(OK o post tá atrasado, mas vai aí)
Final de abril, aeroporto Pinto Martins, Fortaleza, manhã após a minha qualificação do mestrado (terminei! terminei!), eu estava embarcando para apresentar parte da pesquisa em Salvador. Na anti-sala de embarque passa, súbito, por mim um vulto muito branco. Não reconheço de cara, mas sinto um burburinho ao meu redor, as pessoas com aquela cara, assim, meio “normal, vejo esse tipo de gente todo dia... normal”. Outros se encolhendo nas poltronas azuis ao mesmo tempo em que falam para seu interlocutor do outro lado da linha “È a vocalista do Pato fu!”. Sim, o vulto muito branco era Fernanda Takai. Ela e banda haviam feito um show na noite anterior na concha acústica da UFC. Não precisei nem girar o pescoço 45º para ver uma outra figura, um tanto antipática (e naquela hora da manhã quem não estaria?) e de boina enterrada até as ventas: o marido dela, o guitarrista.
(Bienal do Livro do Ceará)
Mas falemos não deste show ocorrido por aqui há sete meses, mas da apresentação mais recente, no encerramento da bienal do livro, no centro de convenções. Confesso que estou cada vez mais satisfeito com a qualidade de produção (em especial da iluminação) dos shows que têm “subido” para Fortaleza. Agradabilíssimo, seria o adjetivo que melhor definiria este setor dos shows tanto Takai como o Acústico dos engenheiros que também passou por aqui este ano. Mas se Humberto Gessinger e cia carecem de certa, digamos, de unidade (ou coesão) temática (seja musical ou de iluminação) em suas apresentações, isso não acontece com as performances da ex-volcalista do Patu Fu e sua trupe.
(CD solo de Feranda Takai)O show é bacana, você sente que tem começo, meio e fim. Fernanda (uma gracinha) encanta todos os gêneros e orientações num estilo desajeitado-gracioso. Seja tocando Duran-Duran, “o divã” de Roberto Carlos ou o carimbó de Pinduca ela transborda doçura sem ser enjoativa ou pegajosa. Nessas releituras fica clara a impressão peculiar de seu timbre-tênue, contudo, infelizmente o mesmo não acontece em outros momentos do show, como em “com açúcar com afeto” (sem muita novidade) ou até mesmo “o barquinho” que apesar da nova roupagem ousada (é cantada em japonês), não trás o mesmo gostinho de “re”descoberta como sonoridade acompanhada pela dancinha tosca no ritmo do Pará.
Lembro que eu adorava Pato Fu, quando eles ainda eram os ilustres desconhecidos (eu tinha uns 12 anos) e ganharam o prêmio de banda revelação no MTV Music Awards Brasil de 1995 (?) com o clipe “sobre o tempo”; depois deste veio a, hoje, clássica “eu bebo pinga” que cantávamos para um professor do ensino fundamental que sempre chegava de ressaca na aula de segunda pela manhã. Depois veio o sucesso blockbuster da mesma “sobre o tempo” quando entrou nos créditos finais de Malhação. Dois anos depois do music awards ganhou as graças do povão. Pentelhou tanto que nem consigo ouvi-la hoje em dia. Aí veio a releitura de “Eu sei” da Legião Urbana e depois a chatinha-pentelha-super-exausitvamente-tocada “canção para você viver mais”. Esta música marcou meu rompimento com Patu Fu. Mas nada disso se ouve no show de Fernanda. Ela mesma avisou que foi consenso dentre os integrantes deste novo projeto que não tocariam músicas da “antiga” banda. Que bom por que não precisei ouvir “faz um tempo eu quis fazer uma canção...”, mas confesso que adoraria ter rememorado ao vivo “Eu Bebo pinga será que isso é bom ou ruim? Uaaaaaaaaaa a. Se eu fosse Pelé...”