quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mais, por favor.

“Please, sir. I want some more.” [Versão de Roman Polanski]

“Please, sir. I want some more.” [versão 1969]

“Please, sir. I want some more.” [gravura original do Livro de Dickens]

A literatura inglesa sempre esteve presente na minha vida. Não é a toa que dentre os 4 melhores livros que li este ano 3 vêm de lá (Wilde, Beckett e Woolf). Colonizados ou não, este é um fato. Afinal a Inglaterra, antes da segunda guerra mundial, era o centro do mundo e suas narrativas exerciam funções similares, embora não análogas, que o cinemão norte-americano tem hoje.
Não é a toa também que estas estórias e histórias da ilha povoem nosso periférico imaginário. Aquele povo produziu muitos dos mais exímios escritores e mais do que isso deu visibilidade a eles [muitas vezes impondo-os goela abaixo como a “verdadeira” narração do mundo].
Mas, como dizem os dialéticos, em toda hegemonia há resistência e a tradição inglesa nos forneceu diversos autores que nos mostraram retratos contraditórios, díspares da Grã-Bretanha. Destaco dois:
1. Jonathan Swith: quando eu era pequeno meu primeiro livro infantil foi deste moço: “aventuras de Gulliver” claro, na versão para crianças não havia as alegorias, críticas e sátiras e os povos gigantes e anões eram o que eram... gigantes e anões sem metáforas. [Esta obra já compõe minha lista de Leituras 2010. O Original, é claro, com suas quase 500 páginas.]
2. O outro é Charles Dickens. Sempre intui uma energia magnética vinda do nome dele. O extraordinário jornalista foi responsável por fixar o chamado “espírito do Natal” que sempre lembra um pouco da infância embora não tenhamos boneco de neve, nem [graças a deus] comamos nozes. De seus textos fiquei pasmo ao ler em “retratos londrinos” duas Crônicas publicadas em 1835 sobre o anoitecer e o amanhecer nas ruas de Londres. Eis uma descrição densa. Mais de 100 anos antes de Cliffort Geertz existir. Dickens é também considerado o grande crítico da revolução industrial com suas obras “Hard times”; “Grandes esperanças” e “Oliver Twist” que estou indo assistir agora. O de Roman Polanski.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Top 10 livros 2010

Os 10 melhores livros que li [até agora] em 2010:


1º “Teleny” – Oscar Wilde (Romance irlandês/inglês)
2º “Antes que anoiteça” – Reinaldo Arenas (autobiografia cubana)
3º “Esperando Godot” – Samuel Beckett (Teatro irlandês/inglês)
4º “Orlando” – Virginia Woolf (Romance inglês)
5º “De braços Abertos (em Melhor teatro)” – Maria Adelaide Amaral (Teatro brasileiro)
6º “A maçã no escuro” – Clarice Lispector (Romance Brasileiro)
7º “Luisa (quase uma história de Amor)” – Maria Adelaide Amaral (Romance Brasileiro)
8º “Aos meus amigos” – Maria Adelaide Amaral (Romance Brasileiro)
9º “Bivar na corte do Bloomsbury” – Antônio Bivar (Memórias brasileiras)
10º “Cock and Bull: histórias para boi dormir” – Will Self (Romance inglês)

sábado, 23 de outubro de 2010

Íntimo

Hoje eu vou:

Manhã:
- trocar a água das flores
- Terminar a leitura de "Orlando" - (V.W.)
- Pagar vigia da Rua

Tarde:
- Almoço no "Coisas do Sertão"/ Conversa com Alana
- Estudar tropicalismo no CCBNB
- Avançar na Produção do trabalho "Fruição Queer" para V Congresso da ABEH/ Natal- RN
- Conversar com Orientanda Ravena sobe a Mono sobre o Caio

Noite:
- Cine-Café CCBNB "O conformista"(dir: Bernardo Bertolucci)
- Entrevistar a atriz Rita Cidade (para trabalho da ABEH)
- [ EM OFF]

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Friedrich Kitty

"O bigode de Nietzsche se incorporou à cultura pop"- Paulo César de Souza

ENTRELIVROS- Porque Nietzsche é um filósofo de “apelo popular”?

PAULO CÉSAR DE SOUZA – Vários fatores contribuíram para a popularidade de Nietzsche [...] Acho que o tamanho do seu bigode contribuiu para esse apelo. O bigode de Nietzsche se incorporou à cultura pop, assim como a barba de Che Guevara e os óculos de John Lennon

Apelo popular

ENTRELIVROS – Você usa o vocábulo “desnatureza”, o mesmo ouvido numa canção de Caetano Veloso (“Queixa”). Conte-nos sobre esta escolha vocabular.

PAULO CÉSAR DE SOUZA- O termo “desnatureza, não é o único neologismo que o leitor encontra em minhas traduções de Nietzsche. Mas já aconteceu de usar “o querente” (para “der Wollende”), pensando ser algo novo, e depois achei a palavra no Aurélio e em Fernando Pessoa. Uso neologismo quando o texto pode, mas isso não é freqüente. É significativo que a gente encontre essa palavra tanto numa canção popular como nu texto erudito: a linha entre cultura de elite e cultura de massa é mais tênue no Brasil do que em outros lugares. Caetano é um dos que mais contribuíram para borrar essa linha. Talvez eu tenha aprendido essa palavra com ele. Não lembro.

