamos entrando em uma outra fase? Ou não?
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Sobre Evening...
MAIS MUSICAIS...
Círculos, metáforas, mandalas.
Muitas vezes não sabemos os autores das trilhas sonoras que embalam e de alguma forma marcam nossas vidas, principalmente quando elas são aquelas mais remotas, embaçadas até para a gente. Estou me sentindo trivial e nostálgico por tratar novamente de musicais e infância. Mas, que se há de fazer?
Ontem vi no Programa do Jô Michel Legrand. Três vezes vencedor do Oscar de melhor trilha sonora, ele compôs duas das daquelas músicas, que, quando você ouve te transportam. Quando ele começou a tocar nem imaginei que estava assistindo o compositor de “Yentl” e “Guarda-chuvas de amor”.
“Yentl” – Dirigido e estrelado por Barbra Streisand, está dentre as dúzias e dúzias de filmes que vi quando criança. O filme é de 1983, ano em que eu nasci. Contenho minha vontade de divagação sobre o musical. Resumo desta forma: O enredo narra a história de uma judia , que para poder estudar na escola de rabinos, se travaste de rapaz. Esta é, ed certa forma e ironicamente, a história de Streisand querendo adentrar o universo da direção em Hollywood. Só que, no filme, o destino lhe reservaria um companheiro de estudos, pelo qual ela, garota, vestida de menino, se apaixonaria. É uma espécie de “grande sertão: veredas- FAKE” (Guimarães se revira na cova) só que com o velho happy end.
Ora, Hollywood torcia, torce e torcerá sempre o nariz para Barbra. Todos esperavam que “Yentl” ganhasse o Oscar de melhor filme, mas os vovôs da costa oeste, preferiram colocar a cantora nariguda no que eles consideram ser, o lugar dela: a música. Esta parece ter sido a mensagem enviada quando o filme ganhou o prêmio de melhor canção original. As tias de Hollywood, tão liberais, mostraram sua cara misógina. Não suportam uma mulher dirigindo filmes. Tudo isso pode ser lido naquela biografia dela de capa preta. Um calhamaço, que vale a pena conferir, se você tiver tempo.
Tem também um escrito sobre a cantora por Camille Paglia. Geralmente não concordo com uma palavra sequer proferida pela polêmica norte-americana “que as feministas amam odiar”. Paglia gosta de chocar, mas como McLuham, o que ela diz faz pensar (tudo bem, quase sempre choca, e sem necessidade) exatamente pelo fato de você não concordar com nada do que ela diz! Seus livros são obras que não te deixam cochilar. Em um raro momento de lucidez, Paglia profere (no PC Barbra canta “By the way”):
“Streisand se situa na tradição de Katherine Hepburn e Bette Davis, de mulheres que simplesmente externam o que pensam e assumem as conseqüências. Ela é alguém totalmente autodeterminado e não se preocupa absolutamente com o que as pessoas pensam sobre ele. A persona de Streisand nas telas é bastante diferente tanto da de Hepburn quanto da de Davis, mas a maneira como essas estrelas definiram o establishment de Hollywood nos anos 1930 e 1940 se parece muito com a persnoa independente de Streisand fora delas” – (“A neffertite do Brooklyn: Barbra Streisand”. Entrevista com Camille Paglia feita por Rebecca Mead, matéria de capa da revista Sunday Times, Londres, 30 de maio de 1993).
Barbra é... mara.
Bem, voltando ao Jô, eu ainda tinha que falar sobre a trilha melosíssima do francês “Os guarda-chuvas do amor”. Mas Barbra extrapolou os limites deste post. Fica para depois.
Muitas vezes não sabemos os autores das trilhas sonoras que embalam e de alguma forma marcam nossas vidas, principalmente quando elas são aquelas mais remotas, embaçadas até para a gente. Estou me sentindo trivial e nostálgico por tratar novamente de musicais e infância. Mas, que se há de fazer?
