quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

RETROSPECTIVA 2010

MELHOR CINEMA:
*Lançado em 2010: ia colocar NENHUM, mas ontem assisti o novo Woody Allen “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos”
*Cinema Clássico: “Quem tem medo de Virginia Woolf?”[Cine-Clube BNB]


MELHOR MÚSICA:
*Música lançada em 2010: “Mapa-Múndi” Thiago Pethit
*Videoclipe lançado 2010: “Mapa-Múndi” Thiago Pethit
*Trilha sonora na dor de cotovelo 2010: Todos da Ceumar em especial “Avesso”
*Álbum descoberto: Teresa Cristina canta Paulinho da Viola
*Descoberta da Música: Teresa Cristina
*Emoção ouvida: “Cantar” Teresa Cristina
*Descoberta Clássica da Música: The Smiths
*Bluckbuster: Lady Gaga

MELHOR LITERATURA:
*Livro: “Teleny” atribuído a Oscar Wilde
*Livro de ficção: “Teleny” atribuído a Oscar Wilde
*Livro de Não-ficção: “Antes que anoiteça” Autobiografia do Reinaldo Arenas
*Livro de poesia: “Folhas das folhas da Relva” Walt Whitman
*Livro de ensaios: “Homens em tempos sombrios” Hannah Arendt
*Descoberta literária nacional: Maria Adelaide Amaral
*Descoberta literária internacional: Will Self
*Livro relido: “Uma casa no fim do mundo” Michael Cunningham
*Livro infanto-juvenil: “Um conto de Natal” – Charles Dickens
*Emoção lida:Descrição da infância e da pobreza da mulher em "Agreste Malva-rosa" de Newton Moreno.

MELHOR TEATRO:
*Espetáculo visto em 2010: “Aqueles dois” [Cia Luna Lunera - Belo Horizonte]
*Espetáculo lançado em 2010: "Engenharia Erótica" [Fortaleza – grupo Parque]
*Atuação masculina: Silvero Pereira/Gisely Almodóvar em “Engenharia Erótica” [Fortaleza – grupo Parque]
*Atuação feminina: Joaquina Carlos/ Alzira em “Avental todo sujo de ovo” [Crato – Grupo Ninho]
*Texto de teatro lido: “Esperando Godot” de Samuel Beckett [2º lugar “de braços abertos” Maria Adelaide Amaral]
*Infantil: “Terreiro de Histórias” [Crato - Armadilhas Cênicas]
*Emoção vista: Reencontro Antero e Moacyr/Indiene em "Avental todo sujo de ovo" [grupo Ninho- Crato]
*Descoberta: “de braços abertos” de Maria Adelaide Amaral [2º lugar: "Agreste Malva-rosa" de Neton Moreno]

TV:
*Seriado: 3o Rock
*Seriado re-assisitido: Anos incríveis [via youtube]
*O resto: Nenhum [aboli TV]

VARIEDADES:
*Melhor Show: Zeca Baleiro em Fortaleza
*Melhor chaveco recebido: No show do Arnaldo Antunes no Crato [e depois]
*Maior porre: ... não me lembro.
*Melhores descobertas de amigos 2010[em ordem alfabética]: Alana, André, Arismeire, Cleide, Enza, Joaquina, Joelmir, Gizely, Socorro, Suellen.
*Melhor Fast food: Sanduiche vegerariano da Subway- Shopping Benfica [sem molho e com azeite]
*Melhor re-encontro: Almoço com Leila no restaurante indiano do Bairro de Fátima
*Melhores ditos populares: “Quem tem cu tem medo”/ “Bezerro bom não berra” [André]
*Melhor turismo ecológico: As praias de rio de Tocantins
*Maior cafajestagem sofrida: réveillon 2009-2010 + desdobramentos
*Melhor interlocução artística/estética: Paola Benevides e Ailson Lemos / Joaquina Carlos
*Melhor parceira de dança: Gisely nos shows do Nightlife/ Cariri
*Maior perda: Ruy Krebs amigo virtual e amigo na infância do Caio Fernando Abreu
*Melhor livraria: Cultura - Fortaleza
*Maior mico: pânico na sala de endoscopia me agosto

PROFISSIONAL:
*Melhor Evento científico: V congresso da ABEH
*Melhor Conquista: Ser professor efetivo de jornalismo na UFC [além dos dois outros concursos]
*Maior surpresa: Eleição para o Conselho consultivo da ABEH 2011- 2012 [2º lugar: conselho fiscal do Comunicação e Cultura]
*Melhor publicação: No livro “Comunicação para a cidadania” da INTERCOM
*Melhor Pesquisa realizada: "Cariri queer: um esboço da perfomatividade travesti nas terras de Padre Cícero"
*Melhor Grupo de estudos: GESS – Grupo de estudos de Sexualidade e Subversão - URCA

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Links by Nightfall



Já rasguei demasiados elogios pro Michael Cunningham aqui neste ano. Clique aqui ou aqui

E o criador da família Stassos está de volta em grande estilo nos presenteando com mais uma narrativa bem elogiada na resenha do New York Times clique aqui

Pra conferir, o site da Amazon disponibiliza as 8! primeiras páginas do romance.
Agora é esperar a companhia das letras comprar os direitos, rezar para a Beth Vieira ou a Ana Olga Barros Barreto [prefiro a segunda]ser contratada para traduzir. O que deve demorar [dedos cruzados] um ano.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ante o trânsito de Nova Déli

(um plágio grosseiro e descarado)

[...] E porque rapazes e moças como ele e ela aos sábados à tarde raramente ou nunca se enfiam por teatros, preferiram subir ou descer a rua São Pedro olhando as coisas, não as pessoas, os dois se encaminhando para a esquina do CCBNB. Então pararam e olharam para frente, uma multidão de romeiros, como se o mundo fosse acabar, oh as ruas tão tristes de Juazeiro do Norte.
E então como se padre Cícero rompesse de repente entre as gentes e como seu chapéu anunciasse aos homens daquela rua e daquele sábado à tarde naquela cidade a irreversibilidade e a fatalidade da redondeza das esquinas do mundo – ele olhou para ela e ela olhou para ele
Ele sorriu para ela, sem ter o que dizer. Ela também sorriu para ele. Mas disse, a moça disse:
___ Parece Nova Déli, não?
___ O quê? – ele perguntou sem entender.
Ela apontou com os braços se abrindo em semi-círculo:
___O trânsito. O trânsito parece Nova Déli.
Surpreso e meio bobo, ele perguntou:
___ E você já esteve em Nova Deli?
___ Nunca – ela sorriu outra vez. – Mas não é preciso. Deve ser bem assim, você não acha?
___ O quê? – ele, que era meio lento, tornou a perguntar.
___ O trânsito – ela suspirou. – Parece o trânsito de Nova Déli.
Ele sorriu também outra vez. E concordou:
___ Sim, é verdade. Parece o trânsito de Nova Déli [...]

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Adeus [?] a Claudia Wonder


Recebi, em plena Assembléia Geral da ABEH, a notícia do falecimento de Cláudia Wonder.
Fico me perguntando: "Até quando meu [d]eus, até quando?"

Reproduzo abaixo um texto do Caio sobre esta figura que, confesso, ainda estou por conhecer:

MEU AMIGO CLAUDIA
Por: Caio Fernando Abreu

Maravilha, prodígio, espanto:
No palco e na vida, meu amigo Cláudia é bem assim:
Meu amigo Cláudia é uma das pessoas mais dignas que conheço. E aqui preciso deter-me um pouco para explicar o que significa, para mim, “digno” ou “dignidade”. Nem é tão complicado: dignidade acontece quando se é inteiro. Mas o que quer dizer ser “inteiro”? Talvez, quando se faz exatamente o que se quer fazer, do jeito que se quer fazer, da melhor maneira possível. A opinião alheia, então, torna-se detalhe desimportante. O que pode resultar – e geralmente resulta mesmo – numa enorme solidão. Dignidade é quando a solidão de ter escolhido ser, tão exatamente quanto possível, aquilo que se é dói muito menos do que ter escolhido a falsa não-solidão de ser o que não se é, apenas para não sofrer a rejeição tristíssima dos outros.