(Paulo César de Souza lê e traduz Nietzsche desde os 17 anos. Historiados e ensaísta, ele publicou em 1985 sua primeira tradução do filósofo alemão mais rebelde do mundo, Ecco Hommo – extraído da Revista Entrelivros Nº 18 – outubro de 2006)

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Links possíveis: Sempre considerei Caetano um dos maiores intérpretes do Brasil. Não sem exagero declaro que Caetano é um filósofo de aforismo transformados em versos e musicados. Do micro ao Macro, da cajuína ao sentido da existência; Dos desencontros dos quereres à reflexão do sobre o amor, Da Bahia à heavy Sampa; Do monumento no planalto central à “London , London”. Caetano, com todas suas contradições É LINDO. Pra lembrar de “Queixa” citada pelo tradutor de Nietzsche:

“Um amor assim violento quando torna-se mágoa é o avesso de um sentimento. Oceano sem água. Ondas, desejos de vingança, nessa DESNATUREZA. Bate forte sem esperança contra a tua dureza”.

Outra sacada fantástica de Caetano é sua aproximação [inconsciente] com as obras “A condição humana” e “As origens do Totalitarismo” de Hannah Arendt quando em sua música “Então tá combinado” o poeta baiano incisivamente nos deixa perplexos:

“Podemos ver o mundo juntos. Sermos dois e sermos muitos. Nos sabermos sós sem estarmos sós. Abrir Nossa Cabeça para que afinal floresça o mais que humano em nós”

Fico bege com a intuição do moço. Mas comento essa interface Caetano/ Hannah Arendt em outro momento

Próxima parada: Tropicalismo

“Viva Iracema ma ma. Viva Ipanema ma ma”



Na disciplina de “cultura brasileira” o próximo movimento cultural que trabalharei será o tropicalismo [ou a tropicália, como prefere Caetano]. Inicio a jornada de degustações com o Maestro que fez o Arranjo da música que deu nome ao movimento: Júlio Medaglia.


CULT- Qual o legado do tropicalismo?
JM – O tropicalismo foi comportamento, revoluções, idéias diferentes. Mexeu na política, mexeu no comportamento. Você ouve a musica hoje, é boa música. Ela resistiu. Não era só gracinha. Muita gente acha que comportamento era imitar Carmem Miranda, mas não era. Houve vários acontecimentos ligados ao comportamento geral do tropicalismo; ele mexeu em todas as áreas. Era um movimento cultural, assim como o rock era. Só que vejo o Woodstock hoje e não consigo assistir até o final, de tão ruim que era aquela porcaria toda. Com exceções de Jimmy Hendrix, Janis Joplin, o suingue do Santana, o resto você começa a detestar aquilo tudo, Não tem conteúdo musical nenhum. Eu ouço Os Mutantes hoje e me arrepio. E não é porque eu vivi aquela época. Eu vivi o Woodstock também. Eu me emocionei com os dois na época, só que eu ouço Os Mutantes e acho uma maravilha; assisto o Woodstock e acho a maioria deles uns chatos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

...

Embora ele tenha sido UM GRANDE FDP* com a Sylvia Plath, escrevi essa capto-poesia em hormenagem ao poeta (ao poeta e não à pessoa)

TED HUGUES
Apoio precário para um corpo
Obstinada a palma agarra o cheiro
Entre falanges se espraia o gosto metálico
Na cena branca do corrimão em meio à neve.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Billie, uma flor de cantora

“Quando Ella [Fitzgerard] canta que o homem dela foi embora, você pensa que Ele foi á esquina comprar cigarros. Mas, quando Lady [Billy Holliday] cantava a mesma frase, você podia ver o sujeito fazendo as malas, pegando o carro e indo embora para sempre” Tony Scotty citado por Ruy Castro em “Saudades do Século XX”



É lugar comum dizer que a musicalidade na obra do Caio F. é mais que uma adereço. Muitas vezes as propostas dos textos giram em torno de poesias ou mesmo de músicas sem prosa, como o [inesquecível] mote inicial de “Pela noite” com “Years of soletiude”.

Nesta rica seara uma das cantoras que mais aparece é Billie Holliday. Às vezes explicitamente como são os casos do próprio “Pela noite” e do romance “Onde andará Dulce Veiga” e às vezes implicitamente.

Quero falar deste implícito mas antes quero falar de Billie.
Em 1996 [14 anos] quando uma amiga [Lourene] me emprestou um cd com “o melhor do cinema”. No mesmo cd havia também outras preciosidades como “Age of Aquarius” do musical hair; Glen Miller; “the show must go on” e outras músicas fundamentais pra mim até hoje e "My man" da Lady.