Ontem vi no Programa do Jô Michel Legrand. Três vezes vencedor do Oscar de melhor trilha sonora, ele compôs duas das daquelas músicas, que, quando você ouve te transportam. Quando ele começou a tocar nem imaginei que estava assistindo o compositor de “Yentl” e “Guarda-chuvas de amor”.
“Yentl” – Dirigido e estrelado por Barbra Streisand, está dentre as dúzias e dúzias de filmes que vi quando criança. O filme é de 1983, ano em que eu nasci. Contenho minha vontade de divagação sobre o musical. Resumo desta forma: O enredo narra a história de uma judia , que para poder estudar na escola de rabinos, se travaste de rapaz. Esta é, ed certa forma e ironicamente, a história de Streisand querendo adentrar o universo da direção em Hollywood. Só que, no filme, o destino lhe reservaria um companheiro de estudos, pelo qual ela, garota, vestida de menino, se apaixonaria. É uma espécie de “grande sertão: veredas- FAKE” (Guimarães se revira na cova) só que com o velho happy end.
Ora, Hollywood torcia, torce e torcerá sempre o nariz para Barbra. Todos esperavam que “Yentl” ganhasse o Oscar de melhor filme, mas os vovôs da costa oeste, preferiram colocar a cantora nariguda no que eles consideram ser, o lugar dela: a música. Esta parece ter sido a mensagem enviada quando o filme ganhou o prêmio de melhor canção original. As tias de Hollywood, tão liberais, mostraram sua cara misógina. Não suportam uma mulher dirigindo filmes. Tudo isso pode ser lido naquela biografia dela de capa preta. Um calhamaço, que vale a pena conferir, se você tiver tempo.
Tem também um escrito sobre a cantora por Camille Paglia. Geralmente não concordo com uma palavra sequer proferida pela polêmica norte-americana “que as feministas amam odiar”. Paglia gosta de chocar, mas como McLuham, o que ela diz faz pensar (tudo bem, quase sempre choca, e sem necessidade) exatamente pelo fato de você não concordar com nada do que ela diz! Seus livros são obras que não te deixam cochilar. Em um raro momento de lucidez, Paglia profere (no PC Barbra canta “By the way”):
“Streisand se situa na tradição de Katherine Hepburn e Bette Davis, de mulheres que simplesmente externam o que pensam e assumem as conseqüências. Ela é alguém totalmente autodeterminado e não se preocupa absolutamente com o que as pessoas pensam sobre ele. A persona de Streisand nas telas é bastante diferente tanto da de Hepburn quanto da de Davis, mas a maneira como essas estrelas definiram o establishment de Hollywood nos anos 1930 e 1940 se parece muito com a persnoa independente de Streisand fora delas” – (“A neffertite do Brooklyn: Barbra Streisand”. Entrevista com Camille Paglia feita por Rebecca Mead, matéria de capa da revista Sunday Times, Londres, 30 de maio de 1993).
Barbra é... mara.
Bem, voltando ao Jô, eu ainda tinha que falar sobre a trilha melosíssima do francês “Os guarda-chuvas do amor”. Mas Barbra extrapolou os limites deste post. Fica para depois.
RENT, RENT, RENT...
Fui assistir hoje (DOMINGO) “Evening – ao entardecer”(cinema). E logo após emendei com a adaptação cearense de Rent (teatro). Faço um corte na narrativa moderna e salto para Rent.
Após Evening... como se diz no Psicodrama... mobilisadíssimo... parti ALONE - deixando amigos, conhecidos e recém-conhecidos - para o teatro do SESC em pleno domingo a noite. Um encontro marcado com Angel, Mimi, Morine, e cia.
Narrativa fragmentária. Flashback: volto aos anos 1990.
Não lembro o ano em que ouvi falar pela primeira vez em “Rent”. Mas lembro aonde: no extinto programa “Flash” do Amaury Jr. (para alguma coisa esse programa tinha que servir). Paixão. Na ocasião o citado apresentador fazia um tour pelos musicais em cartaz na Broadway.