Bem, assim é meu amigo Cláudia. Eu não o/a conhecia pessoalmente. Ou melhor: conhecia do palco, onde Cláudia enlouquece cantando, falando e mostrando-se de uma maneira tão atrevidamente escancarada que fica linda, lindo. Só conversamos face a face, pela primeira vez, há três semanas. Parece não ter nada que ver, mas tem tudo: eu adoro Marina Lima. Há três anos, no Rio, conheci Sergio Luz, que atualmente dirige Marina. Éramos amigos de (Ah! Os bordados da vida...) Ana Cristina César, e foi através dela que cruzamos caminhos. Mas isso é outra história. Ou nem tanto. Há três semanas, Sergio me convidou para jantar com ele, Marina, Antonio Cicero e outras pessoas. Lógico que fui. E lá estava também Cláudia, no meio de uma mesa enorme. Não havia lugar para todo mundo. Sentamos numa mesa próxima. Pouco depois, Cláudia veio sentar-se conosco, porque havia um senhor na outra mesa – um senhor poderoso – que não parava de agredir Cláudia. Começamos a conversar. Acabamos no Madame Satã, onde raramente ou nunca, felizmente, existem senhores como aquele, agredindo pessoas como Cláudia. Por não existirem interferências assim no mundo particular do Satã, foi que Cláudia e eu, naquela noite, nos tornamos amigos.

Para aquele senhor, e para a maioria de todos os outros senhores do mundo, a presença de Cláudia deve representar a suprema transgressão, a mais perigosa das ameaças. Tanto que andam matando pessoas como Cláudia, na noite negra e luminosa de Sampa. É que meu amigo Cláudia incorporou, no cotidiano, a mais desafiadora das ambigüidades: ela (ou ele?) movimenta-se o tempo todo naquela fronteira sutilíssima entre o “macho” e a “fêmea”. Isso em uma sociedade em que principalmente o genital é que determina o papel que você vai assumir. Porque se você é homem, você tem de fazer isso e isso e isso – não aquilo. E se você é mulher, deve fazer aquilo e aquilo e aquilo – não isso.

Movendo-se entre isso e aquilo, meu amigo Cláudia conquista o direito interno/subjetivo de fazer isso e também aquilo. Mas perde o direito externo/objetivo de fazer nem isso nem aquilo. Tomamos vodca juntos na madrugada falando de solidão, essa grande amiga em comum de todos nós. Trocamos telefones, nos encontramos outra vez. Gosto tanto de seus olhos muito abertos, atentos a tudo, contemplando diretamente o mais de dentro de cada um.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pequenas Epifanias

Quando a gente menos espera ela acontece. Como diz o Caio "cravada no cotidiano"...
Vai o texto na íntegra. Vale a pena:


Dois ou três almoços, uns silêncios.
Fragmentos disso que chamamos de “minha vida”.

Caio Fernando Abreu

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de “minha vida”. Outros fragmentos, daquela “outra vida”. De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector “Tentação” na cabeça estonteada de encanto: “Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível”. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

(Publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”, 22/04/1986)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Amigos no meidomundo lembrando de mim


[Presente trazido pelo meu querido Sérgio de Sousa de Cuzco no Peru].

Ontem recebi uma ligação inusitada: Sérgio estava de passagem em Juazeiro. Corri pra passar algumas horas com este grande amigo. Muito, muito feliz. Bliss mesmo.
Aí quando abro o email hoje. Agora, agora recebo duas mensagens de lembraças de amigos que me dizem

*Alexandre Barbalho[orientador do mestrado]:

"alexandre, agora nunes, lembrei de vc esses dias! tava em sampa e comprei o livro de cartas da ana c.! vc tem? ou já leu? Muito bom p ver as angústias q deram carne e poesia p a poeta!"


*E logo abaixo uma do Bruno [companheiro de mestrado fazendo doc. no Rio]
"Alexandre. Assisti no Espaço Cultural Solar em Botafogo um espetáculo Maravilhoso Chamado “Dragões” baseado nos textos do Caio F. Lembrei muito de voc|ê. E evidentemente, fiquei pêssego em calda co mo texto e a performance dos atores"

*Sendo que este ano já havia recebido do Ailson:
"Claro que me lembrei muito de você e do Caio em São Paulo. Uma loucura. Mas com uma semana deu no saco. Prefiro Fortaleza. Mais real. Quando voltei batia a poeira da sandália carlotajoaquinamente.”


*E do Próprio Sérgio:
No primeiro semestre, Sérgio em Plena rua Augusta me liga “Alexandre é a tua cara queria que tu estivesse aqui!!!!!”

Depois na Cultura ainda em Sampa “Comprei Traispooting [o livro] e só lembrei de ti

Feliz e com muitas saudades. porra.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mais, por favor.

“Please, sir. I want some more.” [Versão de Roman Polanski]

“Please, sir. I want some more.” [versão 1969]

“Please, sir. I want some more.” [gravura original do Livro de Dickens]

A literatura inglesa sempre esteve presente na minha vida. Não é a toa que dentre os 4 melhores livros que li este ano 3 vêm de lá (Wilde, Beckett e Woolf). Colonizados ou não, este é um fato. Afinal a Inglaterra, antes da segunda guerra mundial, era o centro do mundo e suas narrativas exerciam funções similares, embora não análogas, que o cinemão norte-americano tem hoje.
Não é a toa também que estas estórias e histórias da ilha povoem nosso periférico imaginário. Aquele povo produziu muitos dos mais exímios escritores e mais do que isso deu visibilidade a eles [muitas vezes impondo-os goela abaixo como a “verdadeira” narração do mundo].
Mas, como dizem os dialéticos, em toda hegemonia há resistência e a tradição inglesa nos forneceu diversos autores que nos mostraram retratos contraditórios, díspares da Grã-Bretanha. Destaco dois:
1. Jonathan Swith: quando eu era pequeno meu primeiro livro infantil foi deste moço: “aventuras de Gulliver” claro, na versão para crianças não havia as alegorias, críticas e sátiras e os povos gigantes e anões eram o que eram... gigantes e anões sem metáforas. [Esta obra já compõe minha lista de Leituras 2010. O Original, é claro, com suas quase 500 páginas.]
2. O outro é Charles Dickens. Sempre intui uma energia magnética vinda do nome dele. O extraordinário jornalista foi responsável por fixar o chamado “espírito do Natal” que sempre lembra um pouco da infância embora não tenhamos boneco de neve, nem [graças a deus] comamos nozes. De seus textos fiquei pasmo ao ler em “retratos londrinos” duas Crônicas publicadas em 1835 sobre o anoitecer e o amanhecer nas ruas de Londres. Eis uma descrição densa. Mais de 100 anos antes de Cliffort Geertz existir. Dickens é também considerado o grande crítico da revolução industrial com suas obras “Hard times”; “Grandes esperanças” e “Oliver Twist” que estou indo assistir agora. O de Roman Polanski.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Top 10 livros 2010

Os 10 melhores livros que li [até agora] em 2010:


1º “Teleny” – Oscar Wilde (Romance irlandês/inglês)
2º “Antes que anoiteça” – Reinaldo Arenas (autobiografia cubana)
3º “Esperando Godot” – Samuel Beckett (Teatro irlandês/inglês)
4º “Orlando” – Virginia Woolf (Romance inglês)
5º “De braços Abertos (em Melhor teatro)” – Maria Adelaide Amaral (Teatro brasileiro)
6º “A maçã no escuro” – Clarice Lispector (Romance Brasileiro)
7º “Luisa (quase uma história de Amor)” – Maria Adelaide Amaral (Romance Brasileiro)
8º “Aos meus amigos” – Maria Adelaide Amaral (Romance Brasileiro)
9º “Bivar na corte do Bloomsbury” – Antônio Bivar (Memórias brasileiras)
10º “Cock and Bull: histórias para boi dormir” – Will Self (Romance inglês)

sábado, 23 de outubro de 2010

Íntimo

Hoje eu vou:

Manhã:
- trocar a água das flores
- Terminar a leitura de "Orlando" - (V.W.)
- Pagar vigia da Rua

Tarde:
- Almoço no "Coisas do Sertão"/ Conversa com Alana
- Estudar tropicalismo no CCBNB
- Avançar na Produção do trabalho "Fruição Queer" para V Congresso da ABEH/ Natal- RN
- Conversar com Orientanda Ravena sobe a Mono sobre o Caio

Noite:
- Cine-Café CCBNB "O conformista"(dir: Bernardo Bertolucci)
- Entrevistar a atriz Rita Cidade (para trabalho da ABEH)
- [ EM OFF]

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Friedrich Kitty

"O bigode de Nietzsche se incorporou à cultura pop"- Paulo César de Souza

ENTRELIVROS- Porque Nietzsche é um filósofo de “apelo popular”?

PAULO CÉSAR DE SOUZA – Vários fatores contribuíram para a popularidade de Nietzsche [...] Acho que o tamanho do seu bigode contribuiu para esse apelo. O bigode de Nietzsche se incorporou à cultura pop, assim como a barba de Che Guevara e os óculos de John Lennon

Apelo popular

ENTRELIVROS – Você usa o vocábulo “desnatureza”, o mesmo ouvido numa canção de Caetano Veloso (“Queixa”). Conte-nos sobre esta escolha vocabular.