O que parece soar mais engraçado é que a música de Billie ali era a que menos me interessava. “My man” soava estranhíssima. Aquela voz, como diz o Caio, que só se adquire após muitos cigarros e conhaques. Na verdade eu nem a ouvia.
Enfim, anos depois no AP. do Ailson ele disse que eu escolhesse um cd para tocar. Coloquei Billie. A cantora em suas gravações mais animadas, tipo “what a little moonlight can do” sempre me lembrava um pouco aquelas perseguições do Tom e Jerry. Enfim, me lembro que nesta época, acho que em 2005 [23 anos] já ouvia com certa constância nossa densa cantora. Fui direto em “The man I Love” que era de longe a minha preferida. Lembro que nesta hora o João Paulo me olhou incisivo e disse: “The man I Love? Que Folk” [afetei um sorriso e quando cheguei em casa procurei no dicionário o significado da palavra].

Tudo isso pra dizer que há um tempo,quando ouvia a versão de “the man I Love” na voz do Caetano [muito antes da novela, mas sim quando ele lançou o cd e foi entrevistado no fantástico pelo Zeca Camargo] Eu disse: “oxenti isso é uma fala da Flor de Dama!” Corro pro conto que deu origem à peça e está lá. A referência implícita. Olha só:

[Silvero Pereira em "Uma Flor de Dama" livremente inspirada no conto Dama da Noite do Caio]

No conto do Caio:
"Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros ecmo você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado, comigo: um dia encontro."

Só por ele, por esse que ainda não veio

Na música [tradução minha]:
"Um dia ele vira/ O homem que eu amo/ Vai se mostrar grande e forte/ O homem que eu amo./ E quando vier em minha direção eu darei tudo de mim para fazê-lo permanecer/ Ele me olhará sorrindo/ E eu corresponderei/ E por um átimo de segundo segurará na minha mão/ e embora soe absurdo eu sei que ambos não diremos uma só palavra/
Talvez eu o encontre num domingo, talvez na segunda, talvez não/ Mas estou certo de encontrá-lo algum dia/ talvez na terça seja meu dia de sorte. Ele construirá um lar feito só para nós dois/ Eu nunca vou sair dali/ Quem sairia, você sairia?/ O futuro a Deus pertence/ Eu estou esperando/ pelo homem que eu amo."

Caio, Cunningham e Kieslowisk: irreversíveis


A emoção engasgada de Juliet Binoche ao longo de toda “a liberdade é azul” é.. angustiante. Você sente o nó. O desalento expresso em forma de silêncio. Mudez esta que é apenas momentaneamente rompida quando a personagem diz: “Agora entendi que só farei uma coisa. Nada. Não quero bens, presentes,amigos, amor ou vínculos. ISSO TUDO SÃO ARMADILHAS”

Rompido o silêncio, porém nem um pouco amenizado.
ATÉ que diante do choro da personagem, já no final do filme, você diz: ufa, finalmente.
Transforma-se o mood. Este se torna não menos angustiante, porém distinto. Uma sensação epifânica raríssima, que costumo chamar de “perplexidade diante da irreversibilidade da vida”, se instaura .

Tal sensação é de vez em quando captada por algumas almas sensíveis em raríssimos momentos. Kieslowisk é uma destas. Mas temos também, por exemplo o conto “Aqueles dois” do Caio quando o narrador diz:

“[Saul] começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste”

Bem como no meu livro preferido do Michael Cunningham: “Flesh and Blood” [odeio o título em português: “laços de sangue”], o trecho e extenso mais valer a pena:

“Aconteceu com Will quando ele esqueceu o guarda-chuva. Ele saiu do apartamento de Harry de manhã, chegou à rua depois voltou. A porta estava aberta. Harry estava tocando sax no banheiro, um som rápido antes de se aprontar para trabalhar. Ele não ouviu Will entrar. Ele estava ali de cuecas e meias brancas, tocando. Will não reconheceu a melodia. E ficou observando da porta. Já vira Harry tocar inúmeras vezes, mas nunca desse jeito, nunca sem que ele soubesse que estava sendo observado. Assim alguam coisa havia mudado. Harry estava inclinado sobre o sax, de olhos fechados e apertados e com o rosto ruborizado. Will nunca o vira tão perdido em si mesmo, nem quando fazia sexo. Em sua têmpora pulsava uma veia grossa. Ele tocava bem, não de forma brilhante, mas estava mergulhado no seu som. Era um homem com início de barriga tocando saxofone num apartamento desarrumado, usando meias brancas e frouxas e cuecas folgadas, de listras, enquanto a chuva batia nas janelas. Só isso. Mas alguma coisa surgiu em Will. Ele nunca compreenderia o que era. Acreditava estar vendo a infância e a velhice de Harry, a curva completa da vida de Harry atravessando o quarto, nquele momento. Logo Will saiu de si mesmo e se juntou a Harry no moviemento e nos ruídos continuados que eram parte de ser Harry, e logo sentiu medo e esperança e alguma coisa mais de Harry. A soma dos dias dele. A sensaçã ode viver dentro do corpo dele, soprando música através do sax. Will permaneceu em silêncio. Não falou. Pegou o guarda-chuva que estava na sala e saiu.

