sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Obama, corpos abjetos e João Cabral de Melo Neto


Fico me perguntando se a eleição de Obama é uma conquista das minorias ou se o Império (categoria de Tony Negri) desenvolveu suas estratégias de imantação, no capitalismo total, a ponto de absorver para si um corpo negro abjeto, elegê-lo e ao mesmo tempo comandar seus atos.

Não sei, não sei... mas o mais provável é que, na lógica do império, sejam possíveis as duas suposições.

Enquanto isso...

Travessia: “Linkando” Nordeste e Califórnia
Ou João Cabral de Melo Netto para entender a Teoria Queer de Judith Butler e (os corpos abjetos):


Completamente hipnotizado, não consigo parar de ouvir o poema do escritor “nordestino” musicado por Chico Buarque... e vejo muita coisa... Hannah Arendt, Judith Butler.

Não tenho muito sensibilidade para poesia, mas não dá para passar indiferente a este Monumento. Que linguagem "mais que seca, calcinada". Se Jobim disse que via muita música em “Grande sertão: veredas”, digo, muito pretensiosamente, que vejo Judith Butler na narrativa do Severino, do finado Zacarias. Aqui, ou em Berkeley ambos falam dos corpos abjetos, sem rosto nem nome:

Tudo o que encontrei na minha longa descida, montanhas, povoados, caierias, viveiros, olarias, mesmo esses pés de cana, que tão iguais me pareciam, tudo levava um nome, com que poder ser conhecido, a não ser esta gente que pelos mangues habita. Eles são gente apenas, sem nenhum nome que os distinga. Que os distinga na morte, que aqui é anônima e seguida”

Estaríamos entrando em uma outra fase? Ou não?