Os anos passariam e eu ainda ouviria falar vagamente da adaptação brasileira, mas sem esperança de que subisse para cá. Afinal, quase nunca elas sobem. Pois bem, mais alguns anos se passariam quando de repente, já em 2006, em pleno cinema do Dragão, sou surpreendido com o cartaz DO FILME “A seguir: Rent – os boêmios”. Odiei de cara o subtítulo. Para chamar público, concluo. Rent acabou não entrando em cartaz nos cinemas de Fortaleza, apesar de, estranhamente eu ter lido uma crítica (ruim) sobre o filme no jornal “o povo”. E meio que como uma mágica- porque temos obrigações a cumprir, relatórios a produzir e dissertações a escrever – o filme acabou indo para aquele local meio “stand by” da memória. Esquecido.
Mas ele voltaria: Setembro, noite de Fortaleza, 2008, em meio ao “looking around”, cervas e a típica sensação gostosa de estar rodeado das companhias que você mais ama neste mundo, Ailson me fala que comprara o DVD do filme. Escuto, avalio, as hora passam, os dias passam. Pego emprestado.
À primeira vista “Rent” me desagrada. Como já falei no post anterior, acho o filme datado, muito anos 1990, numa época em que portar HIV era uma sentença, instantânea de morte naquela Nova York que se mobilizava para combater a epidemia que varreria a cidade (vale ler uma das primeiras obras de ficção que tocam no tema da emergência desta rede de solidariedade, estou falando de “Assim vivemos agora” de Susan Sontag). Enfim, passei por Rent (o filme) incólume, a adaptação não havia deixado nenhuma marca (apesar da afinadíssimas atuações) e segui minha vida.
Outubro: Mais tempo passa, chega um outro sábado. Este em casa: entediado e Zapeando na tv, vejo pastores, Serginho Groisman, Karine alexandrino, os detentos de Oz, Angel, Deputados... pera aí? Angel? Retorno o cana, sim era o Angel na TV diário! Cearensemente proferi um gravíssimo: quediabéisso! Assisti excitado o chatíssimo programa. E ao final, uma garota falaria da montagem(!) de Rent (!) no Ceará (!) Tenho que ir. Reviro meus dvds, acho, Rent, re-vejo. Sou fisgado na segunda assistida.
Dias passam, outro susto tomo quando, nos corredores da UECE, vejo os cartazes (superbemproduzido – repare a ausência de hífens) da peça. Corro, computador. Pego datas, me planejo para assistir no sábado, mas no sábado tinha o show do Marcelo Camelo no dragão. Reprogramo, então, para o Domingo.
Domingo: Sozinho, mas à vontade chego ao teatro (o mesmo onde conheci Caio F., me lembro agora). Uma multidão faz uma fila que ganha a rua. Vide foto:
(Entrada do teatro Sesc Emiliano Queiroz - Foto minha)
Na fila, estou extremamente apreensivo, mais pelo medo de estar no centro da cidade, sozinho, num domingo à noite, que exatamente pelo espetáculo. Minto, também era por conta do espetáculo. Mas confesso, não relaxei um único minuto, antes, durante ou depois da peça por conta das violências das ruas. Então preciso assistir de novo a peça. Sem stress.
Na platéia: Senta ao meu lado um adolescente espinhento super nervoso por estar no meio de “acadêmicos” (a peça é produzida pelo grupo de TEATRO da UNIFOR e ele imaginava, corretamente, que ali só havia pessoas da “universidade”). Muito engraçado. Fiz a sala, disse pra relaxar, enquanto ele repetia e repetia “não sei o que estou fazendo aqui!”. Como tenho sempre um pé no passado (ascendente em Câncer) me lembro imediatamente dos 15 anos que um dia eu tive: fazendo cursos de arte no BNB com aposentados desocupados, indo ver Zenon no MAUC, tentando me inserir no “mundo adulto”.