Começou a sentir uma espécie de satisfação. Satisfação do pão e da conversa. As hora sde seus dias tomaram uma nova forma, mais quadrada, embrulahdas de forma mais densa. Vivia como ele mesmo e vivia como uma rapaz que era amado por Harry. A velha sensação flutuante parecia estar se afastando embora às vezes ocorresem fases de recaídas. Quando a sensação ia embora era uam alegria simles e um desapontamento novo. Esse desapontamento adejava ao redor do seu contentamento, persistente como uma abelha. Agora ele não estaria disponível para o homem perfeito, aqueles cujos músculos, com seu topor poderoso, faziam parar o tempo. Se esse homem existia – esse espírito alegre e volumoso- Will não encontraria porque havia encontrado este outro, um homem bom, com o cabelo rareando. Alguma coisa estava se casando com ele, alguma coisa estava se atando à sua carne. Sentia-se exultante e, com menos freqüência, desconsolado. Diversas vezes dormia com garotos belos, tolos, que conhecia em bares ou no ginásio. Comprou discos de jazz para Harry, um suéter de cashmere, tudoo que poderia acontecer, e papeis de carta na cor creme, da França. Preocupava-se com tudo o que poderia acontecer, todos os acidentes do mundo, e chorava, às vezes, por uam tristeza e uam felicidade a que não sabia dar nome”


Ufa. Tinha mais, mas fico por aqui. [Já havia publicado aqui outro trecho do livro, para ver clique aqui].

O perigo da expectativa

Comprei o livro “o perigo do dragão” e assim como a Alice de TIM Burton fui lê-lo pronto para adorá-lo. E como na Alice isso não aconteceu. Fico imaginando se foi muita expectativa o que criei em cima da obra por conta dos comentários exaltados e positivíssimos feitos pelo Caio sobre o livro em suas cartas. Algumas poesias me agradam. A que mais gosto, como registro historio é uma intitulada “Para Ana C. e Caio e todos nós” já postei-a aqui na ocasião quando vi o [muito bom] filme “O signo da cidade” roterizado e estrelado por Bruna. Para ver clique aqui.

No mais, o que me incomoda na poesia dela é essa coisa muito fêmea. Fica parecendo que se quer forçar a existência de uma “literatura feminina”. O que é pura tolice. Mas talvez o que agrade, como diz minha amiga Joaquina, seja a “verdade” presente na intenção. Ai lembro de Beckett dizendo: “falhar de novo. Falhar melhor” e lembro também do Caio no prefácio de ovelhas negras “porque publicar o que não presta? Porque o que presta também não presta." E já que estamos nesta esteira vai a musa-mor Clarice dizendo: “quanto a escrever. Mais vale um cachorro vivo” .

De mais a mais o livro é curto. Vou dar uma olhada de novo.
Gostei também de “Sonhos de artifício”. Mas tou com preguiça de transcrever.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diálogos com Mark Larvey Levine

Hoje de manhã acordei com as peças Mark Harvey Levine na cabeça.

Ele: Play writer californiano com quem mantive um curto mas simpático diálogo há uns três anos. Na época ele me mandou toda a sua obra por email e acabei de relê-la numa sentada só. Como diz o antônio Bivar: Uma delícia. Então remexi bits de memórias e achei nossas missivas virtuais. Tou com preguiça de traduzir. Vai ai uma parte:

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From: xandyjacs@hotmail.com
To: markle9@hotmail.com
Subject: A new brazilian fan says congratulations!
Date: Sun, 7 Oct 2007 23:39:13 +0300

Hi Mark

I saw a play with some of your texts here in Brazil (Fortaleza city )last week. And I cant find anything 'bout you published here. I'd like very much to read other plays made by you. Not even at internet and at theatreneo.com.

Anyway. I belive that you'd like a brasilian writer called 'Caio Fernando Abreu' He is alread dead and wrote lotes of romances, plays, ccrhonics but he where better criating short stores. (like you)
Anyway, at 'the new york times's site they havaa very god critic bout 'whatever happened to dulce Veiga?' A Caio's novel published in USA and rientely adapted to Movies here in Brasil.
http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=940DE4D61531F93BA25751C0A9679C8B63

Congratulations. You are fantastic.
A brazilian poetry says that a good text is the one who read us. You plays do that very nicely.

Hugs
Alexandre Sousa

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From: markle9@hotmail.com
To: xandyjacs@hotmail.com
Subject: RE: A new brazilian fan says congratulations!
Date: Mon, 8 Oct 2007 17:07:49 -0700

Dear Alexandre:

What a wonderful letter to receive! Thank you so much for writing. And muito obrigado for
your kind words about my plays!

I have to tell you that I have seen many people do my plays (in English), but Pausa Companhia has given me the BEST production I have ever had -- in any language. They are fantastic! I was honored to meet them a month ago. They flew me to Sao Paulo to see them perform. It was one of the most amazing experiences of my life. So I got to see a little (very little) of Sao Paulo, but I got to meet the actors of Pausa Companhia, who were so nice to me.

I will have to find that book by Caio Fernando Abreu! He sounds very interesting.

I do have other plays that I have written -- I would be happy to send them to you if you're interested. They are all in English, of course -- Pausa Companhia has only translated the six plays that you saw. I've attached one, my latest one...in a pdf file. Let me know if you have trouble opening or reading it. Are you able to read plays in English?