PAULO CÉSAR DE SOUZA- O termo “desnatureza, não é o único neologismo que o leitor encontra em minhas traduções de Nietzsche. Mas já aconteceu de usar “o querente” (para “der Wollende”), pensando ser algo novo, e depois achei a palavra no Aurélio e em Fernando Pessoa. Uso neologismo quando o texto pode, mas isso não é freqüente. É significativo que a gente encontre essa palavra tanto numa canção popular como nu texto erudito: a linha entre cultura de elite e cultura de massa é mais tênue no Brasil do que em outros lugares. Caetano é um dos que mais contribuíram para borrar essa linha. Talvez eu tenha aprendido essa palavra com ele. Não lembro.

(Paulo César de Souza lê e traduz Nietzsche desde os 17 anos. Historiados e ensaísta, ele publicou em 1985 sua primeira tradução do filósofo alemão mais rebelde do mundo, Ecco Hommo – extraído da Revista Entrelivros Nº 18 – outubro de 2006)

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Links possíveis: Sempre considerei Caetano um dos maiores intérpretes do Brasil. Não sem exagero declaro que Caetano é um filósofo de aforismo transformados em versos e musicados. Do micro ao Macro, da cajuína ao sentido da existência; Dos desencontros dos quereres à reflexão do sobre o amor, Da Bahia à heavy Sampa; Do monumento no planalto central à “London , London”. Caetano, com todas suas contradições É LINDO. Pra lembrar de “Queixa” citada pelo tradutor de Nietzsche:

“Um amor assim violento quando torna-se mágoa é o avesso de um sentimento. Oceano sem água. Ondas, desejos de vingança, nessa DESNATUREZA. Bate forte sem esperança contra a tua dureza”.

Outra sacada fantástica de Caetano é sua aproximação [inconsciente] com as obras “A condição humana” e “As origens do Totalitarismo” de Hannah Arendt quando em sua música “Então tá combinado” o poeta baiano incisivamente nos deixa perplexos:

“Podemos ver o mundo juntos. Sermos dois e sermos muitos. Nos sabermos sós sem estarmos sós. Abrir Nossa Cabeça para que afinal floresça o mais que humano em nós”

Fico bege com a intuição do moço. Mas comento essa interface Caetano/ Hannah Arendt em outro momento

Próxima parada: Tropicalismo

“Viva Iracema ma ma. Viva Ipanema ma ma”



Na disciplina de “cultura brasileira” o próximo movimento cultural que trabalharei será o tropicalismo [ou a tropicália, como prefere Caetano]. Inicio a jornada de degustações com o Maestro que fez o Arranjo da música que deu nome ao movimento: Júlio Medaglia.


CULT- Qual o legado do tropicalismo?
JM – O tropicalismo foi comportamento, revoluções, idéias diferentes. Mexeu na política, mexeu no comportamento. Você ouve a musica hoje, é boa música. Ela resistiu. Não era só gracinha. Muita gente acha que comportamento era imitar Carmem Miranda, mas não era. Houve vários acontecimentos ligados ao comportamento geral do tropicalismo; ele mexeu em todas as áreas. Era um movimento cultural, assim como o rock era. Só que vejo o Woodstock hoje e não consigo assistir até o final, de tão ruim que era aquela porcaria toda. Com exceções de Jimmy Hendrix, Janis Joplin, o suingue do Santana, o resto você começa a detestar aquilo tudo, Não tem conteúdo musical nenhum. Eu ouço Os Mutantes hoje e me arrepio. E não é porque eu vivi aquela época. Eu vivi o Woodstock também. Eu me emocionei com os dois na época, só que eu ouço Os Mutantes e acho uma maravilha; assisto o Woodstock e acho a maioria deles uns chatos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

...

Embora ele tenha sido UM GRANDE FDP* com a Sylvia Plath, escrevi essa capto-poesia em hormenagem ao poeta (ao poeta e não à pessoa)

TED HUGUES
Apoio precário para um corpo
Obstinada a palma agarra o cheiro
Entre falanges se espraia o gosto metálico
Na cena branca do corrimão em meio à neve.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Billie, uma flor de cantora

“Quando Ella [Fitzgerard] canta que o homem dela foi embora, você pensa que Ele foi á esquina comprar cigarros. Mas, quando Lady [Billy Holliday] cantava a mesma frase, você podia ver o sujeito fazendo as malas, pegando o carro e indo embora para sempre” Tony Scotty citado por Ruy Castro em “Saudades do Século XX”



É lugar comum dizer que a musicalidade na obra do Caio F. é mais que uma adereço. Muitas vezes as propostas dos textos giram em torno de poesias ou mesmo de músicas sem prosa, como o [inesquecível] mote inicial de “Pela noite” com “Years of soletiude”.

Nesta rica seara uma das cantoras que mais aparece é Billie Holliday. Às vezes explicitamente como são os casos do próprio “Pela noite” e do romance “Onde andará Dulce Veiga” e às vezes implicitamente.

Quero falar deste implícito mas antes quero falar de Billie.
Em 1996 [14 anos] quando uma amiga [Lourene] me emprestou um cd com “o melhor do cinema”. No mesmo cd havia também outras preciosidades como “Age of Aquarius” do musical hair; Glen Miller; “the show must go on” e outras músicas fundamentais pra mim até hoje e "My man" da Lady.

O que parece soar mais engraçado é que a música de Billie ali era a que menos me interessava. “My man” soava estranhíssima. Aquela voz, como diz o Caio, que só se adquire após muitos cigarros e conhaques. Na verdade eu nem a ouvia.
Enfim, anos depois no AP. do Ailson ele disse que eu escolhesse um cd para tocar. Coloquei Billie. A cantora em suas gravações mais animadas, tipo “what a little moonlight can do” sempre me lembrava um pouco aquelas perseguições do Tom e Jerry. Enfim, me lembro que nesta época, acho que em 2005 [23 anos] já ouvia com certa constância nossa densa cantora. Fui direto em “The man I Love” que era de longe a minha preferida. Lembro que nesta hora o João Paulo me olhou incisivo e disse: “The man I Love? Que Folk” [afetei um sorriso e quando cheguei em casa procurei no dicionário o significado da palavra].

Tudo isso pra dizer que há um tempo,quando ouvia a versão de “the man I Love” na voz do Caetano [muito antes da novela, mas sim quando ele lançou o cd e foi entrevistado no fantástico pelo Zeca Camargo] Eu disse: “oxenti isso é uma fala da Flor de Dama!” Corro pro conto que deu origem à peça e está lá. A referência implícita. Olha só:

[Silvero Pereira em "Uma Flor de Dama" livremente inspirada no conto Dama da Noite do Caio]

No conto do Caio:
"Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros ecmo você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado, comigo: um dia encontro."

Só por ele, por esse que ainda não veio

Na música [tradução minha]:
"Um dia ele vira/ O homem que eu amo/ Vai se mostrar grande e forte/ O homem que eu amo./ E quando vier em minha direção eu darei tudo de mim para fazê-lo permanecer/ Ele me olhará sorrindo/ E eu corresponderei/ E por um átimo de segundo segurará na minha mão/ e embora soe absurdo eu sei que ambos não diremos uma só palavra/
Talvez eu o encontre num domingo, talvez na segunda, talvez não/ Mas estou certo de encontrá-lo algum dia/ talvez na terça seja meu dia de sorte. Ele construirá um lar feito só para nós dois/ Eu nunca vou sair dali/ Quem sairia, você sairia?/ O futuro a Deus pertence/ Eu estou esperando/ pelo homem que eu amo."

Caio, Cunningham e Kieslowisk: irreversíveis


A emoção engasgada de Juliet Binoche ao longo de toda “a liberdade é azul” é.. angustiante. Você sente o nó. O desalento expresso em forma de silêncio. Mudez esta que é apenas momentaneamente rompida quando a personagem diz: “Agora entendi que só farei uma coisa. Nada. Não quero bens, presentes,amigos, amor ou vínculos. ISSO TUDO SÃO ARMADILHAS”

Rompido o silêncio, porém nem um pouco amenizado.
ATÉ que diante do choro da personagem, já no final do filme, você diz: ufa, finalmente.
Transforma-se o mood. Este se torna não menos angustiante, porém distinto. Uma sensação epifânica raríssima, que costumo chamar de “perplexidade diante da irreversibilidade da vida”, se instaura .