Visivelmente inquieto o jovem avança, fala de livros, faz uma divagação adolescentes sobre “A metamorfose”. Digo que larguei “O processo” na metade por pura falta de tempo e recomendo: “se você gosta de Kafka você tem que ler Clarice Lispector”. Ele rebate confessando que não sabe se vai prestar vestibular para física ou letras. Recomendo também Caio F., e digo que se ele gostar da peça deve procurar pelos livros daquele escritor, bem como assistir o filme “Rent”.:
__Esse autor eu não conheço. – disse ele. Não me surpreendo.
__ É um escritor gaúcho.
__Como é o nome dele? Carlos...
__Caio Fernando Abreu
__Há sim, Caio Fernandes Abreu
__Não, Caio FERNANDO Abreu.
__Ok vou procurar.
(minha cena favorita no filme)
Abandono meu papel de anfitrião e tento imergir no clima da peça (que, obviamente, ainda não começara). Dou uma olhada na direção de arte do espetáculo: perfeita (guardadas as limitações e proporções do teatro). Só fiquei triste porque não consegui o programa da peça. Os atores circulam pelas bordas do teatro. Sobre os figurinos, achei-os super NYC.
Da peça: É sempre muito estranho ver um texto “pop” americano interpretado por brasileiros. A mesma estranheza senti quando vi “Aperitivos” de Mark Harvey Levine (dramaturgo californiano) interpretados por um grupo de Curitiba. Dentre as muitas referências incomuns aqui pela terra brasilis, os nomes da personagens, sejam Morine, Judy, Leory ou Terry são sempre muito inverossímeis. Eles te dão um tapa cada vez que são pronunciados, te trazem de volta à realidade e te dizem: isso aqui é uma peça americana e não está acontecendo de verdade. Ou seja, meio que quebra aqueeeeeeeeela magia do teatro. Mas, que se há de fazer?
Contudo, é preciso dizer, enfatizar, grifar e subscrever: nada disso diminui o espetáculo, que no todo é muito bom e que visivelmente agradou ao público, inclusive a mim.
Mas agora vou dormir, continuo depois.
Ah sim, faltou uma coisa:
Na ida para casa: medo de furtos, roubos, homicídios e latrocínios. Cotidiano da metrópole. Mas, como é possível perceber, cheguei são e salvo. E cá estou eu, indo escovar meus dentes.
“How do you measure a year IN A A LIFE? In daylights? In sunsets? In moonlights? In cops of coffe? Measure it in love”
Após Evening... como se diz no Psicodrama... mobilisadíssimo... parti ALONE - deixando amigos, conhecidos e recém-conhecidos - para o teatro do SESC em pleno domingo a noite. Um encontro marcado com Angel, Mimi, Morine, e cia.
Narrativa fragmentária. Flashback: volto aos anos 1990.
Não lembro o ano em que ouvi falar pela primeira vez em “Rent”. Mas lembro aonde: no extinto programa “Flash” do Amaury Jr. (para alguma coisa esse programa tinha que servir). Paixão. Na ocasião o citado apresentador fazia um tour pelos musicais em cartaz na Broadway.
Os anos passariam e eu ainda ouviria falar vagamente da adaptação brasileira, mas sem esperança de que subisse para cá. Afinal, quase nunca elas sobem. Pois bem, mais alguns anos se passariam quando de repente, já em 2006, em pleno cinema do Dragão, sou surpreendido com o cartaz DO FILME “A seguir: Rent – os boêmios”. Odiei de cara o subtítulo. Para chamar público, concluo. Rent acabou não entrando em cartaz nos cinemas de Fortaleza, apesar de, estranhamente eu ter lido uma crítica (ruim) sobre o filme no jornal “o povo”. E meio que como uma mágica- porque temos obrigações a cumprir, relatórios a produzir e dissertações a escrever – o filme acabou indo para aquele local meio “stand by” da memória. Esquecido.