Again, thank you so much for your kind letter. I'm so glad you enjoyed my plays!

Hugs,

Mark
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From: xandyjacs@hotmail.com
To: markle9@hotmail.com
Subject: RE: A new brazilian fan says congratulations!
Date: Fri, 12 Oct 2007 02:55:47 +0300

Thank God you understood those words I wrote! ‘cause I almost didn’t understood it when I read it once again. (I wrote that email very quickly and exited )Oh you can send me the plays cause I can read it in English . I’m better reading than… (I never know if it is write, Right, Wright rsrsrs) writing.

I’ve already read “LA 8 AM”.

Once again you get the heart of the matter. I always think by myself: An I far from the middle of my life? The middle of my life had already passed by? Or an I exactly at the meddle of if… today? I (and nobody) will never know. (I’m just 24 and I prefer to think ‘bout the first opition – that I’m veeeeeeeeeeeeeery far from the midlle rsrsrs - but the boring doubt keeps rounding) That angst. Maybe a little existentialist but still horrible. Everytime we talk bout dying we get more serious like the play.

Pilip Aries says that we spend lot of time ‘cause death is occulted from us at Capitalist society (different of Meddle Age. When Dying was a public celebration). People act as if they would never die (cause if you think of it you’ll be depressed and will not buy as the say way as if you were happy). That’s why Must of people pass 20 years working in a place or area they doesn’t like, keep married years and years without love or doesn’t say good bye (like Kevin and paige) cause we think we are highlanders or we’ve forgot the we are not him.

“Who wants to live forever…” Queen…

I think the more you try to catch/ control time the more you lose it. And the play talks bout it.

And it gives us that irresistible sensation of “uniconsciência” (I don’t know if you have this word: uniconsciousness or overconsciousness) it’s like being some kind of god witch –like most of gods - knows everything.

P.S1: Do not forget to send me other plays.

P.S.2: Seeing “aperitivos” was a complete –and happy- coincidence. I was at the Cultural Center able to see another play. But when I read ‘bout “aperitivos”. I said: “oh god I must see it”. And I had already bought the tickets to another play. And it was 8p.m. (the time to start the plays) and my dating partner hadn’t already arrived. And the ticket guy didn’t accept credit cards…

P.S3: A friend of mine would love to see the play. The holly play I was thinking of him. He is an English Teacher and I’d love to show him your work. (especially the “aperitivos” – and I’d like to have it too) So if you can send me it I woud like very much to read it again and again. I thought : “This play will never comeback to Fortaleza and he will not have opportunity to see it”. Fortaleza is very far from the south of Brazil. You spend less time going from here to Madri then going from here to Florianópolis (the city of the actors)

Hugs

Alexandre

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Alexandre:

Yes, I understood your letter perfectly! Trust me, if I tried to write in Portuguese, you would not understand a word.

I have to tell you something funny -- I always get those words mixed up too. Words that sound the same but are spelled differently: -- write, right, or won and one, or two, too, and to. And English is my native language! I don't have an excuse.

Thank you so much for your kind words about 'LA 8 AM'. I am used to writing comedy plays, so writing something more serious like that was new to me. I wasn't sure if it would work. And -- heheh -- you're so young! I don't think you're even near the middle yet. :) That theory about Capitalist Society may be right! It's interesting. Funny you should mention that Queen song -- I had just heard it that morning right before I got your email! Odd, huh? I love little coincidences like that.

You are so kind to want to read more plays! I am going to send you some because I would love to know what you think of them. You must promise to be honest! I am also attaching Aperitivos, in Portuguese...the other plays are in English, of course. Feel free to ask about anything you don't understand. They are in a variety of styles...some serious, some more silly.

I often wonder how 'American' my plays are. I was frankly surprised that they worked so well in Brazil! But there does not seem to be much of a cultural barrier. I guess we are all more alike than I realized.

Thank you SO much for all your kind comments! Hope to hear from you soon.

All my best,

Mark Harvey Levine

Para ler [e viver] De braços abertos

"De braços Abertos" - a obra prima de Maria adelaide Amaral. Dramaturgia magnífica que eu gostaria de ter escrito

Inrene Ravahe e Juca de Oliveria Interpretaram Luísa e Sérgio na célebre montagem nos anos 1980
Leio em livraria. Não, não leio só pra verificar se o livro é bom ou não. Se vou comprar ou largar. Leio mesmo. Tardes. Com gosto. Arrasto a cadeira., arrumo a melhor posição na mesa e vou me embora [na leitura, óbvio].

Isso não quer dizer que eu não vá comprar o livro: foi assim que adquiri "Um filme é um filme" do Ruy Castro. Mas também não significa necessariamente que eu vá levá-lo: foi assim que li quase toda a biografia do Truman Capote.

Pois bem, nesta última ida a Fortaleza li a peça "De Braços abertos" da Maria Adelaide Amaral no seu livro "Melhor Teatro" da editora globo.Cheguei, sentei às 20:15 e me levantei às 21:45 com um sentimento semelhante ao descrito por Caio F. em carta à autora após ter visto a montagem da peça: "Dá vontade de amar. De Acertar" e que Maria Adelaide consegue ser inteligente sem ser pedante, política sem ser panfletária, sentimental sem ser babaca, etc, etc.