Tal sensação é de vez em quando captada por algumas almas sensíveis em raríssimos momentos. Kieslowisk é uma destas. Mas temos também, por exemplo o conto “Aqueles dois” do Caio quando o narrador diz:

“[Saul] começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste”

Bem como no meu livro preferido do Michael Cunningham: “Flesh and Blood” [odeio o título em português: “laços de sangue”], o trecho e extenso mais valer a pena:

“Aconteceu com Will quando ele esqueceu o guarda-chuva. Ele saiu do apartamento de Harry de manhã, chegou à rua depois voltou. A porta estava aberta. Harry estava tocando sax no banheiro, um som rápido antes de se aprontar para trabalhar. Ele não ouviu Will entrar. Ele estava ali de cuecas e meias brancas, tocando. Will não reconheceu a melodia. E ficou observando da porta. Já vira Harry tocar inúmeras vezes, mas nunca desse jeito, nunca sem que ele soubesse que estava sendo observado. Assim alguam coisa havia mudado. Harry estava inclinado sobre o sax, de olhos fechados e apertados e com o rosto ruborizado. Will nunca o vira tão perdido em si mesmo, nem quando fazia sexo. Em sua têmpora pulsava uma veia grossa. Ele tocava bem, não de forma brilhante, mas estava mergulhado no seu som. Era um homem com início de barriga tocando saxofone num apartamento desarrumado, usando meias brancas e frouxas e cuecas folgadas, de listras, enquanto a chuva batia nas janelas. Só isso. Mas alguma coisa surgiu em Will. Ele nunca compreenderia o que era. Acreditava estar vendo a infância e a velhice de Harry, a curva completa da vida de Harry atravessando o quarto, nquele momento. Logo Will saiu de si mesmo e se juntou a Harry no moviemento e nos ruídos continuados que eram parte de ser Harry, e logo sentiu medo e esperança e alguma coisa mais de Harry. A soma dos dias dele. A sensaçã ode viver dentro do corpo dele, soprando música através do sax. Will permaneceu em silêncio. Não falou. Pegou o guarda-chuva que estava na sala e saiu.

Começou a sentir uma espécie de satisfação. Satisfação do pão e da conversa. As hora sde seus dias tomaram uma nova forma, mais quadrada, embrulahdas de forma mais densa. Vivia como ele mesmo e vivia como uma rapaz que era amado por Harry. A velha sensação flutuante parecia estar se afastando embora às vezes ocorresem fases de recaídas. Quando a sensação ia embora era uam alegria simles e um desapontamento novo. Esse desapontamento adejava ao redor do seu contentamento, persistente como uma abelha. Agora ele não estaria disponível para o homem perfeito, aqueles cujos músculos, com seu topor poderoso, faziam parar o tempo. Se esse homem existia – esse espírito alegre e volumoso- Will não encontraria porque havia encontrado este outro, um homem bom, com o cabelo rareando. Alguma coisa estava se casando com ele, alguma coisa estava se atando à sua carne. Sentia-se exultante e, com menos freqüência, desconsolado. Diversas vezes dormia com garotos belos, tolos, que conhecia em bares ou no ginásio. Comprou discos de jazz para Harry, um suéter de cashmere, tudoo que poderia acontecer, e papeis de carta na cor creme, da França. Preocupava-se com tudo o que poderia acontecer, todos os acidentes do mundo, e chorava, às vezes, por uam tristeza e uam felicidade a que não sabia dar nome”


Ufa. Tinha mais, mas fico por aqui. [Já havia publicado aqui outro trecho do livro, para ver clique aqui].

O perigo da expectativa

Comprei o livro “o perigo do dragão” e assim como a Alice de TIM Burton fui lê-lo pronto para adorá-lo. E como na Alice isso não aconteceu. Fico imaginando se foi muita expectativa o que criei em cima da obra por conta dos comentários exaltados e positivíssimos feitos pelo Caio sobre o livro em suas cartas. Algumas poesias me agradam. A que mais gosto, como registro historio é uma intitulada “Para Ana C. e Caio e todos nós” já postei-a aqui na ocasião quando vi o [muito bom] filme “O signo da cidade” roterizado e estrelado por Bruna. Para ver clique aqui.

No mais, o que me incomoda na poesia dela é essa coisa muito fêmea. Fica parecendo que se quer forçar a existência de uma “literatura feminina”. O que é pura tolice. Mas talvez o que agrade, como diz minha amiga Joaquina, seja a “verdade” presente na intenção. Ai lembro de Beckett dizendo: “falhar de novo. Falhar melhor” e lembro também do Caio no prefácio de ovelhas negras “porque publicar o que não presta? Porque o que presta também não presta." E já que estamos nesta esteira vai a musa-mor Clarice dizendo: “quanto a escrever. Mais vale um cachorro vivo” .

De mais a mais o livro é curto. Vou dar uma olhada de novo.
Gostei também de “Sonhos de artifício”. Mas tou com preguiça de transcrever.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diálogos com Mark Larvey Levine

Hoje de manhã acordei com as peças Mark Harvey Levine na cabeça.

Ele: Play writer californiano com quem mantive um curto mas simpático diálogo há uns três anos. Na época ele me mandou toda a sua obra por email e acabei de relê-la numa sentada só. Como diz o antônio Bivar: Uma delícia. Então remexi bits de memórias e achei nossas missivas virtuais. Tou com preguiça de traduzir. Vai ai uma parte:

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From: xandyjacs@hotmail.com
To: markle9@hotmail.com
Subject: A new brazilian fan says congratulations!
Date: Sun, 7 Oct 2007 23:39:13 +0300

Hi Mark

I saw a play with some of your texts here in Brazil (Fortaleza city )last week. And I cant find anything 'bout you published here. I'd like very much to read other plays made by you. Not even at internet and at theatreneo.com.

Anyway. I belive that you'd like a brasilian writer called 'Caio Fernando Abreu' He is alread dead and wrote lotes of romances, plays, ccrhonics but he where better criating short stores. (like you)
Anyway, at 'the new york times's site they havaa very god critic bout 'whatever happened to dulce Veiga?' A Caio's novel published in USA and rientely adapted to Movies here in Brasil.
http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=940DE4D61531F93BA25751C0A9679C8B63

Congratulations. You are fantastic.
A brazilian poetry says that a good text is the one who read us. You plays do that very nicely.

Hugs
Alexandre Sousa

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From: markle9@hotmail.com
To: xandyjacs@hotmail.com
Subject: RE: A new brazilian fan says congratulations!
Date: Mon, 8 Oct 2007 17:07:49 -0700

Dear Alexandre:

What a wonderful letter to receive! Thank you so much for writing. And muito obrigado for
your kind words about my plays!

I have to tell you that I have seen many people do my plays (in English), but Pausa Companhia has given me the BEST production I have ever had -- in any language. They are fantastic! I was honored to meet them a month ago. They flew me to Sao Paulo to see them perform. It was one of the most amazing experiences of my life. So I got to see a little (very little) of Sao Paulo, but I got to meet the actors of Pausa Companhia, who were so nice to me.

I will have to find that book by Caio Fernando Abreu! He sounds very interesting.

I do have other plays that I have written -- I would be happy to send them to you if you're interested. They are all in English, of course -- Pausa Companhia has only translated the six plays that you saw. I've attached one, my latest one...in a pdf file. Let me know if you have trouble opening or reading it. Are you able to read plays in English?

Again, thank you so much for your kind letter. I'm so glad you enjoyed my plays!

Hugs,

Mark
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From: xandyjacs@hotmail.com
To: markle9@hotmail.com
Subject: RE: A new brazilian fan says congratulations!
Date: Fri, 12 Oct 2007 02:55:47 +0300

Thank God you understood those words I wrote! ‘cause I almost didn’t understood it when I read it once again. (I wrote that email very quickly and exited )Oh you can send me the plays cause I can read it in English . I’m better reading than… (I never know if it is write, Right, Wright rsrsrs) writing.

I’ve already read “LA 8 AM”.

Once again you get the heart of the matter. I always think by myself: An I far from the middle of my life? The middle of my life had already passed by? Or an I exactly at the meddle of if… today? I (and nobody) will never know. (I’m just 24 and I prefer to think ‘bout the first opition – that I’m veeeeeeeeeeeeeery far from the midlle rsrsrs - but the boring doubt keeps rounding) That angst. Maybe a little existentialist but still horrible. Everytime we talk bout dying we get more serious like the play.

Pilip Aries says that we spend lot of time ‘cause death is occulted from us at Capitalist society (different of Meddle Age. When Dying was a public celebration). People act as if they would never die (cause if you think of it you’ll be depressed and will not buy as the say way as if you were happy). That’s why Must of people pass 20 years working in a place or area they doesn’t like, keep married years and years without love or doesn’t say good bye (like Kevin and paige) cause we think we are highlanders or we’ve forgot the we are not him.

“Who wants to live forever…” Queen…

I think the more you try to catch/ control time the more you lose it. And the play talks bout it.