Mas ele voltaria: Setembro, noite de Fortaleza, 2008, em meio ao “looking around”, cervas e a típica sensação gostosa de estar rodeado das companhias que você mais ama neste mundo, Ailson me fala que comprara o DVD do filme. Escuto, avalio, as hora passam, os dias passam. Pego emprestado.
À primeira vista “Rent” me desagrada. Como já falei no post anterior, acho o filme datado, muito anos 1990, numa época em que portar HIV era uma sentença, instantânea de morte naquela Nova York que se mobilizava para combater a epidemia que varreria a cidade (vale ler uma das primeiras obras de ficção que tocam no tema da emergência desta rede de solidariedade, estou falando de “Assim vivemos agora” de Susan Sontag). Enfim, passei por Rent (o filme) incólume, a adaptação não havia deixado nenhuma marca (apesar da afinadíssimas atuações) e segui minha vida.
Outubro: Mais tempo passa, chega um outro sábado. Este em casa: entediado e Zapeando na tv, vejo pastores, Serginho Groisman, Karine alexandrino, os detentos de Oz, Angel, Deputados... pera aí? Angel? Retorno o cana, sim era o Angel na TV diário! Cearensemente proferi um gravíssimo: quediabéisso! Assisti excitado o chatíssimo programa. E ao final, uma garota falaria da montagem(!) de Rent (!) no Ceará (!) Tenho que ir. Reviro meus dvds, acho, Rent, re-vejo. Sou fisgado na segunda assistida.
Dias passam, outro susto tomo quando, nos corredores da UECE, vejo os cartazes (superbemproduzido – repare a ausência de hífens) da peça. Corro, computador. Pego datas, me planejo para assistir no sábado, mas no sábado tinha o show do Marcelo Camelo no dragão. Reprogramo, então, para o Domingo.
Domingo: Sozinho, mas à vontade chego ao teatro (o mesmo onde conheci Caio F., me lembro agora). Uma multidão faz uma fila que ganha a rua. Vide foto:
(Entrada do teatro Sesc Emiliano Queiroz - Foto minha)
Na fila, estou extremamente apreensivo, mais pelo medo de estar no centro da cidade, sozinho, num domingo à noite, que exatamente pelo espetáculo. Minto, também era por conta do espetáculo. Mas confesso, não relaxei um único minuto, antes, durante ou depois da peça por conta das violências das ruas. Então preciso assistir de novo a peça. Sem stress.
Na platéia: Senta ao meu lado um adolescente espinhento super nervoso por estar no meio de “acadêmicos” (a peça é produzida pelo grupo de TEATRO da UNIFOR e ele imaginava, corretamente, que ali só havia pessoas da “universidade”). Muito engraçado. Fiz a sala, disse pra relaxar, enquanto ele repetia e repetia “não sei o que estou fazendo aqui!”. Como tenho sempre um pé no passado (ascendente em Câncer) me lembro imediatamente dos 15 anos que um dia eu tive: fazendo cursos de arte no BNB com aposentados desocupados, indo ver Zenon no MAUC, tentando me inserir no “mundo adulto”.
Visivelmente inquieto o jovem avança, fala de livros, faz uma divagação adolescentes sobre “A metamorfose”. Digo que larguei “O processo” na metade por pura falta de tempo e recomendo: “se você gosta de Kafka você tem que ler Clarice Lispector”. Ele rebate confessando que não sabe se vai prestar vestibular para física ou letras. Recomendo também Caio F., e digo que se ele gostar da peça deve procurar pelos livros daquele escritor, bem como assistir o filme “Rent”.:
__Esse autor eu não conheço. – disse ele. Não me surpreendo.
__ É um escritor gaúcho.
__Como é o nome dele? Carlos...
__Caio Fernando Abreu
__Há sim, Caio Fernandes Abreu
__Não, Caio FERNANDO Abreu.
__Ok vou procurar.
(minha cena favorita no filme)
Abandono meu papel de anfitrião e tento imergir no clima da peça (que, obviamente, ainda não começara). Dou uma olhada na direção de arte do espetáculo: perfeita (guardadas as limitações e proporções do teatro). Só fiquei triste porque não consegui o programa da peça. Os atores circulam pelas bordas do teatro. Sobre os figurinos, achei-os super NYC.