Da leitura:
Aqui Luísa finalmente se revela [em 1 ªpessoa]. é uma personagem injustiçada.

Atenção: "De braços abertos" - a peça não é e nunca foi um apêndice do livro "Luísa: quase uam história de amor" - vencedor do prêmio Jabuti de 1986. É exatamente o contrário. O núcleo duro, vivo, está NA PEÇA. O romance é adendo, o apêndice, os relatos pós, as impressões.

Explico: na peça há os encontros furtivos deliciosamente conflituosos do casal de amantes: Luísa e Sérgio. Já no romance também temos Sérgio e Luísa mas esta simplismente não aparece. A personagem é [magistralmente]"perfilada" por diversos pontos de vista de amigos/capítulos que a descreve: Raul, Sérgio, Marga, Mário, etc. Mas de Luísa mesmo só temos vagas anotações de agendas e bilhetes presentes no final do livro.

No romance Maria Adelaide consegue incrivelmente esconder Luísa [a personagem]atrás dos relatos dos Amigos e de seu ex: Mário.
Sinto que o capítulo que chega mais perto da personagem título é o primeiro "Raul" [e talvez seja por isto que e tenha mais me agradado].
Já o capítulo "Sérgio" [relato do Amante]não consegue dar conta do que foi seu relacionamento com Luísa inclusive na peça ele [Sérgio] aparece melhor em todo o seu sarcasmo de artista frustrado.
No livro não consegui encontrar a redenção final que há na peça. Aliás, seus desfechos são antagônicos.

A frase final da peça é redentora "apesar de tudo isso consigo olhar para você com ternura"
Enquanto que na prosa o desfecho se apresenta sombrio: "absolutamente breu. Absolutamente fel".

O fato de no romance Mário fechar os perfis, dá um idéia de conclusão, de autoridade para a síntese. E ele nos apresenta uma mulher frívola, que anseia reconhecimento, "com profundos vincos ao redor da boca e talvez vestida exageradamente para sua idade".

Ao contrário disto tudo a peça dá ênfase naquilo que Luísa colocou como meta e Sérgio não foi capaz de alcançar, lembrando muito a relação de Clarissa Dalloway e Peter Walsh no romance Mrs. Dalloway de Virginia Woolf.

Aqui a carta do Caio faz todo sentido do mundo [a tal ânsia por acertar em meio a tantos erros]. Já no romance não há sentido nenhum, só desilusão.



Na peça os braços estão permanentemente abertos apesar de.
No romance eles estão absolutamente fechados. Em resignação. Amargos.

Mais sobre a montagem histórica de "De braços abertos" com Irene Ravache e Juca de Oiveira clique aqui

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Educação Sentimental II.

(Post Retrô. Ao som de Teresa Cristina canta a música de Paulinho da Viola).

Continuando o post Educação Sentimental I: outra conexão se estabelece.
De certa forma pensamos que nossas referências já nasceram prontas. O que pode nos salvar desta desvairada conclusão são as autobiografias.

Se toda autobiografia é uma farsa pelo menos ela tem uma vantagem. Quando o biografado consegue, pretende e está à disposição de fazer isto, ela revela os andaimes de uma formação a partir de dentro.

Porque penso isto? Estou lendo também “verdade tropical” de Caetano Veloso [e ouvindo o escandalosamente belo álbum duplo Teresa Cristina canta a “música de Paulihho da Viola”. Finamente abri os ouvidos para esta musa contemporânea mas volto a falar isto no final deste post].

Nunca imaginei na vida um Caetano que não fosse completo. Para mim Caetano nascera já cantando “alegria, alegria”. E ao contrário desta constatação, em sua “verdade tropical”, ele se revela um jovem como tantos de nós, em formação, quando diz:


“Um dia fui elogiar Walter da Silveira [...] e Duda [Machado, poeta e crítico] retrucou dizendo que a ele Walter não ensinava nada porque era um crítico preguiçosamente complacente com os ‘filmes de arte’ [...] Interessava-me não só que Duda tivesse razão em todas essas ocasiões, mas, sobretudo que ele estivesse sempre pensando as coisas num nível acima daquele no qual meu pensamento poderia transitar [...] se sua opinião divergisse da minha, ou se apresentasse a menor nuance em relação à minha, eu parava para rever minha opinião”

Ou ainda quando falava de sua inicial aproximação com Boal:
“Lembro-me do começo de uma discussão com Boal [...] Era o inesquecível ‘Rosa de Ouro’ que revelou Paulinho da Viola (aos 24 anos) [entendeu agora porque me lembrei destas feitas? Os dois post estão ao som Paulinho da Viola cantado por Teresa Cristina] [...] Para Boal, esse espetáculo que me comovia[...], era folclórico. Naturalmente eu era tímido demais para argumentar contra Boal, a quem respeitava e admirava – e ele demasiadamente despreocupado das minhas opiniões para encorajar uma verdadeira discussão”.