And it gives us that irresistible sensation of “uniconsciência” (I don’t know if you have this word: uniconsciousness or overconsciousness) it’s like being some kind of god witch –like most of gods - knows everything.

P.S1: Do not forget to send me other plays.

P.S.2: Seeing “aperitivos” was a complete –and happy- coincidence. I was at the Cultural Center able to see another play. But when I read ‘bout “aperitivos”. I said: “oh god I must see it”. And I had already bought the tickets to another play. And it was 8p.m. (the time to start the plays) and my dating partner hadn’t already arrived. And the ticket guy didn’t accept credit cards…

P.S3: A friend of mine would love to see the play. The holly play I was thinking of him. He is an English Teacher and I’d love to show him your work. (especially the “aperitivos” – and I’d like to have it too) So if you can send me it I woud like very much to read it again and again. I thought : “This play will never comeback to Fortaleza and he will not have opportunity to see it”. Fortaleza is very far from the south of Brazil. You spend less time going from here to Madri then going from here to Florianópolis (the city of the actors)

Hugs

Alexandre

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Alexandre:

Yes, I understood your letter perfectly! Trust me, if I tried to write in Portuguese, you would not understand a word.

I have to tell you something funny -- I always get those words mixed up too. Words that sound the same but are spelled differently: -- write, right, or won and one, or two, too, and to. And English is my native language! I don't have an excuse.

Thank you so much for your kind words about 'LA 8 AM'. I am used to writing comedy plays, so writing something more serious like that was new to me. I wasn't sure if it would work. And -- heheh -- you're so young! I don't think you're even near the middle yet. :) That theory about Capitalist Society may be right! It's interesting. Funny you should mention that Queen song -- I had just heard it that morning right before I got your email! Odd, huh? I love little coincidences like that.

You are so kind to want to read more plays! I am going to send you some because I would love to know what you think of them. You must promise to be honest! I am also attaching Aperitivos, in Portuguese...the other plays are in English, of course. Feel free to ask about anything you don't understand. They are in a variety of styles...some serious, some more silly.

I often wonder how 'American' my plays are. I was frankly surprised that they worked so well in Brazil! But there does not seem to be much of a cultural barrier. I guess we are all more alike than I realized.

Thank you SO much for all your kind comments! Hope to hear from you soon.

All my best,

Mark Harvey Levine

Para ler [e viver] De braços abertos

"De braços Abertos" - a obra prima de Maria adelaide Amaral. Dramaturgia magnífica que eu gostaria de ter escrito

Inrene Ravahe e Juca de Oliveria Interpretaram Luísa e Sérgio na célebre montagem nos anos 1980
Leio em livraria. Não, não leio só pra verificar se o livro é bom ou não. Se vou comprar ou largar. Leio mesmo. Tardes. Com gosto. Arrasto a cadeira., arrumo a melhor posição na mesa e vou me embora [na leitura, óbvio].

Isso não quer dizer que eu não vá comprar o livro: foi assim que adquiri "Um filme é um filme" do Ruy Castro. Mas também não significa necessariamente que eu vá levá-lo: foi assim que li quase toda a biografia do Truman Capote.

Pois bem, nesta última ida a Fortaleza li a peça "De Braços abertos" da Maria Adelaide Amaral no seu livro "Melhor Teatro" da editora globo.Cheguei, sentei às 20:15 e me levantei às 21:45 com um sentimento semelhante ao descrito por Caio F. em carta à autora após ter visto a montagem da peça: "Dá vontade de amar. De Acertar" e que Maria Adelaide consegue ser inteligente sem ser pedante, política sem ser panfletária, sentimental sem ser babaca, etc, etc.

Da leitura:
Aqui Luísa finalmente se revela [em 1 ªpessoa]. é uma personagem injustiçada.

Atenção: "De braços abertos" - a peça não é e nunca foi um apêndice do livro "Luísa: quase uam história de amor" - vencedor do prêmio Jabuti de 1986. É exatamente o contrário. O núcleo duro, vivo, está NA PEÇA. O romance é adendo, o apêndice, os relatos pós, as impressões.

Explico: na peça há os encontros furtivos deliciosamente conflituosos do casal de amantes: Luísa e Sérgio. Já no romance também temos Sérgio e Luísa mas esta simplismente não aparece. A personagem é [magistralmente]"perfilada" por diversos pontos de vista de amigos/capítulos que a descreve: Raul, Sérgio, Marga, Mário, etc. Mas de Luísa mesmo só temos vagas anotações de agendas e bilhetes presentes no final do livro.

No romance Maria Adelaide consegue incrivelmente esconder Luísa [a personagem]atrás dos relatos dos Amigos e de seu ex: Mário.
Sinto que o capítulo que chega mais perto da personagem título é o primeiro "Raul" [e talvez seja por isto que e tenha mais me agradado].
Já o capítulo "Sérgio" [relato do Amante]não consegue dar conta do que foi seu relacionamento com Luísa inclusive na peça ele [Sérgio] aparece melhor em todo o seu sarcasmo de artista frustrado.
No livro não consegui encontrar a redenção final que há na peça. Aliás, seus desfechos são antagônicos.

A frase final da peça é redentora "apesar de tudo isso consigo olhar para você com ternura"
Enquanto que na prosa o desfecho se apresenta sombrio: "absolutamente breu. Absolutamente fel".

O fato de no romance Mário fechar os perfis, dá um idéia de conclusão, de autoridade para a síntese. E ele nos apresenta uma mulher frívola, que anseia reconhecimento, "com profundos vincos ao redor da boca e talvez vestida exageradamente para sua idade".

Ao contrário disto tudo a peça dá ênfase naquilo que Luísa colocou como meta e Sérgio não foi capaz de alcançar, lembrando muito a relação de Clarissa Dalloway e Peter Walsh no romance Mrs. Dalloway de Virginia Woolf.

Aqui a carta do Caio faz todo sentido do mundo [a tal ânsia por acertar em meio a tantos erros]. Já no romance não há sentido nenhum, só desilusão.



Na peça os braços estão permanentemente abertos apesar de.
No romance eles estão absolutamente fechados. Em resignação. Amargos.

Mais sobre a montagem histórica de "De braços abertos" com Irene Ravache e Juca de Oiveira clique aqui

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Educação Sentimental II.

(Post Retrô. Ao som de Teresa Cristina canta a música de Paulinho da Viola).

Continuando o post Educação Sentimental I: outra conexão se estabelece.
De certa forma pensamos que nossas referências já nasceram prontas. O que pode nos salvar desta desvairada conclusão são as autobiografias.

Se toda autobiografia é uma farsa pelo menos ela tem uma vantagem. Quando o biografado consegue, pretende e está à disposição de fazer isto, ela revela os andaimes de uma formação a partir de dentro.

Porque penso isto? Estou lendo também “verdade tropical” de Caetano Veloso [e ouvindo o escandalosamente belo álbum duplo Teresa Cristina canta a “música de Paulihho da Viola”. Finamente abri os ouvidos para esta musa contemporânea mas volto a falar isto no final deste post].

Nunca imaginei na vida um Caetano que não fosse completo. Para mim Caetano nascera já cantando “alegria, alegria”. E ao contrário desta constatação, em sua “verdade tropical”, ele se revela um jovem como tantos de nós, em formação, quando diz:


“Um dia fui elogiar Walter da Silveira [...] e Duda [Machado, poeta e crítico] retrucou dizendo que a ele Walter não ensinava nada porque era um crítico preguiçosamente complacente com os ‘filmes de arte’ [...] Interessava-me não só que Duda tivesse razão em todas essas ocasiões, mas, sobretudo que ele estivesse sempre pensando as coisas num nível acima daquele no qual meu pensamento poderia transitar [...] se sua opinião divergisse da minha, ou se apresentasse a menor nuance em relação à minha, eu parava para rever minha opinião”

Ou ainda quando falava de sua inicial aproximação com Boal:
“Lembro-me do começo de uma discussão com Boal [...] Era o inesquecível ‘Rosa de Ouro’ que revelou Paulinho da Viola (aos 24 anos) [entendeu agora porque me lembrei destas feitas? Os dois post estão ao som Paulinho da Viola cantado por Teresa Cristina] [...] Para Boal, esse espetáculo que me comovia[...], era folclórico. Naturalmente eu era tímido demais para argumentar contra Boal, a quem respeitava e admirava – e ele demasiadamente despreocupado das minhas opiniões para encorajar uma verdadeira discussão”.

Tudo é conexão: Bivar – França – A peste – Camus – Anos de formação
Mais isto: Anos de formação – Caetano – Verdade tropical – Paulinho da Viola

E agora Teresa Cristina que diz, neste momento, assim: “Faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar”
E olha que eu nem Falei do Cézanne...

