terça-feira, 4 de novembro de 2008

MAIS MUSICAIS...

Círculos, metáforas, mandalas.

Muitas vezes não sabemos os autores das trilhas sonoras que embalam e de alguma forma marcam nossas vidas, principalmente quando elas são aquelas mais remotas, embaçadas até para a gente. Estou me sentindo trivial e nostálgico por tratar novamente de musicais e infância. Mas, que se há de fazer?

Ontem vi no Programa do Jô Michel Legrand. Três vezes vencedor do Oscar de melhor trilha sonora, ele compôs duas das daquelas músicas, que, quando você ouve te transportam. Quando ele começou a tocar nem imaginei que estava assistindo o compositor de “Yentl” e “Guarda-chuvas de amor”.

“Yentl” – Dirigido e estrelado por Barbra Streisand, está dentre as dúzias e dúzias de filmes que vi quando criança. O filme é de 1983, ano em que eu nasci. Contenho minha vontade de divagação sobre o musical. Resumo desta forma: O enredo narra a história de uma judia , que para poder estudar na escola de rabinos, se travaste de rapaz. Esta é, ed certa forma e ironicamente, a história de Streisand querendo adentrar o universo da direção em Hollywood. Só que, no filme, o destino lhe reservaria um companheiro de estudos, pelo qual ela, garota, vestida de menino, se apaixonaria. É uma espécie de “grande sertão: veredas- FAKE” (Guimarães se revira na cova) só que com o velho happy end.

Ora, Hollywood torcia, torce e torcerá sempre o nariz para Barbra. Todos esperavam que “Yentl” ganhasse o Oscar de melhor filme, mas os vovôs da costa oeste, preferiram colocar a cantora nariguda no que eles consideram ser, o lugar dela: a música. Esta parece ter sido a mensagem enviada quando o filme ganhou o prêmio de melhor canção original. As tias de Hollywood, tão liberais, mostraram sua cara misógina. Não suportam uma mulher dirigindo filmes. Tudo isso pode ser lido naquela biografia dela de capa preta. Um calhamaço, que vale a pena conferir, se você tiver tempo.

Tem também um escrito sobre a cantora por Camille Paglia. Geralmente não concordo com uma palavra sequer proferida pela polêmica norte-americana “que as feministas amam odiar”. Paglia gosta de chocar, mas como McLuham, o que ela diz faz pensar (tudo bem, quase sempre choca, e sem necessidade) exatamente pelo fato de você não concordar com nada do que ela diz! Seus livros são obras que não te deixam cochilar. Em um raro momento de lucidez, Paglia profere (no PC Barbra canta “By the way”):

“Streisand se situa na tradição de Katherine Hepburn e Bette Davis, de mulheres que simplesmente externam o que pensam e assumem as conseqüências. Ela é alguém totalmente autodeterminado e não se preocupa absolutamente com o que as pessoas pensam sobre ele. A persona de Streisand nas telas é bastante diferente tanto da de Hepburn quanto da de Davis, mas a maneira como essas estrelas definiram o establishment de Hollywood nos anos 1930 e 1940 se parece muito com a persnoa independente de Streisand fora delas” – (“A neffertite do Brooklyn: Barbra Streisand”. Entrevista com Camille Paglia feita por Rebecca Mead, matéria de capa da revista Sunday Times, Londres, 30 de maio de 1993).

Barbra é... mara.

Bem, voltando ao Jô, eu ainda tinha que falar sobre a trilha melosíssima do francês “Os guarda-chuvas do amor”. Mas Barbra extrapolou os limites deste post. Fica para depois.