Tudo é conexão: Bivar – França – A peste – Camus – Anos de formação
Mais isto: Anos de formação – Caetano – Verdade tropical – Paulinho da Viola

E agora Teresa Cristina que diz, neste momento, assim: “Faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar”
E olha que eu nem Falei do Cézanne...

Os convidados

[Texto escrito no auge das minhas leituras de João Gilberto Noll há 2 anos]


(ao som de “cinema paradiso” de Ennio Moriconne)

O despertador toca. Na ruptura brusca do silêncio, ele se levanta. Não ele não levanta. Detém a tentativa de olhar encandeado no celular. Desliga o renitente do som e diz para si mesmo, sem planejar, seiscentos e trinta, half past sex after meridian, seis e meia. Ainda havia tempo para ir à estação recepcionar os convidados.

Na cozinha invadida pelo cantos dos canários – deus, como podem ainda existir? aqui?- ele percebe que não havia café. E pressente um longo dia, ou pelo menos uma longa manhã descafeinada. Ainda sonolento realiza com a maestria de qualquer ser ordinário aqueles pequenos rituais: banho, dentes, roupas, apagar luzes –esquecidas, acesas no varar da noite – fechar janelas. Porta.

Na parada do ônibus em direção à estação. Sono. Já à caminho dentro do coletivo, uma garota começa a cantar canções neo-pentecostais de uma destas igrejas caça níquel: “queima ele Jesus, queima ele”. Todos riem, ele está sério. Grave. Não gosta do modo paternalista como as pessoas (e não seria ele também uma pessoa?) olham para qualquer minoria. Pensa ainda: “não importa, afinal, eu estou queimado”.

Ainda era muito cedo. Metade da cidade dormia. Nada de carros barulhentos, garotos nos sinais. Só alguns – ainda bem - ambulantes vendendo café nas esquina antes que passasse a fiscalização da prefeitura. O rapa. Cantarola miséria S/A: “senhoras e senhores estamos aqui pedindo uma ajuda por necessidade...”

Ele chega á estação no horário combinado: sete e quarenta. Mas não estava em Estocolmo, pensa, ou qualquer outra cidade onde é possível acertar o relógio pela pontualidade dos transportes públicos. Sabe tudo sobre estar atrasado. Era uma de suas especialidades, embora nunca admitisse.

Pacientemente os aguardava, mas tinha esperança de que não chegassem. Ele na estação. Levantara muito cedo, com não era de costume. E como se fosse a trilha sonora de um filme que não pagaria para ver, as canções de Ennio Moriconne serpenteavam pensamentos, numa espécie de Original Sound Track para aqueles dias desertos, ressequidos de álcool e emoções. Como se ele fosse mais um Salvatore que quer ir embora daquela cidade, não tão diferente da Ginacarlo Italiana. Sicília, pensou. Clara. Estaria ainda lá? Ao menos chegara lá? Provavelmente nunca saberia. Então pensa, apesar de nunca ter cruzado o Atlântico: como podem dois locais ser tão parecidos? Como um arquétipo da inércia, completou.

Embora queira ir embora não poderia se tornar um errante, pelo menos não agora. Na verdade, naquele momento, tinha que ser exatamente o oposto. Algo entre anfitrião e recepcionista. E o desconforto das esperas à medida que os ônibus começavam deixar a estação. Mas e os convidados? Eles não chegavam. Era sábado e dali há algumas horas os bares estariam repletos de. Deixa par lá.

Ele guarda sua atenção nos transeuntes e suas respectivas bagagens. Não estava excitado. Tudo parecia tão idílico e triste. Como algo que não estivesse mais ali, ou talvez nunca tivesse estado. Deus.. Lembrou de Caio. Aquela sensação. Mas a vida aqui não é como a de Mrs. Dalloway, sempre fazendo recepções para driblar o silêncio. Não, ele não havia saído para comprar flores e seus convidados que não chegavam. Ônibus deixam a estação. Poderia entrar em qualquer um deles. Mas ele não quer chegar aos seus destinos.

Moriconne continua tocando. E ele ainda estava lá. Mas aquela, até então vaga sensação começou a adentrar vielas mais importantes, saltando de súbitos para as avenidas principais da consciência. Com se fossem os ratos-idéias encantados pelos acordes melancólicos do compositor italiano. Não, não eram ratos-idéias por que não era de um todo racionais, palpáveis, quantificáveis. Era uma não-idéia que pulsava como música, sem vocábulos. Rumo ao precipício? Como no conto de fadas?

Ele naquela não-lugar. Naquele entrementes, local de partidas. Quantas definitivas? Aquilo também nunca se saberia. Ninguém saberia de fato, pois naquele país sem tradição em estatísticas não se sabia muito a esse respeito. Pensou em afazeres. No emprego instável. Cogitou se estava na profissão certa e desejou no fundo de seu peito descafeinado e desolado que os convidados não chegassem.

Não. Ele não queria.

Educação Sentimental I

(Post retrô. Ao som de Teresa Cristina cantando “a música de Paulinho da Viola”).