Os convidados

[Texto escrito no auge das minhas leituras de João Gilberto Noll há 2 anos]


(ao som de “cinema paradiso” de Ennio Moriconne)

O despertador toca. Na ruptura brusca do silêncio, ele se levanta. Não ele não levanta. Detém a tentativa de olhar encandeado no celular. Desliga o renitente do som e diz para si mesmo, sem planejar, seiscentos e trinta, half past sex after meridian, seis e meia. Ainda havia tempo para ir à estação recepcionar os convidados.

Na cozinha invadida pelo cantos dos canários – deus, como podem ainda existir? aqui?- ele percebe que não havia café. E pressente um longo dia, ou pelo menos uma longa manhã descafeinada. Ainda sonolento realiza com a maestria de qualquer ser ordinário aqueles pequenos rituais: banho, dentes, roupas, apagar luzes –esquecidas, acesas no varar da noite – fechar janelas. Porta.

Na parada do ônibus em direção à estação. Sono. Já à caminho dentro do coletivo, uma garota começa a cantar canções neo-pentecostais de uma destas igrejas caça níquel: “queima ele Jesus, queima ele”. Todos riem, ele está sério. Grave. Não gosta do modo paternalista como as pessoas (e não seria ele também uma pessoa?) olham para qualquer minoria. Pensa ainda: “não importa, afinal, eu estou queimado”.

Ainda era muito cedo. Metade da cidade dormia. Nada de carros barulhentos, garotos nos sinais. Só alguns – ainda bem - ambulantes vendendo café nas esquina antes que passasse a fiscalização da prefeitura. O rapa. Cantarola miséria S/A: “senhoras e senhores estamos aqui pedindo uma ajuda por necessidade...”

Ele chega á estação no horário combinado: sete e quarenta. Mas não estava em Estocolmo, pensa, ou qualquer outra cidade onde é possível acertar o relógio pela pontualidade dos transportes públicos. Sabe tudo sobre estar atrasado. Era uma de suas especialidades, embora nunca admitisse.

Pacientemente os aguardava, mas tinha esperança de que não chegassem. Ele na estação. Levantara muito cedo, com não era de costume. E como se fosse a trilha sonora de um filme que não pagaria para ver, as canções de Ennio Moriconne serpenteavam pensamentos, numa espécie de Original Sound Track para aqueles dias desertos, ressequidos de álcool e emoções. Como se ele fosse mais um Salvatore que quer ir embora daquela cidade, não tão diferente da Ginacarlo Italiana. Sicília, pensou. Clara. Estaria ainda lá? Ao menos chegara lá? Provavelmente nunca saberia. Então pensa, apesar de nunca ter cruzado o Atlântico: como podem dois locais ser tão parecidos? Como um arquétipo da inércia, completou.

Embora queira ir embora não poderia se tornar um errante, pelo menos não agora. Na verdade, naquele momento, tinha que ser exatamente o oposto. Algo entre anfitrião e recepcionista. E o desconforto das esperas à medida que os ônibus começavam deixar a estação. Mas e os convidados? Eles não chegavam. Era sábado e dali há algumas horas os bares estariam repletos de. Deixa par lá.

Ele guarda sua atenção nos transeuntes e suas respectivas bagagens. Não estava excitado. Tudo parecia tão idílico e triste. Como algo que não estivesse mais ali, ou talvez nunca tivesse estado. Deus.. Lembrou de Caio. Aquela sensação. Mas a vida aqui não é como a de Mrs. Dalloway, sempre fazendo recepções para driblar o silêncio. Não, ele não havia saído para comprar flores e seus convidados que não chegavam. Ônibus deixam a estação. Poderia entrar em qualquer um deles. Mas ele não quer chegar aos seus destinos.

Moriconne continua tocando. E ele ainda estava lá. Mas aquela, até então vaga sensação começou a adentrar vielas mais importantes, saltando de súbitos para as avenidas principais da consciência. Com se fossem os ratos-idéias encantados pelos acordes melancólicos do compositor italiano. Não, não eram ratos-idéias por que não era de um todo racionais, palpáveis, quantificáveis. Era uma não-idéia que pulsava como música, sem vocábulos. Rumo ao precipício? Como no conto de fadas?

Ele naquela não-lugar. Naquele entrementes, local de partidas. Quantas definitivas? Aquilo também nunca se saberia. Ninguém saberia de fato, pois naquele país sem tradição em estatísticas não se sabia muito a esse respeito. Pensou em afazeres. No emprego instável. Cogitou se estava na profissão certa e desejou no fundo de seu peito descafeinado e desolado que os convidados não chegassem.

Não. Ele não queria.

Educação Sentimental I

(Post retrô. Ao som de Teresa Cristina cantando “a música de Paulinho da Viola”).

Sempre ia passar as férias escolares do meio do ano na casa da minha avó materna. Certo ano, acho que em 1998, quando eu tinha 15 anos fiquei bem próximo do Gabriel. Ele tinha uma biblioteca infinita. Em uma de nossas tardes de conversa disse que eu escolhesse um livro para ler. Não me pergunte porque, selecionei “memórias póstumas de Brás Cubas.” Lembro também de um certo tom de desapontamento no rosto do recente amigo. Algo que dizia: “tão didático. Tão óbvio”.[ Não posso dizer que foi uma leitura agradável. Apesar de não lembrar de uma linha sequer da obra, rememoro que a travessia do meu primeiro Machado foi espinhosa. Mas tinha que ler para, de certa como dizem os livros de inglês: “keep a conversation going”].

Devolvido o livro, Gabriel já havia separado outro para mim: “A peste” de Albert Camus. Ao me entregar a obra começou a divagar sobre temas que não faziam o menor sentido para mim. E no final ele dizia assim: “mas não sei porque tou dizendo isto, claro que você já sabe disso tudo”. Neste momento, eu que nem a conhecia e nem sei se o livro já havia sido escrito, afetava o meu melhor sorriso [complacente] de “Bridget Jones” em sinal de concordância.
[o, então, ilustre desconhecido Albert Camus]
Devorei a obra de Camus [a edição era luxuosíssima]. Sem suporte de existencialismo cristão ou ateu, a peste era uma peste, as pessoas que morriam, morriam mesmo realistamente sem metáfora nenhuma.

Claro, ainda não havia para mim Sartre, Simone, nada disso.
Muito tempo depois saberia que a peste era uma alusão ao nazismo, que Camus romperia com Sartre e que hoje o primeiro é bem mais aceito que o segundo.

Bem, tudo isso eu lembrei ao ler (agora, agora) no Livro do Bivar:
“Duas grandes telas de Michel Serre (1658 - 1733) mostram a última grande peste européia, no caso, especificamente em Marseille: milhares de pessoas dizimadas [...] Uma delas, de nome “Vue de l’Hotel de ville pendant la pest” é impressionante. Gente se atirando das janelas do hotel[...] Interessante registrar também que depois, a caminho do outro museu, passamos pelo hotal de Ville, cenário da tela da “Peste” e o prédio está bem conservado, nem parece que há quase três séculos passou por aquilo que a tela mostra”

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Curtas... Fortaleza

Cantar é vestir-se da voz que se tem...

Amanhã retorno ao Cariri.
Por conta disto este blog estava meio abandonado...

Então ai vão drops do que foi essa semana:

Pelo Dia: Semana de Comunicação no Campus da UFC Fortaleza
Pela Noite: "O batidão do meu coração na pista escura"... HUMMMMMM

Intermezzos:

-Descobri finalmente a linda, madura, irradiante Teresa Cristina [que merece um tópico só dela] Chorei na cozinha da casa dos meus pais quando começou a tocar "Cantar"...

- Terminei de Ler as mais de 500 páginas de "Bivar na corte do Bloomsbury"[leitura que eu havia suspendido] e engatei a compra de "verdes vales do fim do mundo" e "longe daqui aqui mesmo" mesmo autor

- Então engatei a leitura simultânea de "Verdes vales" e "Orlando" de V. W. [estou narcisamente apaixonado por Orlando...]

- Li toda a peça "De braços abertos" da M.A.A. na Nobel do Shopping Aldeota

- Vi finalmente o "Curtas nº2" e a boa adaptação do meu queridíssimo "os sobreviventes" dirigida pelo Silvero

- Revi Vick, Cristina, barcelona [me encantou desta vez]

- E mais, muito mais...

- "Luzes e Flashs de Neon e Cristal /Todo meu prazer
Hora do Rush Noite na Capital/ Como deve ser/
Nessa cidade tanto bem tanto mal/ Tanta coisa no meu coração"

[Quando passo mais de um fds em Fortaleza tenho a impressão/ sensação/ilusão de que nunca sai daqui e de que meu universo particular está ali, organizado em prateleiras e desordens do meu quarto. Ali me encontro como em nenhum outro lugar].