Da peça: É sempre muito estranho ver um texto “pop” americano interpretado por brasileiros. A mesma estranheza senti quando vi “Aperitivos” de Mark Harvey Levine (dramaturgo californiano) interpretados por um grupo de Curitiba. Dentre as muitas referências incomuns aqui pela terra brasilis, os nomes da personagens, sejam Morine, Judy, Leory ou Terry são sempre muito inverossímeis. Eles te dão um tapa cada vez que são pronunciados, te trazem de volta à realidade e te dizem: isso aqui é uma peça americana e não está acontecendo de verdade. Ou seja, meio que quebra aqueeeeeeeeela magia do teatro. Mas, que se há de fazer?
Contudo, é preciso dizer, enfatizar, grifar e subscrever: nada disso diminui o espetáculo, que no todo é muito bom e que visivelmente agradou ao público, inclusive a mim.
Mas agora vou dormir, continuo depois.
Ah sim, faltou uma coisa:
Na ida para casa: medo de furtos, roubos, homicídios e latrocínios. Cotidiano da metrópole. Mas, como é possível perceber, cheguei são e salvo. E cá estou eu, indo escovar meus dentes.
“How do you measure a year IN A A LIFE? In daylights? In sunsets? In moonlights? In cops of coffe? Measure it in love”
sábado, 1 de novembro de 2008
Musicais estão em alta.
Lembro que devido à minha insônia adquirida desde a infância assisti muitos deles, ou pelo menos trechos, no famigerado Corujão. Durante muitos anos trechos de “Hair” e “Jesus Cristo superstar” habitaram aquelas áreas da memória que você não sabe se são realmente do filme, ou foi de sua imaginação. E nem estou falando dos musicais mais clássicos como “singing in the rain” ou “o picolino
Pois bem, ganhei Hair ano passado no Natal e pude constatar a existência –real – de algumas daquelas cenas recorrentes... “This is the sound of the Age of América” e exatamente agora, enquanto escrevo (04:09min da manhã) a Globo exibe “Jesus Cristo superstar”. Numa zapeada na TV, não foi necessário mais que um segundo para constatar: é o tal musical.
Mas musicais estão na moda.
Rent, Across the universe, Mama mia...
“Rent” era aquela peça que habitava a mesma zona nebulosa da memória. Apresentada diversas vezes, em trechos diretamente dos palcos da Broadway, naqueles programas da madrugada, durante a década de 1990 eu meio que hipertrofiei a expectativa em torno do filme. Na primeira assistida decepção. Datada demais. AZT’s inúteis; HIV como sentença de morte, etc. Na segunda vez gostei mais. Definitivamente são linguagens distintas (teatro de cinema). Musicais não são para todos os gostos, eu concordo. Desavisados podem se entediar, como quando eu quase dormi ao ver Evita em 1997 no extinto cine Fortaleza (eu tinha 14 anos). Neste momento Jesus na Tv divide o pão da santa ceia. Uma comunidade de hippies com algumas obviedades pejorativas (o demônio e Judas são dois negões).
“Everytime I look I dont undestand...”
Aliás, filmes baseado em discografias de bandas estão em alta. Um exemplo é “Across the universe”(presente da minha querida Lara), precisa de um post exclusive. Higiênico e afinado o musical é lindo e irritantemente perfeito como uma apresentação musical no Oscar. Sem alma, mas com interpretações belíssimas. Nada a ver com os 68, ou pelo menos com a forma como eu imagino 68. O filme fala muito mais da geração ONGueira de hoje, tanto é que um Guru é interpretado no filme por Bono Vox. É um amontoado de vídeo-clipes e reinterpretações das canções dos Beatles. Gosto muito de “Strawberry fields forever”.