Sempre ia passar as férias escolares do meio do ano na casa da minha avó materna. Certo ano, acho que em 1998, quando eu tinha 15 anos fiquei bem próximo do Gabriel. Ele tinha uma biblioteca infinita. Em uma de nossas tardes de conversa disse que eu escolhesse um livro para ler. Não me pergunte porque, selecionei “memórias póstumas de Brás Cubas.” Lembro também de um certo tom de desapontamento no rosto do recente amigo. Algo que dizia: “tão didático. Tão óbvio”.[ Não posso dizer que foi uma leitura agradável. Apesar de não lembrar de uma linha sequer da obra, rememoro que a travessia do meu primeiro Machado foi espinhosa. Mas tinha que ler para, de certa como dizem os livros de inglês: “keep a conversation going”].

Devolvido o livro, Gabriel já havia separado outro para mim: “A peste” de Albert Camus. Ao me entregar a obra começou a divagar sobre temas que não faziam o menor sentido para mim. E no final ele dizia assim: “mas não sei porque tou dizendo isto, claro que você já sabe disso tudo”. Neste momento, eu que nem a conhecia e nem sei se o livro já havia sido escrito, afetava o meu melhor sorriso [complacente] de “Bridget Jones” em sinal de concordância.
[o, então, ilustre desconhecido Albert Camus]
Devorei a obra de Camus [a edição era luxuosíssima]. Sem suporte de existencialismo cristão ou ateu, a peste era uma peste, as pessoas que morriam, morriam mesmo realistamente sem metáfora nenhuma.

Claro, ainda não havia para mim Sartre, Simone, nada disso.
Muito tempo depois saberia que a peste era uma alusão ao nazismo, que Camus romperia com Sartre e que hoje o primeiro é bem mais aceito que o segundo.

Bem, tudo isso eu lembrei ao ler (agora, agora) no Livro do Bivar:
“Duas grandes telas de Michel Serre (1658 - 1733) mostram a última grande peste européia, no caso, especificamente em Marseille: milhares de pessoas dizimadas [...] Uma delas, de nome “Vue de l’Hotel de ville pendant la pest” é impressionante. Gente se atirando das janelas do hotel[...] Interessante registrar também que depois, a caminho do outro museu, passamos pelo hotal de Ville, cenário da tela da “Peste” e o prédio está bem conservado, nem parece que há quase três séculos passou por aquilo que a tela mostra”

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Curtas... Fortaleza

Cantar é vestir-se da voz que se tem...

Amanhã retorno ao Cariri.
Por conta disto este blog estava meio abandonado...

Então ai vão drops do que foi essa semana:

Pelo Dia: Semana de Comunicação no Campus da UFC Fortaleza
Pela Noite: "O batidão do meu coração na pista escura"... HUMMMMMM

Intermezzos:

-Descobri finalmente a linda, madura, irradiante Teresa Cristina [que merece um tópico só dela] Chorei na cozinha da casa dos meus pais quando começou a tocar "Cantar"...

- Terminei de Ler as mais de 500 páginas de "Bivar na corte do Bloomsbury"[leitura que eu havia suspendido] e engatei a compra de "verdes vales do fim do mundo" e "longe daqui aqui mesmo" mesmo autor

- Então engatei a leitura simultânea de "Verdes vales" e "Orlando" de V. W. [estou narcisamente apaixonado por Orlando...]

- Li toda a peça "De braços abertos" da M.A.A. na Nobel do Shopping Aldeota

- Vi finalmente o "Curtas nº2" e a boa adaptação do meu queridíssimo "os sobreviventes" dirigida pelo Silvero

- Revi Vick, Cristina, barcelona [me encantou desta vez]

- E mais, muito mais...

- "Luzes e Flashs de Neon e Cristal /Todo meu prazer
Hora do Rush Noite na Capital/ Como deve ser/
Nessa cidade tanto bem tanto mal/ Tanta coisa no meu coração"

[Quando passo mais de um fds em Fortaleza tenho a impressão/ sensação/ilusão de que nunca sai daqui e de que meu universo particular está ali, organizado em prateleiras e desordens do meu quarto. Ali me encontro como em nenhum outro lugar].

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sigmund por Leonard.


"Freud não é só um gênio mas também, ao contrário de tantos gênios, um homem extraordinariamente simpático" - Leonard Woolf, editor da obra de Sigmund Freud em inglês pela então recém criada Hoggart Press.

"Na despedida Freud deu uma flor à virginia. Simplificativamente um narciso. Virginia estava à beira de outra crise de loucura. Freud achou melhor não analisá-la. A análise poderia romper a veia criativa" - in "Bivar na corte do Bloomsberry".

sábado, 2 de outubro de 2010

Minha idéia de Arte IV


"Me canso fácil dos preciosos intelectos que precisam cuspir dimantes toda vez que abrem as suas bocas" - Charles B.

"[...]acho adolescente rebelde um grande barato. Adolescente rebelde é aquele que acha tudo um nojo e quer mudar o mundo. Depois é que eles crescem, esquecem as rebeldias, compram mesinhas de centro ou arrumam um bico numa publicação de extrema direita. O que não é o meu caso, e acho ótimo não ter barriga nem física nem mental." Caio F.