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sigmund por Leonard.


"Freud não é só um gênio mas também, ao contrário de tantos gênios, um homem extraordinariamente simpático" - Leonard Woolf, editor da obra de Sigmund Freud em inglês pela então recém criada Hoggart Press.

"Na despedida Freud deu uma flor à virginia. Simplificativamente um narciso. Virginia estava à beira de outra crise de loucura. Freud achou melhor não analisá-la. A análise poderia romper a veia criativa" - in "Bivar na corte do Bloomsberry".

sábado, 2 de outubro de 2010

Minha idéia de Arte IV


"Me canso fácil dos preciosos intelectos que precisam cuspir dimantes toda vez que abrem as suas bocas" - Charles B.

"[...]acho adolescente rebelde um grande barato. Adolescente rebelde é aquele que acha tudo um nojo e quer mudar o mundo. Depois é que eles crescem, esquecem as rebeldias, compram mesinhas de centro ou arrumam um bico numa publicação de extrema direita. O que não é o meu caso, e acho ótimo não ter barriga nem física nem mental." Caio F.

domingo, 26 de setembro de 2010

Fragmentos de Bergman.

Também não vou chamar Bergman de genial. Nós, sim, é que não somos geniais. Nós que não soubemos nos apossar da única coisa completa que nos é dada ao nascimento: o gênio da vida." - Clarice Lispector


Vi ontem pela primeira vez “gritos e sussurros” do Bergman no Cine Café do BNB. Eu quase perdia. Enfeitiçado por uma crônica da Clarice sobre o filme “Persona” do diretor sueco. Fiquei vendo e revendo a narrativa magistral feita por Araci Balabanian em um vídeo disponível no youtube. [Clique aqui]. Quando dei por mim faltavam 20 minutos para a projeção começar e eu ainda estava em pleno Carto. [!] Voei.

Mas eu queria mesmo era começar este post assim: vi ontem pela primeira vez “gritos e sussurros” do Bergman no Cine Café do BNB. Ao final saí quase correndo da SALA. E lembrei do Caio dizendo: “como o medonho pode ser belo e como o belo pode ser medonho.” Tal situação de fuga só tinha ocorrido no Cariri uma vez, que eu lembre, quando vi “Avental todo sujo de ovo”ainda neste ano.

Quer saber se algo me mobiliza avassaladoramente? Meça meu silêncio. Saí do BNB ventando, derramado diante de tanta “compreensão sangrada de tudo”. Recolhendo meus frangalhos me dirigi a casa pra um banho, leite quente e cama [!] em pleno sábado. Fui pro meu quarto como diz Reinaldo Arenas : "Sempre fui para a cama como quem se prepara para uma longa viagem: livros, comprimidos, copos de água, relógios, lapis, cadernos". Todo dolorido por dentro por conta de Bergman e por fora por conta da noite agitada anteriormente, desliguei o celular e vasculhei memórias, escrevi textos, retomei a leitura de “Verdade Tropical” do Caetano Veloso e esbocei um texto que provavelmente nunca tornarei público. O esqueleto dele é assim:

Algumas chaves para interpretação de Bergman:

Literárias:
A morte de Ivan Ilitch- Leon Tolstoi
Alan Poe [o barril do amontilhado?]

Ensaísticos:
Diante da dor dos outros – Susan Sontag
A solidão dos moribundos. – Elias.

O legado Cinematográficas:
O iluminado - Kubrick
A fraternidade é vermelha - Kieslowisk


Epígrafe: “É segunda feira e eu estou sofrendo”

No inicio de um texto meu sobre cinema e Ruy Casto eu disse:
“No dia em que Ingmar Bergman morreu o mundo ficou um pouco mais sombrio. Naquela mesma noite Arnaldo Jabor, Tem sua crônica do jornal da Globo, diria uma verdade contundente: Bergman era de um tempo em que filmes modificavam vidas, definiam rumos políticos, desencadeavam revoluções. Ver filme era essencial. E transformava. Seguindo a mesma linha, Bernardo Bertolucci disse certa vez que as discussões sobre cinema feitas pela geração de 68 apenas se igualaria hoje, em intensidade, ao que ocorre com o futebol.”

Comentários:
Cuidados paliativos
A vida escorrendo infeliz como em Tolstoi.

Dor essência de sentido.
Padre com palavras que parecem nem convencer a si mesmo.
Sem explicação para a dor.

A valorização das coisas triviais como na cena final.
A morte é uma suspensão do cotidiano. Uma epifania mórbida. Mas após o seu fenômeno as repetições maquinais retornam. “Tenho que dar atenção ao meu marido” A porta é aberta. A mulher austera cede. Mas ao final percebemos que a doçura da outra irmã [que se mostra bem acessível] é performance também,“Não me lembro do que disse naquele dia. Falei muitas coisas”

Meditação

“O amor, o sorriso e a flor se transformam depressa demais”.


A memória trai. Claro que ela, traiçoeira e seletiva, embeleza o passado. Recente ou não. Quando se olha para trás levado, por exemplo, por uma música. Como acontece agora ao ouvir “Meditação” na voz de Caetano Veloso, me lembro do tempo do mestrado. E é interessante perceber que naquela época já olhava para trás e me perguntava “será que como agora olharei um dia para hoje e sentirei saudades disso?

Pois bem, eis que o dia chegou. Saudade.

Mas saudades assim só funcionam involuntárias, como agora, Caetano cantando e a sensação gostosa daquela espera por “onde andará Dulce Veiga?” Uma vaga metáfora da procura de si. O que quer que isto significasse. [Outra coisa: ao ver ontem Bergman nos seus gritos e sussurros. Dei uma risada deslocada, como de costume, pois percebi que em "Metáfora", filme dentro do filme "Dulce Veiga", o diretor utilizou um pouco da estética conceitual sueca para brincar com o gênero. Enfim.]

A memória invade e quando isso ocorre é correr para o computador antes que a excitação do momento passei. Quase dois anos atrás desenvolvi um post [clique aqui] contando a via sacra de 12 estações até este filme que odiei e amei com tanta veemência. É terrível. E lindo em todo o seu trash noir. E daqueles doze momentos ficaram faltando os dois últimos que nunca postei, como tantos outros posts deixei incompleto prometendo voltar. A vontade nunca se pôs de volta até agora, com Caetano dizendo assim “quem na solidão procurou um caminho e seguiu já descrente de um dia feliz”. Jogo com esta vontade. Volto logo. Pausa pra cassar memórias e pra desafiar essa fluida vontade. [este post está estranhamente mais egóico que os de costume.] Volto já.

Voltei. Ficou assim:

11ª estação: o engano.
Acordo numa manhã de sábado para atravessar a cidade e ver a estréia de Dulce Veiga às 10 horas. Caminho, parada, ônibus. Pensando naquele dizer de Arnaldo Jabor [e o leitor perceberá que aquilo marcou muito pois é melancolicamente recorrente quano escrevo sobre cinema] que antigamente o cinema modificava vidas, definia rumos políticos, etc. Hoje nem mesmo os magistrais [eles ainda existem?] não conseguem romper os seletos círculos de iniciados e até mesmo os blockbusters viram apenas a novidade da semana, não mais que isto. Chego ao North shopping. O trânsito próximo às salas de exibição não parecem bem intenso. Me aproximo. A bilheteria fechada. Ainda? A esta hora? Confiro no relógio. O tempo passa. Ninguém cega. A sensação de frustração crescente. Compro uma hora de computador para confirmar horários. E localizo meu engano. Por conta de uma digitação mal feita no site da distribuidora percebo que na verdade aquela sessão seria no Shopping Iguatemi. Volto pra casa sem Dulce. Me programo para a segunda feira à noite.

12ª estação: encontrando Dulce
Chego mais uma vez sozinho para ver Dulce. Localizo o cartaz. É aqui. Finalmente. Tiro foto, compro o ingresso. Cheguei tão cedo que decido descer para Siciliano e ficar lendo. Encontro Diego meu primo e me sinto meio excêntrico. Em plena segunda feira para ver um filme que “ninguém” assistirá e eu sozinho. A suposição tinha fundamento, pois dos quase 140 lugares da gigantesca sala, lembro que comigo havia apenas mais três pessoas vendo a sessão. Todos se sentaram quase juntos e tive a súbita visão de alguém invadindo a sala e matando-nos.
O filme: início picotado, não está no livro. Voz em off transcrevendo literalmente o que narrador dizia no livro, Ele, o narrador, que na película ganha nome: Caio Almeida Prado. Final do filme: Não tenho bases para um julgamento minimenante distanciado ou para emitir opiniões sobre o que acabo dever. Estou emocionado. E rapidamente após a sessão escrevo para um amigo uma sms:
“Dear vi Dulce V. Adorei e odiei. É possível? De certa forma finaliza 1 tipo de ciclo iniciado com Dama da noite e o mestrado. Bj”

Epílogo:

Eu assistindo Dulce Veiga pelo Youtube em maio de 2010 em pleno "Le Cafe" no Shopping Carri. é uma manhã de sábado. Revejo o feliz final descaradamente "inspirado" no filme francês "Guarda-chuvas do Amor"
"... Revelou o caminho do amor e a tristeza acabou."