Mama Mia. É Abba na veia. Lembra a infância e os disquinhos de apenas uma música em cada lado. No filme Meryl Streep está fantástica. Sem dúvida a melhor atriz de hollywood. Como imaginar uma persona que interpretara O diabo vestindo Prada e Clarissa Vagh em “As horas” agora sendo uma hipponga de meia idade. Mama Mia é escandalosamente clichê. E é nele que o filme se sustenta. Uma ótima pedida para ver com os amigos, mas sem grandes expectativas em relação ao roteiro. Um filme para se ver sem receios de ser ridículo ou de ruborizar em cenas como “the winner takes it all”.
Tudo isso para dizer que amanhã vou finalmente ver a montagem de Rent nos palcos de Fortaleza.
“No day but today...”
(Na tv Jesus superstar é argüido por Pilatos. Definitivamente, um filme pop obrigatório, direção de arte e figurino impagáveis, transbordando anos 70).
Poesia concreta da Polícia Federal:
Secretária do meio ambiente de Fortaleza é presa.
Superintendente estadual do meio ambiente é preso.
Superintendente do IBAMA no Ceará é preso.
Poesia concreta da OEA
Brasil pode ser acusado de crimes contra humanidade por não julgar torturadores do período da ditadura militar.
A tortura é crime imprescritível e inanistiável.
Novo-velho Triller:
TÍTULO ORIGINAL: La mala Educación II: el retorno del govierno de la família Gomes.
Gênero: tragicomédia .
Direção: Nelson Martins (líder do governo na Assembléia Legislativa)
Sinopse: Se no primeiro filme assistimos a implementação do projeto neoliberal pelo governador Ciro Gomes (na época PSDB, depois PPS e agora PSB... cada vez mais próximo de Lula) e seu parceiro Tasso Jereissati (ainda hoje no PSDB). Na nova película é possível ver o atual governado, irmão de Ciro, Cid Gomes (PSB) desacatar e desrespeitar a decisão da instância máxima da justiça brasileira, o STF, acerca dos PCCS(*) das Universidades Estaduais. Não satisfeito com o desmantelo da educação, agora o governado “socialista” (rárárá) de Cid Ferreira Gomes contesta o piso nacional de salário dos professores da rede estadual de ensino médio aprovado em cerca de 900 reais.
A realidade é mais tenebrosa que a ficção.
(*)Plano de Cargos Carreiras e Salários
Superintendente estadual do meio ambiente é preso.
Superintendente do IBAMA no Ceará é preso.
Poesia concreta da OEA
Brasil pode ser acusado de crimes contra humanidade por não julgar torturadores do período da ditadura militar.
A tortura é crime imprescritível e inanistiável.
Novo-velho Triller:
TÍTULO ORIGINAL: La mala Educación II: el retorno del govierno de la família Gomes.
Gênero: tragicomédia .
Direção: Nelson Martins (líder do governo na Assembléia Legislativa)
Sinopse: Se no primeiro filme assistimos a implementação do projeto neoliberal pelo governador Ciro Gomes (na época PSDB, depois PPS e agora PSB... cada vez mais próximo de Lula) e seu parceiro Tasso Jereissati (ainda hoje no PSDB). Na nova película é possível ver o atual governado, irmão de Ciro, Cid Gomes (PSB) desacatar e desrespeitar a decisão da instância máxima da justiça brasileira, o STF, acerca dos PCCS(*) das Universidades Estaduais. Não satisfeito com o desmantelo da educação, agora o governado “socialista” (rárárá) de Cid Ferreira Gomes contesta o piso nacional de salário dos professores da rede estadual de ensino médio aprovado em cerca de 900 reais.
A realidade é mais tenebrosa que a ficção.
(*)Plano de Cargos Carreiras e Salários
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