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As desventuras de Miss Jones


"___ Você deve aproveitar a vida de solteira [disse Magda, amiga casada de Bridget].

Magda é tão bonita(...) Não adianta dizer que a galinha do vizinho é mais gorda que a nossa. Quantas vezes fiquei deprimida, chateada, pensando na minha vida inútil, passando as noites de sábado bebendo e reclamando para Jude, Sharon e Tom [...] Batalho pra fechar o mês e riem de mim pq sou uma maluca solteira, enquanto Magda mora numa casa enorme com jarro com 8 tipos de macarrão diferentes(...) Mesmo assim está tão deprimida e insegura, achando que eu sou uma sortuda...

_____ Poxa, gostaria de ser como você Bridget e poder ter um caso com algum homem(...), ficar a noite inteira na rua sem ter que explicar nada a ninguém."

Hmmm conheço...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O lirismo diaspórico de Geraldo Júnior

Hoje à tarde fui prestigiar a estréia da minha orientanda Alana Morais apresentando trabalho [com minha co-autoria] na semana de iniciação científica da FJN.

Título: "O tempo, o vento e o desterro: as representações da diáspora caririense na obra do poeta Geraldo Júnior"

Em especial analisamos as poesias contidas no álbum "Calendário"

Agora é batalhar pra publicar o artigo completo que ficou lindo!


Vai o resumo [sempre muito impessoal]e a bibliografia utilizada:

Resumo:

A presente pesquisa teve por objetivo analisar as representações do Cariri a partir do olhar diaspórico de um de seus narradores contemporâneos, o artista Geraldo Júnior. Atualmente radicado no Rio de Janeiro, o compositor juazeirense tem se destacado como um importante divulgador da cultura do Cariri pelo Brasil. Elegeu-se aqui sua mais recente obra, em formato de cd, “Calendário (o tempo e o vento)” como fio condutor de tais percepções e análises. Utilizando-se de métodos de análise de discurso concluiu-se que o compositor e poeta em tela tende a dividir sua abordagem entre temáticas públicas e privadas, sendo as primeiras, em sua maioria, representadas por aspectos do cotidiano, das tradições e da cultura caririense enquanto que as segundas põem em visibilidade a reflexão sobre a separação da terra de origem e suas conseqüências, em especial a ausência da mulher amada.

Palavras-chave: cultura caririense, diáspora, representações do nordeste

Bibliografia:

ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. A invenção do nordeste. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.
BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
CANCLINI, N. Culturas híbridas. São Paulo: UNESP, 2003.
GONDIM, L. Pesquisa em Ciências sociais: o projeto da dissertação de mestrado. Fortaleza: EUFC, 1999.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Universitária, 2003.
MINAYO, C.(org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Petrópolis, 1994.
SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Let's hear it fron you

Primeiros passos no ensaismo [5 anos atrás]

[Publico trechos de um texto meu escrito para a disciplina de Tanatologia 5 anos atrás. Embora tenha refinado muito dos meus pensamentos sobre o tema [principalmente depois de ter lido Hannah Arendt]conservo o "ensaio" da forma como foi escrito para não trair o jovem graduando que um dia fui com meus 22 anos.

Título original: As representações da Morte no filme “Entrevista com o Vampiro”

O Teatro dos Vampiros: a busca de um significado na arte.

O teatro dos Vampiros consiste numa associação do século XVIII, a qual é formada por “vampiros que fingem ser humanos que fingem ser vampiros”. Os mesmos buscam atribuir significado às suas “vidas” encenando peças teatrais para humanos, nas quais retratam e deixam a mostra suas concepções de morte e do morrer. Transcrevemos a seguir um trecho de uma destas falas onde uma mortal contracena literalmente com a morte no palco do teatro:
“Mortal: Eu não quero morrer!
Vampiro: O que é o fim? Todos morremos.
Mortal: Mas sou jovem!
Vampiro: A morte não respeita idade. Pode vir em qualquer hora em qualquer lugar. Assim com oessa carne está rosada, vai tornar-se cinza e enrrugada com o tempo.
Mortal: Deixe me viver, não ligo!
Vampiro: Então por que ligaria se morresse agora? E suponha que a morte possa amar e libertar você agora. Para que você daria esse amor? Escolheria uma pessoa da platéia? Uma pessoa para sofrer no seu lugar?”


A esta altura do diálogo uma pessoa da platéia se levanta e diz: “Senhor vampiro, pegue-me, adoro você!”. Percebe-se que esta cena é uma sátira que a autora atribui a todos os níveis de arte e/ou entretenimento que coloca o Se humano em contato direto com a morte, entretanto supostamente livre/ salvo dela. Representando assim, o fascínio pela finitude ou seja: experienciando a morte sem entretanto participar dela.

Apesar de fazerem arte, os vampiros do teatro são decadentes e desprovidos de sentido exatamente por que “a sonata é bela por que tem vida curta, não dura vinte minutos. Se a sonata fosse uma música sem fim é certo que seu lugar seria entre os instrumentos de tortura do diabo, no inferno”. Parece haver uma relação muito íntima entre a arte ininterrupta no teatro com as “vidas” insipientes dos imortais. Este “outro lado da moeda” ou da imortalidade vai se mostrando cada vez mais forte no decorrer dos minutos do filme.

A melancolia da Eternidade:

Armand,o mais antigo vampiro que aparece até então no livro, apresenta ao espectador a contradição existente na ausência da morte:
“Sabe que poucos vampiros têm a energia da imortalidade? Morrem por sua própria vontade. O mundo muda e nós não. Aí mora ironia que finalmente nos mata”

Reside neste fato, o motivo dos seres da noite terem que constantemente estar condenando outros à á imortalidade: para atualizarem-se. Neste momento Armand mostra para Louis a importância de novos vampiros:
“os vampiros do teatro são decadentes e inúteis, não refletem nada, mas você reflete a decepção... os espírito de sua época... sua descrença na graça é a descrença de um século”
Uma dessas descrenças é em relação à possibilidade de uma vida transcendente, a modernidade desencanta o mundo não só dos mortais como dos imortais. A autora deixa ainda transparecer a sua incerteza de uma realidade post-mortem, que reflete na própria incerteza dos personagens:
“Louis: Então não há nada?
Armand: Talvez, mas talvez isso seja o único mal que nos resta
Louis: Então Deus não existe?
Armand: Eu não sei nada sobre Deus, ou sobre o diabo. Nunca tive uma visão ou soube um segredo que condenasse ou salvasse minha alma”
Quando se refere aos vampiros do teatro ele traduz ainda uma “verdade” da ditadura da eternidade (ou da busca enlouquecida por ela): “Eles se esqueceram a primeira lição: que devem ser poderosos, belos e sem arrependimento” Se a cena é ambientada no século XVIII, ainda assim não se pode esquecer que o livro foi escrito na contemporaneidade e que a ssertiva supra citada mais parece um slogan de comercial teen.

Imortalidade: Tormento para imortais, fascínio para mortais
Outra característica da contemporaneidade que parece influenciar a personalidade dos vampiros de Rice é o corportivismo supra-Estado existente, pois: “Só existe um crime entre os vampiros: matar outro vampiro”. Em tempos de crime organizado, Skin Heads, Estado paralelo dentre outros esta não parece uma realidade tão distante.
No enredo, Cláudia é condenada à sua segunda morte, sendo exposta ao sol, por que supostamente teria matado Lestat. Louis, apaixonado pela vampirinha termina seu relato ao Jornalista Daniel dizendo:
Louis: Continuo andando noite após noite, mas toda a minha paixão foi com o dourado de seus cabelos . Sou um espírito em um corpo sobrenatural, desapaixonado, imortal, vazio.
Mesmo diante de toda a malograda biografia(?) de Louis , o jornalista questiona:
Daniel: Vazio, acabou? Você não entendeu, você não é vazio, o que as pessoas não dariam para ser como você, o que eu não daria para ser como você. Ter o seu poder, ser capaz de ver tudo o que você vê!
Aqui, Daniel representa o drama humano e seu desejo pela busca da imortalidade a qualquer custo, mesmo que este seja o preço do desencantamento, do escuro e da solidão. Louis conclui dizendo: “Oh Deus, falhei de novo!”